sábado, 30 de abril de 2022

 A incrível história do garoto que inventou o sistema Braille

Louis Braille perdeu a visão aos 3 anos — e, aos 15, já havia desenvolvido um código tátil revolucionário de leitura e escrita para pessoas com deficiência visual.

Por BBC - 30/04/2022 06h01  Atualizado há 39 minutos

Louis Braille perdeu a visão aos 5 anos — e, aos 15, já havia desenvolvido um sistema tátil para leitura e escrita — Foto: BBC

Num dia de 1812, na comuna de Coupvray, perto de Paris, na França, Louis Braille estava brincando na oficina do pai, que fabricava arreios para cavalos.

Aos 3 anos, não era raro que se sentisse atraído por ferramentas de marcenaria e, imitando o que havia visto, pegou uma das mais pontiagudas para "brincar de papai".

Talvez não tenha sido a primeira vez que ele fez isso, e provavelmente haviam dito a ele para não fazer — mas, nesta idade, não se medem as consequências.

E, nesta ocasião, aconteceu um acidente que mudaria para sempre sua vida e, alguns anos mais tarde, a de muitas outras pessoas.

Enquanto tentava fazer um buraco no couro, a sovela escorregou das mãos dele e perfurou seu olho.

O olho ficou infeccionado, e a infecção não apenas evoluiu, como também passou para o outro olho.

Aos 5 anos, Louis Braille estava completamente cego.

Embora a escola local não oferecesse nenhum programa especial para pessoas com deficiência visual, seus pais tinham clareza que não deviam negar a ele a oportunidade de estudar. Eles o matricularam então e, aos 7 anos, Braille começou a ir para a escola.

Como a maior parte do ensino era feita de forma oral, ele acabou sendo um aluno apto. Mas, sem saber ler ou escrever, estava sempre em desvantagem.

Finalmente, aconteceu a melhor coisa que poderia acontecer: ele ganhou uma bolsa para estudar no Instituto Nacional para Jovens Cegos (RIJC, na sigla em francês), em Paris.

Rumo a Paris

Braille chegou à capital francesa e ao RIJC quando tinha 10 anos.

Naquela época, o sistema de leitura usado até mesmo no instituto era muito básico: os poucos livros que haviam eram impressos com letras em relevo, sistema inventado pelo fundador da escola, Valentin Haüy.

Isso significava que os alunos tinham que passar os dedos sobre cada letra lentamente, do começo ao fim, para formar palavras e, depois de muito esforço, frases.

Em 1821, Charles Barbier, capitão do exército francês, foi ao instituto compartilhar um sistema de leitura tátil desenvolvido para que os soldados pudessem ler mensagens no campo de batalha na escuridão, sem alertar o inimigo com lanternas.

Ele se deu conta de que sua "escrita noturna", como a chamava, poderia beneficiar os cegos.

Pontos e linhas, em vez de letras

Em vez de usar letras impressas em relevo, a escrita noturna utilizava pontos e traços em relevo.

Os alunos experimentaram, mas logo perderam o interesse, uma vez que o sistema não apenas não incluía letras maiúsculas ou pontuação, como as palavras eram escritas como eram pronunciadas, e não na ortografia francesa padrão.

Louis Braille, no entanto, persistiu.

Pegou o código como base e foi aperfeiçoando.

Três anos depois, quando tinha 15 anos, havia completado seu novo sistema.

As ferramentas: uma grade sobre o papel e uma sovela, para marcar os pontos necessários — Foto: BBC

As mudanças

A primeira versão de seu novo sistema de escrita foi publicada em 1829.

O que ele fez foi simplificar o sistema de Barbier, reduzindo os pontos em relevo.

A ideia era que ficassem do tamanho certo para senti-los com a ponta do dedo com um único toque.

Para criar os pontos em relevo na folha de papel, ele usou uma sovela, a mesma ferramenta pontiaguda que havia causado sua cegueira.

E, para garantir que as linhas ficassem retas e legíveis, usou uma grade plana.

Como Braille adorava música, também inventou um sistema para escrever notas.

O tempo passou...

O mundo da medicina era muito conservador e demorou a adotar a inovação de Braille.

Tanto que ele morreu 2 anos antes de finalmente começarem a ensinar seu sistema no instituto em que havia estudado.

Faleceu de tuberculose aos 43 anos.

Com o passar do tempo, o sistema começou a ser usado em todo o mundo francófono. Em 1882, já estava em uso na Europa. Em 1916, chegou à América do Norte e depois ao resto do mundo.

Um sistema adaptável

O sistema braille mudou a vida de muitas pessoas cegas ao redor do mundo.

Lê-se da esquerda para a direita como outras escritas europeias, e não é uma língua: é um sistema de escrita, o que significa que pode ser adaptado para diferentes línguas.

Foram desenvolvidos ainda códigos braille para fórmulas matemáticas e científicas.

No entanto, com o advento de novas tecnologias, incluindo leitores de tela para computador, as taxas de alfabetização neste sistema estão diminuindo.

Homenagem póstuma

Em 1952, em homenagem ao seu legado, os restos mortais de Louis Braille foram desenterrados e transferidos para o Panteão de Paris, onde estão localizados os túmulos de alguns dos mais célebres líderes intelectuais da França.

No entanto, Coupvray, sua terra natal, insistiu em ficar com as mãos dele, que estão sepultadas em uma urna simples no cemitério da igreja.

A Nasa, agência espacial americana, deu, por sua vez, o nome de "9969 Braille" a um tipo raro de asteroide, um eterno tributo a um grande ser humano.

*Este artigo é baseado no vídeo The incredible story of the boy who invented Braille ("A incrível história do menino que inventou o Braille"), da BBC Ideas. Você pode assistir aqui ao vídeo (em inglês).

 

Eclipse parcial do Sol ocorre neste sábado; apenas ponto no extremo sul do Brasil verá trecho do fenômeno

Evento não será visível na maior parte do país. Em Barra do Quaraí, no RS, cobertura do Sol não chegará a 7%.

Por g1 - 30/04/2022 05h00  Atualizado há uma hora

Eclipse parcial do Sol, em série de fotos da Nasa feitas em agosto de 2017.  Foto: NASA/Noah Moran

O primeiro eclipse solar do ano ocorre neste sábado (30). Mas ele será parcial e no Brasil somente um ponto no extremo sul do Rio Grande do Sul conseguirá observar o fenômeno, dependendo do local de observação e se as condições climáticas forem favoráveis (veja infográfico abaixo).

Isso porque o eclipse acontecerá no país perto do horário do pôr do Sol e com uma cobertura do nosso astro que não chegará aos 7%.

Olhe para o céu! Vênus e Júpiter estarão em conjunção neste final de semana

Os moradores de Barra do Quaraí, o município mais ocidental do Rio Grande do Sul, observarão o pico do fenômeno perto das 18h12 da tarde, minutos antes do Sol se pôr. Por lá, a cobertura do disco do Sol será de 6,28% (veja infográfico abaixo).

"Se houver um lugar alto na cidade com vista aberta pro oeste, vale a pena observar! Com óculos de proteção para observação do Sol, claro", ressalta Alessandra Abe Pacini, cientista do grupo de Física Espacial da Universidade do Colorado.


Um eclipse solar acontece quando a Lua se move entre o Sol e a Terra, fazendo uma sombra que bloqueia totalmente ou parcialmente a luz solar. Durante um eclipse parcial, o nosso satélite não chega a cobrir o Sol, mas é possível observar um pedacinho do astro encoberto.

Segundo a Nasa, a agência espacial norte-americana, o evento de hoje poderá ser observado principalmente no Chile, na Argentina, na maior parte do Uruguai, no oeste do Paraguai e no sudoeste da Bolívia e do Peru, mas a cobertura do disco solar variará dependendo do local (veja infográfico acima).

Alguns locais do sul do Oceano Pacífico, Antártico e uma parte pequena do Atlântico também poderão observar o fenômeno, assim como regiões da costa noroeste da Antártida, como na estação de pesquisa brasileira Comandante Ferraz.

Eclipse total da Lua

Um próximo evento do tipo acontecerá na noite do dia 15 de maio para a madrugada do dia 16, mas desta vez será um eclipse total da Lua. Isso quer dizer que o Sol, a Terra e Lua se alinharão e a Lua passará na sombra da Terra. O fenômeno poderá ser visto em todo o Brasil.

Como é o gigantesco 'túnel magnético' que envolve o sistema solar, segundo pesquisadores

Pacini explica explica que, ao longo da noite, veremos a Lua sumindo com a sombra da Terra passando na frente. Quando o evento chegar em sua totalidade, e a sombra encobrir completamente o disco lunar, a Lua ficará avermelhada, isso porque não teremos a incidência direta da luz do Sol.

"É o mesmo fenômeno que torna o pôr do Sol vermelho. É como se a luz do Sol fosse filtrada pela nossa atmosfera e sobrasse esse vermelho que espalha a luz do Sol que incide sobre a Lua", diz.

sexta-feira, 29 de abril de 2022

Secretário da ONU na Ucrânia: uma guerra no século XXI é um absurdo

“A guerra na Ucrânia terminará quando a Federação Russa decidir pôr um fim a ela e quando houver uma séria possibilidade de um acordo político": esta é uma das primeiras declarações do Secretário Geral da ONU, Antonio Guterres na capital Kiev, hoje o Secretário visita Borodianka, Irpin e Butcha. Enquanto isso, Zelensky pede a Biden mais drones e munições

Antonella Palermo – Vatican News

Continuam os bombardeios sobre Kharkiv na região de Lugansk na Ucrânia. As forças russas, que intensificaram sua ofensiva em Donbass, anunciaram que tinham realizado ataques aéreos contra 59 alvos ucranianos. O exército ucraniano reconheceu o avanço russo no leste. O Ministério da Defesa russo disse que galpões com uma grande quantidade de armas e munições estrangeiras haviam sido destruídos. O governador da região nega o fato.


De Kiev Guterres afirma: é necessário um acordo político sério

“A guerra na Ucrânia terminará quando a Federação Russa decidir acabar com ela e quando houver uma séria possibilidade de um acordo político” e “não encontros diplomáticos”. São palavras do Secretário Geral da ONU Antonio Guterres durante uma entrevista à CNN no dia em que ele se encontrou com o presidente ucraniano Zelensky em Kiev. Guterres, que viu o presidente russo Putin em Moscou na terça-feira (26) deve ainda visitar Borodianka, Irpin e Butcha nesta quinta-feira (28). Depois acrescentou: "Podemos realizar todos os encontros que quisermos, mas estes não colocarão um fim à guerra".

Putin promete uma ação "rápida e feroz”

Putin advertiu novamente contra qualquer intervenção externa no conflito na Ucrânia, prometendo uma resposta "rápida e feroz". Das autoridades da república separatista pró-russa da Transnístria, na Moldávia, chegam relatos de uma série de explosões descritas como "ataques terroristas". Isto levou Kiev a acusar Moscou de querer prolongar ainda mais a guerra na Europa. Enquanto isso, os EUA receberam "informações confiáveis" de que uma unidade militar russa executou ucranianos que queriam se render perto de Donetsk. Os EUA também receberam relatórios que documentam a tortura e a violência sexual até a extensão do "abuso sistemático". Do lado russo, o conselheiro Leonidchenko denunciou à ONU a existência de um centro de tortura ucraniano em Mariupol e disse: "A desnazificação da Ucrânia será concluída e os responsáveis pelos crimes serão punidos".

União Europeia prepara novas sanções

A União Europeia está preparando um sexto pacote de sanções contra a Rússia a ser lançado esta semana, que também incluirá o cancelamento gradual do uso do petróleo russo. A cidade de Kherson, que Moscou afirma ter tomado sob seu controle, passará a usar o rublo a partir de 1º de maio. Enquanto isso, Kiev está pedindo aos Estados Unidos mais drones e munições.

A guerra do gás

Moscou está provocando a guerra do gás. Após o cancelamento do fornecimento para a Polônia e Bulgária, o presidente da Rússia pede que as torneiras sejam fechadas para todos os que ele define como "países hostis". Na Itália, o fluxo de gás proveniente da Rússia continua regular, mas o governo está trabalhando para diversificar as fontes de abastecimento.

quinta-feira, 21 de abril de 2022

03º Domingo da Páscoa – Ano C
1 Maio 2022
3º DOMINGO DO TEMPO PASCAL

Tema do 3º Domingo do Tempo Pascal

A liturgia deste 3º Domingo do Tempo Pascal recorda-nos que a comunidade cristã tem por missão testemunhar e concretizar o projeto libertador que Jesus iniciou; e que Jesus, vivo e ressuscitado, acompanhará sempre a sua Igreja em missão, vivificando-a com a sua presença e orientando-a com a sua Palavra.
A primeira leitura apresenta-nos o testemunho que a comunidade de Jerusalém dá de Jesus ressuscitado. Embora o mundo se oponha ao projeto libertador de Jesus testemunhado pelos discípulos, o cristão deve antes obedecer a Deus do que aos homens.
A segunda leitura apresenta Jesus, o “cordeiro” imolado que venceu a morte e que trouxe aos homens a libertação definitiva; em contexto litúrgico, o autor põe a criação inteira a manifestar diante do “cordeiro” vitorioso a sua alegria e o seu louvor.
O Evangelho apresenta os discípulos em missão, continuando o projeto libertador de Jesus; mas avisa que a ação dos discípulos só será coroada de êxito se eles souberem reconhecer o Ressuscitado junto deles e se deixarem guiar pela sua Palavra.

LEITURA DO DIA

Primeria leitura
Leitura dos Atos dos Apóstolos: (At 5,27b-32.40b-41)

Naqueles dias, os guardas levaram os apóstolos e os apresentaram ao Sinédrio. O sumo sacerdote começou a interrogá-los, dizendo:
“Nós tínhamos proibido expressamente que vós ensinásseis em nome de Jesus. Apesar disso, enchestes a cidade de Jerusalém com a vossa doutrina. E ainda nos quereis tornar responsáveis pela morte desse homem!
Então Pedro e os outros apóstolos responderam: “É preciso obedecer a Deus, antes que aos homens. O Deus de nossos pais ressuscitou Jesus, a quem vós matastes, pregando-o numa cruz. Deus, por seu poder, o exaltou, tornando-o Guia Supremo e Salvador, para dar ao povo de Israel a conversão e o perdão dos seus pecados. E disso somos testemunhas, nós e o Espírito Santo, que Deus concedeu àqueles que lhe obedecem”.
Então mandaram açoitar os apóstolos e proibiram que eles falassem em nome de Jesus, e depois os soltaram.
Os apóstolos saíram do Conselho, muito contentes, por terem sido considerados dignos de injúrias, por causa do nome de Jesus.

Segunda leitura
Leitura do Livro do Apocalipse de São João:  (Ap 5, 11-14)

Eu, João, vi 11e ouvi a voz de numerosos anjos, que estavam em volta do trono, e dos Seres vivos e dos Anciãos. Eram milhares de milhares, milhões de milhões, e proclamavam em alta voz: “O Cordeiro imolado é digno de receber o poder, a riqueza, a sabedoria e a força, a honra, a glória, e o louvor”.
Ouvi também todas as criaturas que estão no céu, na terra, debaixo da terra e no mar, e tudo o que neles existe, e diziam: “Ao que está sentado no trono e ao Cordeiro, o louvor e a honra, a glória e o poder para sempre”.
Os quatro Seres vivos respondiam: “Amém”, e os Anciãos se prostraram em adoração daquele que vive para sempre.

EVANGELHO DO DIA
PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo João:  (Jo 21,1-19)

Naquele tempo, Jesus apareceu de novo aos discípulos, à beira do mar de Tiberíades. A aparição foi assim: Estavam juntos Simão Pedro, Tomé, chamado Dídimo, Natanael de Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu e outros dois discípulos de Jesus.
Simão Pedro disse a eles: “Eu vou pescar”. Eles disseram: “Também vamos contigo”.
Saíram e entraram na barca, mas não pescaram nada naquela noite. Já tinha amanhecido, e Jesus estava de pé na margem. Mas os discípulos não sabiam que era Jesus. Então Jesus disse: “Moços, tendes alguma coisa para comer?” Responderam: “Não”.
Jesus disse-lhes: “Lançai a rede à direita da barca, e achareis”. Lançaram pois a rede e não conseguiam puxá-la para fora, por causa da quantidade de peixes. Então, o discípulo a quem Jesus amava disse a Pedro: “É o Senhor!” Simão Pedro, ouvindo dizer que era o Senhor, vestiu sua roupa, pois estava nu, e atirou-se ao mar. Os outros discípulos vieram com a barca, arrastando a rede com os peixes. Na verdade, não estavam longe da terra, mas somente a cerca de cem metros. 9Logo que pisaram a terra, viram brasas acesas, com peixe em cima, e pão. Jesus disse-lhes: “Trazei alguns dos peixes que apanhastes”.
Então Simão Pedro subiu ao barco e arrastou a rede para a terra. Estava cheia de cento e cinquenta e três grandes peixes; e apesar de tantos peixes, a rede não se rompeu.
Jesus disse-lhes: “Vinde comer”. Nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar quem era ele, pois sabiam que era o Senhor. Jesus aproximou-se, tomou o pão e distribuiu-o por eles. E fez a mesma coisa com o peixe.
Esta foi a terceira vez que Jesus, ressuscitado dos mortos, apareceu aos discípulos. Depois de comerem, Jesus perguntou a Simão Pedro: “Simão, filho de João, tu me amas mais do que estes?”
Pedro respondeu: “Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo”. Jesus disse: “Apascenta os meus cordeiros”. E disse de novo a Pedro: “Simão, filho de João, tu me amas?” Pedro disse: “Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo”. Jesus lhe disse: “Apascenta as minhas ovelhas”. Pela terceira vez, perguntou a Pedro: “Simão, filho de João, tu me amas?”
Pedro ficou triste, porque Jesus perguntou três vezes se ele o amava. Respondeu: “Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo”. Jesus disse-lhe: “Apascenta as minhas ovelhas.
Em verdade, em verdade te digo: quando eras jovem, tu cingias e ias para onde querias. Quando fores velho, estenderás as mãos e outro te cingirá e te levará para onde não queres ir”. 19Jesus disse isso, significando com que morte Pedro iria glorificar a Deus. E acrescentou: “Segue-me”.

PALAVRAS DO SANTO PADRE

Não é preciso apascentar com a cabeça erguida, como o grande dominador, não: apascentar com humildade, com amor, como fez Jesus. Esta é a missão que Jesus confia a Pedro: sim, com os pecados, com os erros. A ponto que depois deste diálogo, Pedro comete um engano, um erro: é tentado pela curiosidade e diz ao Senhor: “este outro discípulo para onde irá, o que fará?”. Mas com amor, no meio dos seus erros, dos seus pecados... mas com amor: “porque estas ovelhinhas não são as tuas ovelhas, são as minhas”, diz o Senhor. “Ama, se és meu amigo, deves ser amigos delas”.

sábado, 16 de abril de 2022

 2º Domingo da Páscoa – Ano C
24 Abril 2022
Tema do 2º Domingo do Tempo Pascal

A liturgia deste domingo põe em relevo o papel da comunidade cristã como espaço privilegiado de encontro com Jesus ressuscitado.
O Evangelho sublinha a ideia de que Jesus vivo e ressuscitado é o centro da comunidade cristã; é à volta d’Ele que a comunidade se estrutura e é d’Ele que ela recebe a vida que a anima e que lhe permite enfrentar as dificuldades e as perseguições. Por outro lado, é na vida da comunidade (na sua liturgia, no seu amor, no seu testemunho) que os homens encontram as provas de que Jesus está vivo.
A segunda leitura insiste no motivo da centralidade de Jesus como referência fundamental da comunidade cristã: apresenta-O a caminhar lado a lado com a sua Igreja nos caminhos da história e sugere que é n’Ele que a comunidade encontra a força para caminhar e para vencer as forças que se opõem à vida nova de Deus.
A primeira leitura sugere que a comunidade cristã continua no mundo a missão salvadora e libertadora de Jesus; e quando ela é capaz de o fazer, está a dar testemunho desse Cristo vivo que continua a apresentar uma proposta de redenção para os homens.

LEITURA I – Atos 5,12-16
Leitura dos Atos dos Apóstolos

Pelas mãos dos Apóstolos realizavam-se muitos milagres e prodígios entre o povo.
Unidos pelos mesmos sentimentos, reuniam-se todos no Pórtico de Salomão; nenhum dos outros se atrevia a juntar-se a eles, mas o povo enaltecia-os.
Cada vez mais gente aderia ao Senhor pela fé, uma multidão de homens e mulheres, de tal maneira que traziam os doentes para as ruas e colocavam-nos em enxergas e em catres, para que, à passagem de Pedro, ao menos a sua sombra cobrisse alguns deles.
Das cidades vizinhas de Jerusalém, a multidão também acorria, trazendo enfermos e atormentados por espíritos impuros e todos eram curados.

AMBIENTE

O livro dos Atos dos Apóstolos apresenta o “caminho” que a Igreja de Jesus percorreu, desde Jerusalém até Roma, o coração do império. No entanto, foi de Jerusalém, o lugar onde irrompeu a salvação – isto é, onde Jesus sofreu, morreu, ressuscitou e subiu ao céu –, que tudo partiu. Foi aí que nasceu a primeira comunidade cristã e que essa comunidade, pela primeira vez, se assumiu como testemunha de Jesus diante do mundo.

O texto que nos é proposto é um dos três sumários que aparecem na primeira parte dos “Atos”; esses sumários apresentam temas comuns e afinidades de estrutura que convidam a considerá-los conjuntamente. No conjunto, esses sumários pretendem apresentar as várias facetas do testemunho dado pela Igreja de Jerusalém. O primeiro aparece em 2,42-47 e é dedicado ao tema da unidade e ao impacto que o estilo cristão de vida provocou no povo da cidade; o segundo aparece em 4,32-37 e é dedicado ao tema da partilha dos bens; o terceiro (a primeira leitura de hoje) apresenta o testemunho da Igreja através da atividade miraculosa dos apóstolos.

LEITURA II – Ap 1,9-11a.12-13.17-19
Leitura do Livro do Apocalipse

Eu, João, vosso irmão e companheiro nas tribulações, na realeza e na perseverança em Jesus, estava na ilha de Patmos, por causa da palavra de Deus e do testemunho de Jesus.
No dia do Senhor fui movido pelo Espírito e ouvi atrás de mim uma voz forte, semelhante à da trombeta, que dizia: «Escreve num livro o que vês e envia-o às sete Igrejas».
Voltei-me para ver de quem era a voz que me falava; ao voltar-me, vi sete candelabros de ouro e, no meio dos candelabros, alguém semelhante a um filho do homem, vestido com uma longa túnica e cingido no peito com um cinto de ouro.
Quando o vi, caí a seus pés como morto.
Mas ele poisou a mão direita sobre mim e disse-me:
«Não temas.
Eu sou o Primeiro e o Último, o que vive.
Estive morto, mas eis-Me vivo pelos séculos dos séculos e tenho as chaves da morte e da morada dos mortos.
Escreve, pois, as coisas que viste, tanto as presentes como as que hão-de acontecer depois destas».

AMBIENTE

Estamos nos finais do reinado de Domiciano (à volta do ano 95); os cristãos eram perseguidos de forma violenta e organizada e parecia que todos os poderes do mundo se voltavam contra os seguidores de Cristo. Muitos cristãos, cheios de medo, abandonavam o Evangelho e passavam para o lado do império. Na comunidade dizia-se: “Jesus é o Senhor”; mas lá fora, quem mandava mesmo como senhor todo-poderoso era o Imperador de Roma.
É neste contexto de perseguição, de medo e de martírio que vai ser escrito o Apocalipse. O objetivo do autor é apresentar aos crentes um convite à conversão (primeira parte – Ap 1-3) e uma leitura profética da história que os ajude a enfrentar a tempestade com esperança e a acreditar na vitória final de Deus e dos crentes (segunda parte – Ap 4-22).
O texto da primeira leitura de hoje pertence à primeira parte do livro. Nele, apresenta-se – recorrendo à linguagem simbólica, pois é através dos símbolos que melhor se expressa a realidade do mistério – o “Filho do Homem”: é Ele o Senhor da história e Aquele através de quem Deus revela aos homens o seu projeto.

EVANGELHO 
Jo 20,19-31Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João

Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e, pondo-se no meio deles, disse: “A paz esteja convosco”.
Depois dessas palavras, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos se alegraram por verem o Senhor.
Novamente, Jesus disse: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio”.
E, depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhes serão retidos”.
Tomé, chamado Dídimo, que era um dos doze, não estava com eles quando Jesus veio. Os outros discípulos contaram-lhe depois: “Vimos o Senhor!”
Mas Tomé disse-lhes: “Se eu não vir a marca dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos e não puser a mão no seu lado, não acreditarei”.
Oito dias depois, encontravam-se os discípulos novamente reunidos em casa, e Tomé estava com eles. Estando fechadas as portas, Jesus entrou, pôs-se no meio deles e disse: “A paz esteja convosco”.
Depois disse a Tomé: “Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado. E não sejas incrédulo, mas fiel”.
Tomé respondeu: “Meu Senhor e meu Deus!”
Jesus lhe disse: “Acreditaste, porque me viste? Bem-aventurados os que creram sem terem visto!”
Jesus realizou muitos outros sinais diante dos discípulos, que não estão escritos neste livro. Mas estes foram escritos para que acrediteis que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome.

AMBIENTE

Continuamos na segunda parte do Quarto Evangelho, onde nos é apresentada a comunidade da Nova Aliança. A indicação de que estamos no “primeiro dia da semana” faz, outra vez, referência ao tempo novo, a esse tempo que se segue à morte/ressurreição de Jesus, ao tempo da nova criação.
A comunidade criada a partir da acção de Jesus está reunida no cenáculo, em Jerusalém. Está desamparada e insegura, cercada por um ambiente hostil. O medo vem do facto de não terem, ainda, feito a experiência de Cristo ressuscitado.

PALAVRAS DO SANTO PADRE

Tomé é alguém que não se contenta e procura, tenciona averiguar pessoalmente, realizar uma sua experiência pessoal. Após as resistências e inquietações iniciais, no final também ele consegue crer; não obstante proceda com dificuldade, alcança a fé. Jesus espera-o pacientemente e oferece-se às dificuldades e às inseguranças daquele que chegou por último. O Senhor proclama “bem-aventurados” aqueles que creem sem ver (cf. v. 29) — e a primeira é Maria, sua Mãe — mas vai também ao encontro da exigência do discípulo incrédulo: “Introduz aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos...”.


quarta-feira, 13 de abril de 2022

 Mega foto do Sol mostra forma humana? Entenda o que está por trás da imagem e o que revela a ciência
Foto registrada pela Solar Orbiter mostra forma curiosa, mas a ciência busca ir muito além e analisar os dados para prever eventuais interferências do nosso astro sobre itens como o GPS e outros sistemas.

Por Roberto Peixoto, g1 - 13/04/2022 05h00  Atualizado há uma hora

O que a imagem mais detalhada do Sol já registrada revela? Um zoom em um dos pontos dessa foto composta por um mega mosaico de imagens mostra formas que se assemelham a um homem de costas, olhando para a esquerda.

Por mais que nossos olhos tendam a encontrar figuras humanas em todos os cantos, a ciência explica que por trás das traços amarelos e dourados há, na verdade, conceitos como gás, plasma, arcos magnéticos e tempestades geomagnéticas capazes de interferir na vida na Terra.

Forma humana? Imagem mostra um detalhe da foto do Sol com a maior resolução já feita. — Foto: ESA & NASA/Solar Orbiter/EUI; Processamento de dados: E. Kraaikamp (ROB)

Parece complicado, mas são fenômenos que estão sob alguma das camadas da mega foto e eles não ditam apenas a dinâmica da nossa estrela de 4,5 bilhões de anos. O Sol e seus fenômenos podem afetar desde o funcionamento de sistemas de Internet e GPS aqui na Terra até a segurança de astronautas em missões espaciais. E tudo está ali, revelado ou sob outras áreas que a foto não alcançou.

O que a imagem mostra de fato?

A foto, um conjunto de 25 imagens individuais, foi feita pelo telescópio espacial de alta resolução acoplado à sonda, lançada em 2020 pela Nasa juntamente com a Agência Espacial Europeia, a ESA.

Na imagem, além de ser possível enxergar uma figura humana intrigante (um fenômeno que a psicologia chama de pareidolia – o reconhecimento de uma imagem, som ou objeto familiar em um estímulo aleatório, como enxergar formas de animais em nuvens), o que temos em destaque é a última camada da atmosfera do Sol, a coroa solar, que é bem mais quente que superfície da estrela.

Sim, assim como a Terra, o Sol possui uma atmosfera. E ela é dividida em duas partes, a cromosfera, a camada mais inferior, e a coroa (a que de fato vemos nas imagens).

As regiões mais luminosas da foto são chamadas de manchas solares ou regiões ativas, locais de alta concentração de campo magnético. Isso quer dizer que, diferentemente do que imaginamos quando olhamos para o espaço, o Sol não é uma bola estática.

Os campos magnéticos estão a todo tempo produzindo uma “dança” de gás e plasma, o material que forma a estrela.

“O Sol é uma estrela muito ativa. Ele tem períodos em que essas regiões ativas aparecem em maior número (que chamamos de máximo solar) e outros em que elas quase não aparecem”, diz Alessandra Abe Pacini, cientista do grupo de Física Espacial do CIRES/NOAA, na Universidade do Colorado.

O que intriga os cientistas por muito tempo é o fato de que a dinâmica de aquecimento dessas regiões é algo único.

Diferentemente do esperado, a camada mais exterior da nossa estrela (a coroa vista na foto da ESA) é mais quente que sua superfície. São temperaturas que ali chegam à casa do milhão, enquanto a superfície solar chega a “apenas” 5 mil graus Celsius.

Adriana Valio, astrônoma do Centro de Rádio Astronomia e Astrofísica Mackenzie, explica que isso é curioso porque aqui na Terra, quando pensamos numa fogueira, por exemplo, as regiões mais quentes que ardem em chamas ficam justamente nas camadas mais inferiores, o inverso da dinâmica do Sol.

"Isso eu acho bárbaro", diz. "É uma questão que intriga há mais de 30 anos e que a sonda poderá resolver".

O Sol visto pelo Solar Orbiter em luz ultravioleta extrema a uma distância de aproximadamente 75 milhões de quilômetros. — Foto: ESA & NASA/Solar Orbiter/EUI; Processamento de dados: E. Kraaikamp (ROB)

A 'tomografia' da atmosfera solar

A ESA também divulgou imagens que mostram a cromosfera do Sol. São quatro imagens 'coloridas' que revelam detalhes sobre essa camada da atmosfera que não é visível aqui da Terra.

Adriana Valio explica que a sonda tem dois grupos de instrumentos: câmeras imageadoras, que tiram as fotos em alta resolução do começo desta reportagem, e ferramentas que fazem uma espécie de "tomografia" do Sol, medindo a densidade de partículas da estrela e do vento solar.

Na Solar Orbiter, esse "tomógrafo" é um instrumento chamado de SPICE. A função dele é entender como o Sol cria e controla a heliosfera, a região do espaço onde o nosso sol exerce sua influência.

"O Sol tem um fluxo continuo de partículas. Esse fluxo preenche todo o Sistema Solar", explica Valio. " E a Solar Orbiter conseguiu mapear, pela primeira vez, de onde sai esse vento solar ".

Cores mostram diferentes pontos da atmosfera do Sol. — Foto: ESA & NASA/Solar Orbiter/SPICE team; Data processing: G. Pelouze (IAS)

Por que mapear de onde sai esse vento solar?
As 4 regiões mais brilhantes e esbranquiçadas ao centro das imagens da figura acima mostram áreas mais ativas do nosso Sol. É justamente nelas onde há maior concentração de campo magnético.
Um exemplo de região ativa capturada pela sonda da ESA é a imagem do topo desse matéria, que se assemelha à figura de um homem “saindo” do Sol. Nela podemos ver arcos magnéticos, partículas super energéticas em forma de espiral.

Pacini explica que essas regiões ativas podem eventualmente explodir. Elas têm altíssimas temperaturas, mas ainda não são chamadas de erupções solares. Elas têm cerca de 400 mil a 1 milhão de graus Celsius. Se, de fato, explodirem, chegam a dezenas de milhões de graus.

Um dos objetivos da Solar Orbiter é justamente entender melhor a atividade do Sol e como esse campo magnético solar funciona. Mostrar como e de onde partem os ventos solares.

“É com essa atividade magnética que ocorrem as explosões solares e as ejeções de massa, quando bilhões de toneladas de matéria são lançadas para o meio interplanetário e podem até atingir a Terra”, ressalta Adriana Valio.
Entender esses processos será fundamental para descobrir como essas explosões solares surgem e como isso influencia o nosso clima espacial.
Satélites europeus do programa Galileo devem ser lançados no 2º semestre para concorrer com sistema GPS — Foto: ESA/P. Carril/Divulgação
Isso é importante porque não é somente a aurora boreal que é provocada pelos efeitos da atividade solar. Sinais de Internet, o GPS e até a transmissão de energia elétrica podem ser impactados por essas tempestades geomagnéticas, daí a importância de prevermos esses eventos.

"A gente tem também doses letais de radiação solar. Se tivermos algum astronauta desprotegido enquanto faz uma missão fora da Estação Espacial Internacional, por exemplo, isso é um problema", diz a astrônoma.
A professora ainda explica que, no passado, diversos satélites de bilhões de dólares eram perdidos por causa desse problema. Hoje em dia, a principal preocupação é com os sistemas de GPS.

“Os GPS utilizam satélites. Hoje os aviões todos pousam e decolam automaticamente por conta dessa tecnologia. Então isso pode ser realmente um problema grave”, alerta a pesquisadora.

Segundo a Nasa, a tempestade geomagnética mais forte já registrada foi o chamado Evento Carrington, que levou o nome astrônomo britânico Richard Carrington. Foi ele quem observou a erupção solar de 1º de setembro de 1859 que desencadeou o evento.

Na época, os sistemas de telégrafo do mundo todo apresentaram problemas e seus operadores chegaram a levar descargas elétricas.

O evento foi tão atípico que auroras boreais puderem ser vistas em países da América Central, como Cuba, Bahamas, Jamaica, El Salvador.

“Tudo o que acontece no Sol vai perturbar o ambiente da Terra. Hoje a nossa sociedade depende fortemente de tecnologia espacial e tudo isso depende, por sua vez, do clima espacial”, lembra a astrônoma Alessandra Pacini.

“A importância de entendermos a origem dessas explosões solares é realmente a capacidade de a prevermos. Temos que saber quando elas vão acontecer para que consigamos nos proteger”.
Comparação ilustrativa mostra a enorme diferença do tamanho entre o Sol e a Terra. Os cientistas calculam que mais de 1 milhão de planetas Terra poderiam ocupar o volume da estrela. — Foto: ESA & NASA/Solar Orbiter/EUI; Processamento de dados: E. Kraaikamp (ROB)



segunda-feira, 4 de abril de 2022

 01º Domingo da Páscoa – Ano C
17 de Abril de 2022
SOLENIDADE DA PÁSCOA DA RESSURREIÇÃO DO SENHOR

Tema do Domingo de Páscoa

A liturgia deste domingo celebra a ressurreição e garante-nos que a vida em plenitude resulta de uma existência feita dom e serviço em favor dos irmãos. A ressurreição de Cristo é o exemplo concreto que confirma tudo isto.

A primeira leitura apresenta o exemplo de Cristo que “passou pelo mundo fazendo o bem” e que, por amor, Se deu até à morte; por isso, Deus ressuscitou-O. Os discípulos, testemunhas desta dinâmica, devem anunciar este “caminho” a todos os homens.

O Evangelho coloca-nos diante de duas atitudes face à ressurreição: a do discípulo obstinado, que se recusa a aceitá-la porque, na sua lógica, o amor total e a doação da vida não podem nunca ser geradores de vida nova; e o discípulo ideal, que ama Jesus e que, por isso, entende o seu caminho e a sua proposta – a esse não o escandaliza nem o espanta que da cruz tenha nascido a vida plena, a vida verdadeira.

A segunda leitura convida os cristãos, revestidos de Cristo pelo Baptismo, a continuarem a sua caminhada de vida nova, até à transformação plena que acontecerá quando, pela morte, tivermos ultrapassado a última fronteira da nossa finitude.

LEITURA I – At 10,34.37-43
Leitura dos Atos dos Apóstolos

Naqueles dias, Pedro tomou a palavra e disse: «Vós sabeis o que aconteceu em toda a Judeia, a começar pela Galileia, depois do baptismo que João pregou: Deus ungiu com a força do Espírito Santo a Jesus de Nazaré, que passou fazendo o bem

e curando a todos os que eram oprimidos pelo Demónio, porque Deus estava com Ele.

Nós somos testemunhas de tudo o que Ele fez no país dos judeus e em Jerusalém;

e eles mataram-n’O, suspendendo-O na cruz. Deus ressuscitou-O ao terceiro dia

e permitiu-Lhe manifestar-Se, não a todo o povo, mas às testemunhas de antemão designadas por Deus, a nós que comemos e bebemos com Ele, depois de ter ressuscitado dos mortos. 

Jesus mandou-nos pregar ao povo e testemunhar que Ele foi constituído por Deus

juiz dos vivos e dos mortos. 

É d’Ele que todos os profetas dão o seguinte testemunho: quem acredita n’Ele

recebe pelo seu nome a remissão dos pecados».

AMBIENTE

A obra de Lucas (Evangelho e Atos dos Apóstolos) aparece entre os anos 80 e 90, numa fase em que a Igreja já se encontra organizada e estruturada, mas em que começam a surgir “mestres” pouco ortodoxos, com propostas doutrinais estranhas e, às vezes, pouco cristãs. Neste ambiente, as comunidades cristãs começam a necessitar de critérios claros que lhes permitam discernir a verdadeira doutrina de Jesus da falsa doutrina dos falsos mestres.

Lucas apresenta, então, a Palavra de Jesus, transmitida pelos apóstolos sob o impulso do Espírito Santo: é essa Palavra que contém a proposta libertadora de Deus para os homens. Nos Actos, em especial, Lucas mostra como a Igreja nasce da Palavra de Jesus, fielmente anunciada pelos apóstolos; será esta Igreja, animada pelo Espírito, fiel à doutrina transmitida pelos apóstolos, que tornará presente o plano salvador do Pai e o fará chegar a todos os homens.

Neste texto em concreto, Lucas propõe-nos o testemunho e a catequese de Pedro em Cesareia, em casa do centurião romano Cornélio. Convocado pelo Espírito (cf. At 10,19-20), Pedro entra em casa de Cornélio, expõe-lhe o essencial da fé e batiza-o, bem como a toda a sua família (cf. At 10,23b-48). O episódio é importante, porque Cornélio é o primeiro pagão a cem por cento a ser admitido ao cristianismo por um dos Doze (o etíope de que se fala em At 8,26-40 já era “prosélito”, isto é, simpatizante do judaísmo). Significa que a vida nova que nasce de Jesus é para todos os homens.

LEITURA II – Col 3,1-4
Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Colossenses

Irmãos:

Se ressuscitastes com Cristo, aspirai às coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus.

Afeiçoai-vos às coisas do alto e não às da terra.

Porque vós morrestes e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus.

Quando Cristo, que é a vossa vida, Se manifestar, também vós vos haveis de manifestar com Ele na glória.

AMBIENTE

Quando escreveu aos Colossenses, Paulo estava na prisão (em Roma?). Epafras, seu amigo, visitou-o e falou-lhe da “crise” por que estava a passar a igreja de Colossos. Alguns doutores locais ensinavam doutrinas estranhas, que misturavam especulações acerca dos anjos (cf. Col 2,18), práticas ascéticas, práticas legalistas, prescrições sobre os alimentos e observância de determinadas festas (cf. Col 2,16.21): tudo isso deveria (na opinião desses “mestres”) completar a fé em Cristo, comunicar aos crentes um conhecimento superior dos mistérios e possibilitar uma vida religiosa mais autêntica. Contra este sincretismo religioso, Paulo afirma a absoluta suficiência de Cristo.

O texto que nos é proposto como segunda leitura é a introdução à reflexão moral da carta (cf. Col 3,1-4,1-6). Depois de apresentar a centralidade de Cristo no projeto salvador de Deus para os homens (cf. Col 1,13-2,23), Paulo assinala como fundamento da vida cristã a ressurreição e a consequente união com Cristo.

EVANGELHO – Jo 20,1-9
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João

No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi de manhãzinha, ainda escuro, ao sepulcro

e viu a pedra retirada do sepulcro.

Correu então e foi ter com Simão Pedro e com o discípulo predileto de Jesus e disse-lhes:

«Levaram o Senhor do sepulcro e não sabemos onde O puseram».

Pedro partiu com o outro discípulo e foram ambos ao sepulcro.

Corriam os dois juntos, mas o outro discípulo antecipou-se, correndo mais depressa do que Pedro, e chegou primeiro ao sepulcro.

Debruçando-se, viu as ligaduras no chão, mas não entrou.

Entretanto, chegou também Simão Pedro, que o seguira.

Entrou no sepulcro e viu as ligaduras no chão e o sudário que tinha estado sobre a cabeça de Jesus, não com as ligaduras, mas enrolado à parte.

Entrou também o outro discípulo que chegara primeiro ao sepulcro: viu e acreditou.

Na verdade, ainda não tinham entendido a Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dos mortos.

AMBIENTE

Na primeira parte do Quarto Evangelho (cf. Jo 4,1-19,42), João descreve a atividade criadora e vivificadora do Messias (o último passo dessa atividade destinada a fazer surgir o homem novo é, precisamente, a morte na cruz: aí, Jesus apresenta a última e definitiva lição.

Edição – a lição do amor total, que não guarda nada para Si, mas faz da sua vida um dom radical); na segunda parte (cf. Jo 20,1-31), João apresenta o resultado da ação de Jesus: a comunidade de Homens Novos, recriados e vivificados por Jesus, que com Ele aprenderam a amar com radicalidade. Trata-se dessa comunidade de homens e mulheres que se converteram e aderiram a Jesus e que, em cada dia – mesmo diante do sepulcro vazio – são convidados a manifestar a sua fé n’Ele.


 HOMÍLIA DOMINICAL  24 DE DEZEMBRO DE 2023. 4º DOMINGO DO ADVENTO LEITURA DO DIA Primeira leitura -  Leitura do Segundo Livro de Samuel 7,1-...