terça-feira, 31 de dezembro de 2013

CORRIDA DE SÃO SILVESTRE 2013

Queniano Edwin Kipsang conquista bicampeonato na Corrida de São Silvestre

31/12/2013 - 12h04 - 
Camila Maciel
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – Os atletas do Quênia voltaram a vencer a tradicional Corrida Internacional de São Silvestre. No masculino, o queniano Edwin Kipsang conquistou o bicampeonato este ano com o tempo de 43 minutos e 47 segundos. O corredor brasileiro Giovani dos Santos conquistou a quarta colocação. Entre as mulheres, a vitória foi de Nancy Kipron, com a marca de 51 minutos e 58 segundos. Sueli Pereira Silva, sexta colocada, ficou com a melhor posição entre as brasileiras.
Kipsang avalia que o fato de estar mais familiarizado com o percurso fez com que conseguisse melhorar ainda mais o seu tempo na prova. “No ano passado, entrei meio às cegas e foi mais difícil. Agora foi mais tranquilo”, declarou. Em 2012, ele havia conseguido a marca de 44 minutos e quatro segundos. O queniano disse ainda que o treino conjunto e a prova em parceria ajudam a explicar a hegemonia do país na corrida de São Silvestre. “A gente vai correndo, conversando e controlando o ritmo. Sabemos realmente qual estratégia vamos seguir a partir daí”, completou.
O brasileiro Giovani dos Santos comemorou a colocação conquistada, com o tempo de 44 minutos e 49 segundos. “Consegui estar junto [dos quenianos] quase o tempo todo. Não consegui vencer ainda o Kipsang, mas uma hora a gente vai chegar.” Ele avalia que, no km 11 e no km 12 da prova, os atletas do Quênia começaram a forçar mais a corrida, porque perceberam a sua aproximação. “Se estivesse com eles na subida da [Avenida] Brigadeiro [Luiz Antônio], estaria melhor”, apontou. Giovani relatou ter sentido dores na panturrilha direita, o que prejudicou o seu desempenho.
O pódio masculino foi completado por mais dois quenianos. Mark Korir, que conquistou a terceira colocação no ano passado, avançou uma posição e ficou em segundo neste ano. Ele fez o tempo de 44 minutos e oito segundos. O progresso de Stanley Koech foi ainda maior. Ele saltou da décima primeira posição em 2012 para a terceira colocação, com uma marca de 44 minutos e 29 segundos. O quinto lugar na premiação ficou com o marroquino Abderrahime Elasri.
No feminino, a segunda colocação ficou com a atleta etíope Netsanet Gudeta Kebede, que fez o tempo de 52 minutos e oito segundos. A terceira posição foi conquistada pela tanzaniana Jacklie Juma Sakilu. Também do Quênia, a atleta Sara Ramadhani Makera, quarta colocada, passou mal logo após finalizar a prova. Depois de ser atendida pelo serviço médico, recuperou-se a tempo de participar do pódio. A queniana Delvine Relin Meringor completou o time de premiadas com a quinta posição.
A brasileira Sueli Pereira da Silva, sétima no ano passado, ficou satisfeita com o avanço para a sexta colocação neste ano. “Corri bem melhor, mas não deu pra correr como planejei, de igual para igual com as quenianas”, avaliou. Ela acredita que o treinamento das atletas brasileiras deve se intensificar para que o nível se iguale ao das africanas. “Temos que competir menos e treinar mais, assim como elas. No segundo, terceiro quilômetros [da prova] já tinha poucas brasileiras”, lamentou.

domingo, 29 de dezembro de 2013

Schumacher sofre traumatismo craniano grave e fica em coma após acidente de esqui

29/12/2013 - 19h56 - FOLHA 

Schumacher sofre traumatismo craniano grave e fica em coma após acidente de esqui

O ex-piloto alemão Michael Schumacher, 44, maior campeão da história da F-1, com sete títulos, sofreu traumatismo craniano e ficou em coma após acidente de esqui nos Alpes franceses.
Ele foi submetido a uma cirurgia no hospital universitário de Grenoble, cidade próxima à divisa da França com a Suíça e a Itália, e seu estado é considerado "crítico" segundo boletim médico da noite deste domingo.
Schumacher "sofreu um traumatismo craniano grave com coma e foi submetido imediatamente a uma intervenção neurocirúrgica", explicou o hospital, em nota.
O comunicado é assinado pelo professor Chabardes, neurocirurgião, o professor Payen, chefe do setor de anestesia e reanimação, e por Marc Penaud, vice-diretor-geral do hospital.
Em um primeiro momento, Schumacher foi transferido de helicóptero ao hospital de Moûtiers, na região dos Alpes, mas posteriormente foi levado ao centro médico de Grenoble.
"O acidente ocorreu às 11h00 (08h00 de Brasília) em um setor não sinalizado", explicou o serviço de imprensa da estação alpina de Meribel.
Segundo o diretor da estação de Meribel, Christophe Gernigon-Lecomte, Schumacher utilizava um capacete no momento do acidente, mas sua cabeça se chocou contra uma pedra.
Quando as equipes de salvamento chegaram, Schumacher "estava consciente, mas um pouco alterado", declarou Gernigon-Lecomte.
O ex-piloto foi retirado de helicóptero "menos de dez minutos" após o acidente, afirmou Gernigon-Lecomte.
A agente de Schumacher, Sabine Kahm, confirmou que "Michael caiu de cabeça durante um passeio de esqui de ordem privada nos Alpes franceses". Ele "utilizava capacete e não estava sozinho" no momento do acidente, explicou a agente.
Schumacher, que completará 45 anos no dia 3 de janeiro, é o piloto com mais títulos mundiais na história da Fórmula 1 –sete entre 1994 e 2004– e venceu 91 grandes prêmios em sua carreira.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Aumento do Pedágio da Rodovia Fernão Dias - De R$ 1,40 - Para R$ 1,50 - Porque as Federais são muito mais baratas que as Concessões do Governador Geraldo Alckmin.

18/12/2013 - 18h41 - FOLHA -COTIDIANO

Três rodovias federais reajustam valor de pedágio nesta semana

Os pedágios de três rodovias federais terão reajuste nesta semana. As mudanças ocorrem na BR-116 (no trecho entre Paraná e Santa Catarina), na BR-153 (no interior de SP) e na BR-381 (entre Belo Horizonte e São Paulo).
Na BR-153, os novos valores passaram a valer à 0h desta quarta-feira. Ao todo, foram quatro praças com os preços para automóvel, caminhonete e furgão alterados de R$ 3,30 para 3,50.
Nas outras duas estradas, a mudança ocorre à 0h de quinta-feira (19). Para quem usa a Fernão Dias (BR-381), o valor para automóvel, caminhonete e furgão passará de R$ 1,40 para 1,50, nas oito praças de pedágio. Já na BR-116, haverá reajuste de R$ 3,60 para R$ 3,80 em cinco praças de pedágio.
Os reajustes foram aprovados pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) e têm como base fatores como recomposição monetária e novos investimentos e custos operacionais.
Fernão Dias
Categoria de VeículoTipo de VeículoNúmero de EixosValores a serem Praticados
1Automóvel, caminhonete e furgão2R$ 1,50
2Caminhão leve, ônibus, caminhão-trator e furgão2R$ 3,00
3Automóvel e caminhonete com semi-reboque3R$ 2,25
4Caminhão, caminhão-trator, caminhão-trator com semi-reboque e ônibus3R$ 4,50
5Automóvel e caminhonete com reboque4R$ 3,00
6Caminhão com reboque e caminhão-trator com semi-reboque4R$ 6,00
7Caminhão com reboque e caminhão-trator com semi-reboque5R$ 7,50
8Caminhão com reboque e caminhão-trator com semi-reboque6R$ 9,00
9Motocicletas, motonetas e bicicletas motorizadas2R$ 0,75
BR-116 (PR-SC)
Categoria de VeículoTipo de VeículoNúmero de EixosValores a serem Praticados
1Automóvel, caminhonete e furgão2R$ 3,80
2Caminhão leve, ônibus, caminhão-trator e furgão2R$ 7,60
3Automóvel e caminhonete com semi-reboque3R$ 5,70
4Caminhão, caminhão-trator, caminhão-trator com semi-reboque e ônibus3R$ 11,40
5Caminhão com reboque e caminhão-trator com semi-reboque4R$ 15,20
6Automóvel com reboque e caminhonete com reboque4R$ 7,60
7Caminhão com reboque e caminhão-trator com semi-reboque5R$ 19,00
8Caminhão com reboque e caminhão-trator com semi-reboque6R$ 22,80
9Motocicletas, motonetas e bicicletas motorizadas2R$ 1,90
BR-153
Categoria de VeículoTipo de VeículoNúmero de EixosValores a serem Praticados
1Automóvel, caminhonete e furgão2R$ 3,50
2Caminhão leve, ônibus, caminhão-trator e furgão2R$ 7,00
3Automóvel e caminhonete com semi-reboque3R$ 5,25
4Caminhão, caminhão-trator, caminhão-trator com semi-reboque e ônibus3R$ 10,50
5Automóvel e caminhonete com reboque4R$ 7,00
6Caminhão com reboque e caminhão-trator com semi-reboque4R$ 14,00
7Caminhão com reboque e caminhão-trator com semi-reboque5R$ 17,50
8Caminhão com reboque e caminhão-trator com semi-reboque6R$ 21,00
9Motocicletas, motonetas e bicicletas motorizadas2R$ 1,75

domingo, 15 de dezembro de 2013

A roupa nova do rei

A roupa nova do rei
Hans Christian Andersen


Era uma vez um Rei que apreciava de tal maneira roupas novas que despendia com elas grandes fortunas. Ele não se importava com as bibliotecas, com as escolas, ou com os museus, a não ser para exibir as suas roupas. Para cada hora do dia vestia uma diferente. Em vez de o povo dizer:Ele está em seu gabinete de trabalho, dizia: Ele está em frente ao espelho no seu quarto de vestir. Mesmo assim a vida cultural era muito movimentada naquele reino que postulava ser de primeiro mundo.
Um dia foram contratados, pela Fundação Cultural do Reino, vários curadores e artistas, e entre eles dois que se apresentavam como estilistas-tecelões e que se gabavam de costurar os mais belos trajes com os mais belos tecidos do mundo. Segundo eles, não só os padrões, as tramas e as cores dos modelos eram belíssimos, mas os tecidos fabricados por eles tinham a infalível virtude de ficarem completamente invisíveis para as pessoas dissimuladas, ou as incompetentes, ou as destituídas de inteligência.
— "Essas roupas com esses tecidos serão maravilhosas." — pensou o Rei — "Usando-as poderei descobrir quais pessoas são falsas, ou que não estão em condições de ocupar cargos, e então poderei substituí-las por outras... Mandarei que fabriquem muitas peças desse tecido para mim..."
Fez um adiantamento em moedas de ouro para que começassem a trabalhar imediatamente. Os estilistas então encomendaram uma grande quantidade de bobinas e carretéis dos mais caros fios de seda e fios de ouro (que escamotearam sorrateiramente e guardaram em seus baús enquanto simulavam trabalhar nos teares vazios) e começaram a tecer, mas nada havia na urdidura ou nas lançadeiras.
Depois de alguns dias, o Rei estava ansioso e andava de um lado para o outro enquanto procurava se distrair com algum casaco ou chapéu do qual ainda não estivesse muito enjoado, ou que ainda estivesse na moda.
— Eu quero saber como vai indo o trabalho dos tecelões. — dizia o Rei, mas andava vagamente pensativo e preocupado... Ele não tinha propriamente dúvidas sobre a sua honestidade e inteligência, mas achou melhor mandar outra pessoa ver o andamento do trabalho.
Todos na cidade também já tinham ouvido falar no poder maravilhoso do tecido, e cada um estava mais ansioso para saber quem era o mais falacioso e burro entre os seus vizinhos.
— "Mandarei o Primeiro Ministro observar o trabalho dos estilistas-tecelões; ele verá o tecido, pois é inteligente e desempenha as suas funções com perfeição." — cavilou o Rei.
Mandou chamar o Primeiro Ministro e ordenou que fosse ao salão (onde os dois charlatães simulavam trabalhar nos teares vazios) saber do tecido.
— "Deus me acuda!" — pensou o Primeiro Ministro, arregalando os olhos quando lhe mostraram o tear. — "Não consigo ver nada!" — no entanto teve o cuidado de não dizer isso em voz alta.
Os tecelões o convidaram a aproximar-se para verificar como o padrão da trama estava ficando bonito e apontavam para os teares. O pobre homem apertava a vista o mais que podia, tirava e punha os óculos, mas não conseguiu ver coisa alguma.
— "Céus!" — pensou ele — "Será possível que eu seja tão fingido e incompetente? Bem, ninguém deverá saber disto e não contarei a ninguém que não vi o tecido."
— Vossa Excelência nada disse sobre o tecido... — queixou-se um dos estilistas.
— Ah, sim. É muito bonito. É encantador! — respondeu o Primeiro Ministro, limpando os óculos com um lenço de cambraia de linho —O padrão é lindo e as cores são de muito bom gosto. Direi ao Rei que me agradou muito.
— Estamos encantados com a vossa opinião, Senhor Primeiro Ministro. — responderam os dois ao mesmo tempo, e iam descrevendo as cores e a trama especial daquele pano tão caro. O Primeiro Ministro prestou muita atenção a tudo o que diziam para poder depois repetir diante do Rei.
Os estilistas pediram mais dinheiro, mais seda e mais ouro para prosseguir com o trabalho e, como das outras vezes, puseram tudo em seus baús e continuaram fingindo que teciam.
Poucos dias depois o Rei enviou o Ministro da Cultura e das Artes para olhar o trabalho e saber quando ficaria pronto. Aconteceu-lhe como ao Primeiro Ministro: Olhou, olhou, tornou a olhar, mas só via os teares vazios.
— Não é lindo o tecido? — indagavam os tecelões, e davam-lhe as mais variadas explicações sobre a trama, o padrão, os brilhos, as cores.
— "Eu penso que não sou muito desonesto..." — refletiu o Ministro da Cultura e das Artes — "e nem estúpido... Se fosse assim, não teria chegado à altura do cargo que ocupo... Que coisa estranha!..."
Pôs-se então a elogiar as cores e o desenho, e mais tarde, não só como Ministro mas como Curador de exposições de artistas e fotógrafos, comunicou ao Rei:
— É um trabalho sublime... em seus aspectos de inconcretude material... hã... uma obra-prima em sua fundamentalidade semântica... e visualidade sígnica... hã... o imagético e o invisível se fundem num todo de... hã... expectativas estético-formais... neste simulacro crítico... se percebe a função... hã... as funções, semióticas... da transcendente imaterialidade da arte...
E já completamente tomado:
— Assim, neste procedimento referencial do não-objeto... hã... em sua virtual vacuidade... o deslocamento do olhar... em sua intensa... hã... re-significação... a obscurecer ao limite extremo... toda e qualquer possibilidade de reflexão perceptiva... hã... insere-se nesta vertiginosa... pós-modernidade... hã... Mas, por outro lado... o discurso estético... das poéticas da segunda metade do século XX ... hã...
O Rei teve de o interromper:
— Está bem, já compreendi.
A cidade inteira só falava nesse deslumbrante tecido, de modo que o Rei resolveu vê-lo enquanto estava nos teares. Acompanhado por um grupo de cortesãos e cortesãs, entre os quais os Ministros que já tinham ido ver o prodigioso pano, e curadores e artistas convidados, lá foi ele visitar os ardilosos tecelões. Eles estavam trabalhando mais do que nunca nos teares vazios.
— Veja, Vossa Alteza Real, que delicadeza de desenho! Que combinação de cores! — balbuciavam os altos funcionários do Rei enquanto apontavam para os teares vazios e os curadores desenvolviam os seus discursos. — Ofuscante... Estonteante... — suspiravam as cortesãs.
O Rei, que nada via, preocupado pensou: — "Serei eu o único cretino e não estarei em condições de ser o Rei? Nada pior do que isto poderia me acontecer!" — então, em alto e bom tom, declarou:
— Muito bom! Realmente merece a minha aprovação!
Por nada deste mundo ia confessar que não tinha visto coisa alguma. Todos aqueles que o acompanhavam também não conseguiam ver o tecido, mas exclamavam em prolongados murmúrios:
— Oh! Deslumbrante... Magnífico... — e aconselharam ao Rei que usasse a roupa nova por ocasião da parada anual que ia se realizar daí a alguns dias. O Rei até concedeu a cada tecelão-estilista a famosa Comenda das Artes e o nobre título de Cavaleiro Estilista-Tecelão.
Na noite que precedeu o desfile, os charlatães tecelões fizeram serão. Iam acendendo todas as lâmpadas do atelier para que todos pensassem que estavam trabalhando à noite para aprontar os trajes do Rei. Fingiam tirar o tecido dos teares, cortavam a roupa no ar com um par de tesouras muito grandes e coseram-na com agulhas sem linha. Na manhã do dia seguinte disseram:
— Agora, a roupa do Rei está pronta.
Sua Majestade, acompanhado dos cortesãos, veio provar a roupa nova. Os estilistas embusteiros fingiam segurar alguma coisa e diziam:
— Aqui estão as calças, aqui está o casaco e aqui o manto. Estão leves como teias de aranhas; até parece que não há nada cobrindo o Rei, mas aí é que está a rara e fina qualidade deste modelo e deste tecido.
— Sim! — concordaram todos, embora nada estivessem vendo.
— Poderia Vossa Majestade despir-se? — pediram os impostores. — Assim poderemos vestir-lhe a roupa nova.
O Rei despiu-se e eles fingiram vestir-lhe peça por peça. Sua Alteza Real virava-se para lá e para cá, olhando-se ao espelho (vendo sempre a redonda imagem de seu corpo nu).
 Oh! Como lhe assentou bem o novo traje, Alteza! Que lindas cores! Que bonito padrão! — diziam todos com medo de caírem no ridículo e perderem os altos cargos se descobrissem que não viam nada. Entretanto o Mestre de Cerimônias anunciou:
— A carruagem está esperando para conduzir Vossa Majestade.
— Estou quase pronto. — respondeu o Rei.
Mais uma vez virou-se solenemente em frente ao espelho, com o rosto erguido sobre o ombro, numa atitude de quem está mesmo apreciando alguma coisa.
Os pagens que iam segurar a cauda do manto, inclinaram-se como se fossem levantá-la e foram caminhando com as mãos à frente, sem dar a perceber que não estavam vendo roupa alguma. Durante o desfile o Rei ia caminhando cheio de pompa à frente da carruagem. O povo nas calçadas e nas janelas, também não querendo passar por tolo, ou mentiroso, exclamava:
— Que caimento tem a roupa do Rei! Que manto majestoso! E que brilhante tecido!
Nenhuma roupa do Rei jamais recebera tantos elogios! Entretanto um menino que estava entre a multidão, achou aquilo tudo muito estranho e disse:
— Coitado do Rei... Está nu!
Os homens e as mulheres do povo, conhecendo que o menino não era nem falso e nem tolo, começaram a murmurar... e logo a seguir, como numa onda, em altos brados repetiam:
— O Rei está nu! O Rei está nu!
O Rei, ao ouvir aquelas vozes do povo, ficou furioso por estar tão ridículo! O desfile entretanto devia prosseguir, de modo que se manteve imperturbável e os pagens continuavam a segurar-lhe a cauda invisível.
Depois que tudo terminou ele voltou ao Castelo Real de onde nunca mais pretendia sair. Mas, como sempre acontece, uma semana depois o povo já havia esquecido o escândalo, e os funcionários do reino seguiam como se nada houvesse acontecido: Os cargos continuavam a ser distribuidos entre as mesmas duas ou três famílias e seus agregados; os impostos sonegados; o desvio de verbas continuava em alta, enfim, tudo voltou ao normal.
Quanto aos dois estilistas-tecelões, desapareceram misteriosamente levando o dinheiro, os fios de seda e o ouro. Meses depois um viajante contou que eles haviam pregado o mesmo golpe em outro pequeno reino, onde os cidadãos também andavam de nariz empinado, cheios de soberba e afeitos às pequenas e às grandes hipocrisias.
Há muito tempo, a atividade de pessoas como a desses e de outros tecelões, vem se espalhando mundo afora, como coisa natural da sensibilidade e do intelecto de uns estilistas de academias e villas kyriais; Somerset Maugham escreveu sobre essas pessoas e seus fantásticos dons que podemos ler em O impulso criativo. Aqui entre nós, recomendo a uma certa escultora e professora de grego, o nosso Lima Barreto que nos deixouO homem que sabia javanês. Outros autores tem escrito sobre a trama dessas urdiduras, e sobre a plástica ética dessas pessoas tão comuns e, principalmente, daquelas que ainda se pretendem tão importantes e sábias... Caberia agora ao leitor fazer uma lista de outros textos que, de algum modo, vêm desnudando essas inacreditáveis senhoras e esses incríveis senhores.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Deputado usava verba pública para abastecer helicóptero apreendido com cocaína

28/11/2013 - 14h53 – FOLHA – PODER
PAULO PEIXOTO - DE BELO HORIZONTE

deputado Gustavo Perrella (SDD) usou parte da verba indenizatória a que os deputados estaduais têm direito mensalmente na Assembleia Legislativa de Minas Gerais para abastecer o helicóptero da sua empresa, apreendido no domingo passado (24) com 443 kg de cocaína.
Nas prestações de contas apresentadas pelo deputado ao Legislativo Estadual, foram gastos neste ano ao menos R$ 11.253,44 com combustíveis para aeronaves. O mais recente registro de compra do combustível é 1º de outubro.
A prestação de contas do mês de novembro ainda não está disponível. Após o encerramento do mês, o deputado tem até três meses para apresentar as notas fiscais cujos valores são reembolsáveis, segundo informou a Assembleia, por meio da sua assessoria.
Até R$ 5.000 dos R$ 20 mil da verba mensal indenizatória podem ser usados com combustível, sem distinção de transporte, seja carro, seja avião. Segundo a Assembleia, além desse limite de 25% da verba, o combustível tem de ser usado na atividade parlamentar. Na prática, contudo, o deputado não tem de comprovar o motivo de uma determinada nota fiscal ter sido apresentada para reembolso.
Divulgação/Polícia Federal no Espírito Santo
Polícia Federal apreende helicóptero com drogas de empresa do deputado estadual Gustavo Perrella (SDD-MG)
Polícia Federal apreende helicóptero com drogas de empresa do deputado estadual Gustavo Perrella (SDD-MG)
O advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que trabalha para Gustavo Perrella e para o pai dele, o senador Zezé Perrella (PDT-MG), disse que o uso da aeronave da Limeira Agropecuária pelo deputado ocorre "uma, duas vezes por mês".
Ele disse ainda que "em 90% das vezes em que o helicóptero era usado para atividade profissional". Segundo Kakay, "não há irregularidade" no uso da verba indenizatória para a compra de combustível para a aeronave. Segundo o deputado, a última vez que a verba foi usada foi em 1º de outubro.
Gustavo Perrella foi intimado pela Polícia Federal para prestar esclarecimentos sobre o uso do helicóptero pelo piloto Rogério Almeida Antunes, que trabalhava para o deputado e foi ainda nomeado por ele para cargo na Assembleia Legislativa, recebendo por mês R$ 1.700.
O piloto, que está preso na PF do Espírito Santo, foi demitido do Legislativo, mas ninguém ainda explicou o que ele fazia lá e nem se ele se apresentava regularmente para o trabalho. A Assembleia diz que a explicação deve ser do deputado, que joga a questão para a secretaria da Mesa, que a devolve para o gabinete de Perrella.
Segundo o delegado da PF Leonardo Damasceno, até agora não há prova de envolvimento da família Perrella ou da empresa dele com o tráfico de cocaína. Kakay disse que seu cliente autorizou que o piloto fizesse frete particular para ajudar nas despesas da aeronave, o que seria uma coisa comum, mas nunca soube que seria usado para tráfico.

O piloto também nega que soubesse que transportaria cocaína. Ele atribuiu a responsabilidade da carga ao copiloto. Além do deputado, de uma irmã e do primo dele, todos sócios na Agropecuária, foram intimados pela PF a prestar esclarecimentos. Kakay não disse quando isso vai ocorrer.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Acusado de estupro é solto após quase 3 anos preso; documentos da ação sumiram

26/11/2013 - 03h00 – FOLHA - COTIDIANO
LAURA CAPRIGLIONE DE SÃO PAULO 
O técnico em refrigeração Maurício (o nome é fictício), 49, passou dois anos, oito meses e 11 dias preso no Centro de Detenção Provisória 2 de Pinheiros, zona oeste de São Paulo. A acusação contra ele é grave: estupro contra uma enteada --tipificado como crime hediondo, passível de 8 a 12 anos de reclusão.

Na semana passada, a Justiça de São Paulo soltou Maurício. Mas não porque se tenha provado sua inocência. Tampouco porque ele tenha cumprido pena.
A libertação ocorreu por uma incrível trapalhada daqueles que deveriam aplicar a lei para proteger a sociedade.
Nas palavras da coordenadora do arquivo do Fórum Criminal da Barra Funda, "após várias buscas nas dependências do cartório, não se logrou êxito em encontrar" o processo contra Maurício. Sumiu, evaporou, desapareceu.
Como ninguém pode ficar preso sem processo, o jeito foi soltar o homem.

DESESPERADOS

O acusado jura inocência. A Folha encontrou-o no dia seguinte ao da libertação, na igreja de São Judas Tadeu, vizinha à casa do irmão, zona sul de São Paulo. São Judas, diga-se, é o patrono causas perdidas e desesperadas. "Esqueceram de mim naquele inferno", disse, chorando.
Ele pediu que sua identidade fosse mantida em segredo.
Segundo o juiz Rodrigo Capez, assessor da presidência do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), "admite-se a prisão provisória (antes da sentença) por um prazo máximo de seis meses. Quando as testemunhas ou vítimas precisem ser ouvidas em outros Estados, admite-se prazo de um ano."
A prisão provisória de Maurício foi de três a seis vezes mais extensa. A desembargadora que determinou a libertação, Rachid Vaz de Almeida, admitiu o "excesso de prazo na formação de culpa".
"Eu pedia todo dia para Deus me matar. Até uma cova seria melhor do que aquilo", lembrou Maurício.
"A comida vinha azeda, nem cachorro come; apertavam-se 34 pessoas em uma cela para oito pessoas; dormi no chão todos os dias; o banho podia durar o máximo de um minuto; vivi sem meu nome; eu era um número (da matrícula)". E havia a opressão dos demais presos -o estuprador é considerado "verme" na cadeia.
Fabio Braga/Folhapress
Maurício (nome fictício) deixa Centro de Detenção Provisória em São Paulo; o processo dele sumiu de fórum
Maurício (nome fictício) deixa Centro de Detenção Provisória em São Paulo; o processo dele sumiu de fórum

SEM PROGRESSÃO

A peculiaridade dos Centros de Detenção Provisória (que os internos chamam de Centro de Depósito de Presos) é que neles vivem homens ainda sem condenação. O que deveria ser uma vantagem, na prática, transforma-se em prejuízo.
Os detentos provisórios não podem trabalhar para descontar dias de prisão, não têm direito a progressão de pena (quando se consegue o direito a, por exemplo, um regime semiaberto).
Ninguém sabe explicar como o processo desapareceu. No dia 6 de março do ano passado, aparece nos registros, que a pasta com o caso de Maurício foi enviada ao Ministério Público. Foi a última vez que se ouviu falar dela.
O acusado pedia informações do andamento do processo. O advogado contratado pela família dizia que o caso já tinha "subido": estaria aguardando decisão no STF (Supremo Tribunal Federal).
Mas era mentira. No site do Tribunal de Justiça de São Paulo, o caso estava parado.
Ao todo, São Paulo tem 20 milhões de processos físicos (isto é, não digitalizados). Segundo Capez, a pasta com capa de cartolina que continha o processo de Maurício pode ter sido colocada por engano em uma caixa de arquivo.
BURACO NEGRO
Neste caso, seria como se os laudos do Instituto de Criminalística e do Instituto Médico Legal, além da transcrição dos depoimentos das testemunhas e os documentos juntados ao processo, fosse, tudo junto, sugado por um buraco negro. Impossível achar.
O advogado de Maurício teria de exigir o andamento do processo. Ou a família. Ou o juiz corregedor do presídio. Mas, segundo Capez, "houve um blecaute de providências".
No meio do "blecaute", Maurício estaria no CDP até agora, se não tivesse topado com a advogada Priscila Pamela dos Santos, voluntária do Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD).
Ela ministrava aulas de educação para a cidadania a uma turma de 24 presos, Maurício entre eles.
Priscila descobriu o desaparecimento do processo e pediu a libertação, que foi afinal concedida no dia 19.
O processo, agora, terá de ser "restaurado". Remontado para que possa, enfim, resultar em uma sentença.
Segundo Capez, essa restauração demorará pelo menos um mês para ser feita. Pode ser mais.
Maurício tenta retomar a vida normal. O irmão, corretor de seguros, dispõe-se a ajudá-lo na volta à sociedade, inclusive empregando-o.
O advogado que cuidava do processo de Maurício foi destituído. Ele não foi encontrado pela reportagem.
À advogada que conseguiu a libertação:
a Folha perguntou: "E se ele for mesmo um estuprador, agora à solta?"
Resposta: "E se ele for um inocente que foi submetido a uma prisão absurda, sem sentença condenatória?"



quinta-feira, 14 de novembro de 2013

'Me senti traído', diz secretário Mauro Ricardo sobre máfia do ISS - Secretario na Gestão Serra e Kassab

14/11/2013 - 03h30 - FOLHA - COTIDIANO

JOÃO PEDRO PITOMBO - DE SALVADOR
Secretário de Finanças nas gestões de José Serra (PSDB), que o defendeu publicamente na semana passada, e de Gilberto Kassab (PSD), Mauro Ricardo disse ontem à Folha que se sente "traído" pelos auditores. "Foi uma grande decepção", disse o atual secretário de Fazenda de Salvador.
Folha - O escândalo envolve alguns de seus principais auxiliares na secretaria de São Paulo. Como vê as denúncias?
Mauro Ricardo - Foi uma grande decepção. Me senti traído. Não imaginava que o Ronilson [Bezerra, apontado como o chefe do esquema] pudesse estar envolvido com qualquer irregularidade. Era uma pessoa em quem confiava. Um servidor capacitado.
Aliás, pelo que dizem, o esquema vem desde 2002, época em que o hoje prefeito Fernando Haddad era o secretário substituto de Finanças. Essas pessoas não entraram na administração pública agora. As coisas não começaram na minha gestão.
Em grampos, Ronilson afirma que o prefeito e o secretário sabiam do esquema...
Não citou meu nome. Disse que o secretário tinha conhecimento. Mas qual secretário? Em todas as escutas reveladas, as citações a meu nome são de maneira clara e não mostram nenhum envolvimento.
Como o sr. vê a convocação para prestar esclarecimentos à Controladoria da prefeitura?
Não recebi convite. Mas, se estiver em São Paulo, terei o maior prazer em prestar esclarecimento. A prefeitura pode mandar alguém a Salvador me ouvir. Mas não vejo necessidade. O Ministério Público não encontrou nenhum indício envolvendo meu nome.
Há questionamentos sobre uma investigação arquivada pelo sr. em dezembro de 2012.
É outro equívoco. Você já viu a denúncia? Era uma folha de papel, com os nomes dos supostos envolvidos, mas que não apresentava nenhuma prova ou caso concreto de corrupção. Além disso, era uma denúncia anônima.
Na época, ouvimos os denunciados, e eles apresentaram suas justificativas. Então, encaminhei a denúncia à Corregedoria [órgão anterior à Controladoria], dizendo que, naquele momento, não havia indício de corrupção.
Tanto que o atual controlador [Mario Spinelli] também arquivou a investigação em fevereiro. E fez o certo, porque não havia prova. Os indícios apareceram a posteriori.
Carlos Cecconello/Folhapress
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