Delegado diz que Demóstenes revelava segredos a Cachoeira
09/05/2012 - 18h14 – FOLHA.COM
- Poder
ANDREZA
MATAIS
RUBENS VALENTE
DE BRASÍLIA
RUBENS VALENTE
DE BRASÍLIA
Em
depoimento secreto à CPI do Cachoeira, o delegado Raul Alexandre Souza reforçou
para os parlamentares que as relações do senador Demóstenes Torres (sem
partido-GO) com Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, envolviam a troca
de favores e o vazamento de informações sigilosas.
A
Folha teve acesso ao aúdio do depoimento do delegado prestado ontem à
CPI em sessão secreta. "Quanto a senador Demóstenes os contatos com
Cachoeira eram bastante frequentes. Nestes contatos são detalhados assuntos que
deveriam receber do senador tratamento mais sigiloso...ao contrário, o senador
repassa informações reservadas a Cachoeira de seus encontros com Executivo,
Legislativo e Judiciário", afirmou o delegado.
O
delegado detalhou ainda o envolvimento dos deputados Carlos Alberto Leréia
(PSDB-GO) e Sandes Junior (PP-GO) com Cachoeira. Os dois podem responder a
processo na Câmara por quebra de decoro. Demostenes também é investigado pelo
Conselho de Ética do Senado e pode perder o mandato.
Conforme
o delegado relatou à CPI, a Polícia Federal encaminhou à procuradoria-geral da
República em 15 de setembro de 2009 os autos da Operação Vegas por determinação
da Justiça, uma vez que esbarrou nos parlamentares que detém foro por
prerrogativa de função. Pela Constituição, deputados e senadores só podem ser
investigados com autorização do STF (Supremo Tribunal Federal).
O
relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-RS), então perguntou: "Em algum
momento a procuradoria-geral da República determinou diligência em relação a
essa investigação?"
O
delegado respondeu: "A partir da entrega em 2009 à procuradoria-geral da
República não foi determinada nenhuma diligencia investigativa relacionada a
qualquer fato relacionada a operação. Os autos da PF permaneceram paralisados.
Não houve nenhuma outra investigação."
O
procurador-geral, Roberto Gurgel, tem afirmado que num primeiro momento não viu
indícios contra os parlamentares e que optou por paralisar as investigações
porque aguardava o desfecho de outra operação da PF, a Monte Carlo, deflagrada
apenas meses depois.
Comentários
Postar um comentário