quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

30 milhões de brasileiros preferem viver sozinhos e são mais felizes, diz pesquisador

Em 10 anos, o número de pessoas que vivem sozinhas no Brasil saltou de 10,4% para 14,6% da população, segundo o IBGE.



Viver sozinho pode ser a tendência do século XXI. Após se debruçar sobre dados do último CENSO do IBGE e a experiência de mais de 25 anos de consultório, o psicanalista e escritor Geraldo Peçanha de Almeida desenvolveu uma ampla pesquisa que está tomando forma em seu último livro. “É possível ser feliz sozinho” é uma análise comportamental desta geração a partir de uma abordagem estatística sobre o crescimento da população brasileira que optou por viver sem companhia. “É uma opção de vida que se cristalizou no Brasil nos últimos 50 anos e provavelmente em outras partes do mundo. A tia solteirona vivendo sozinha na casa dos pais lá nos anos 70 é hoje a idosa que vive sozinha, viaja, consome, gasta em lazer e tem boa qualidade de vida”, afirma.
As conclusões do pesquisador estão baseadas em dados. Em 10 anos, o número de pessoas que vivem sozinhas no Brasil saltou de 10,4% para 14,6% da população, segundo o IBGE. Os dados são um recorte de 2005 para 2015 e também mostram que a maior parte (44,3%) dos que vivem sem companhia são idosos. Ao contrário do que se possa imaginar, boa parte dessas pessoas (48%) decidiu morar só por vontade própria e 72% acreditam que viver sozinho dá mais liberdades para gastar dinheiro. Eles se sentem mais independentes (25%), livres (23%) e com maior privacidade (50%). Apenas 1% se sente abandonado, 3% triste e 10% reclama do peso da solidão.
Com números tão otimistas sobre a vida particular, o pesquisador acredita que o caminho é sem volta. “Quem escolhe viver assim dificilmente mudará de ideia”, afirma. O problema, segundo o escritor, são de ordem prática. Pessoas que envelhecem sozinhas acabam carentes de companhia para realizar atividades corriqueiras, como ajuda em eventuais procedimentos médicos e solução de entraves burocráticos e não há previsão de políticas públicas para essa realidade.
Apesar do aumento desse estilo de vida no Brasil, na visão do escritor ainda existe uma norma de comportamento que reprime a vida solitária, o que ele classifica como “unofobia”. “O estereótipo de vida compartilhada e principalmente de felicidade compartilhada faz com que não se aceite, enquanto sociedade, o direito de escolher a solidão como um caminho possível e feliz”, analisa. “Neste novo cenário, os “homo solus” são felizes sem filhos, sem casamento, sem familiares”. O que parece triste para alguns é a opção de quase 30% dos brasileiros adultos. A vida religiosa e o mercado de bens e serviços também acompanhou essa mudança de comportamento, permitindo que produtos antes desenvolvido em “tamanho família” fossem adaptados para quem é único. “Eles depositam sua fé em crenças menos rígidas e que não cobram o estabelecimento de uma família; eles compartilham o transporte, a hospedagem e preferem moradias mais compactas”, comenta Almeida.

domingo, 27 de dezembro de 2020

VAMOS TOMAR A VACINA E COM ISTO REDUZIR O MÁXIMO OS RISCOS DE CONTAMINAÇÃO

NOTÍCIAS EM DESTAQUE - VACINAS - DEFINIÇÃO - EFICÁCIA - É SEMPRE BOM SER VACINADO E FICAR PROTEGIDO, MESMO QUANDO NÃO SE TEM 100%.


Uma vacina é uma preparação biológica que fornece imunidade adquirida ativa para uma doença particular. Uma vacina tipicamente contém um agente que se assemelha a um microrganismo causador de doenças e é muitas vezes feito de formas enfraquecidas ou mortas do micróbio, das suas toxinas ou de uma das suas proteínas de superfície. O agente estimula o sistema imunológico do corpo a reconhecê-lo como uma ameaça, destruí-lo e a manter um registro seu para que possa mais facilmente reconhecer e destruir qualquer um desses microrganismos que mais tarde encontre. As vacinas podem ser profilácticas (exemplo: para prevenir ou melhorar os efeitos de uma futura infecção por qualquer patógeno natural ou "selvagem"), ou terapêuticas (por exemplo, vacinas contra o câncer estão a ser pesquisadas).

Vacinas são, historicamente, o meio mais efetivo e seguro para se combater e erradicar doenças infecciosas. Limitações para sua eficácia, porém, existem. Algumas vezes, a proteção oferecida pela vacina falha porque o sistema imune humano não consegue responder adequadamente ou não responde. A falta de resposta imune envolve muitos fatores, como diabetes, uso de esteroides sintéticos ou HIV. Pode também haver um fator genético para a falha da vacina, se o sistema imune não possuir linhas de células B capazes de gerar anticorpos específicos para se ligar a um determinado patógeno. Mesmo que o organismo desenvolva os anticorpos, a proteção ainda pode não ser adequada, pois a imunidade pode se desenvolver muito devagar para ser efetiva a tempo, os anticorpos podem não destruir o patógeno completamente ou pode haver muitas cepas diferentes de patógenos, nem todos suscetíveis a uma resposta imune. Porém, até mesmo a imunidade parcial, tardia ou fraca pode mitigar a infecção, resultando em uma baixa taxa de mortalidade, baixa morbidade e total recuperação.

EFICÁCIA

O primeiro deles é se as cepas do vírus influenza que circularão serão semelhantes àquelas definidas pela OMS como as mais prováveis e que estão contidas na vacina. Nos anos em que ocorre uma maior coincidência entre as cepas contidas na vacina e as circulantes, esta eficácia está em torno de 70 a 80%.

Cientistas explicam que nenhum imunizante é 100% eficiente. O grau de eficácia, no entanto, é importante para definir qual a cobertura vacinal será necessária para, de fato, frear a doença. No caso de eficácia mínima para a covid, mesmo se toda a população recebesse a dose, não haveria certeza de queda na transmissão do vírus.

segunda-feira, 30 de novembro de 2020

 O excepcional alinhamento de Júpiter e Saturno, que não acontece de tal modo desde a Idade Média

Alinhamento dos planetas ocorre a cada duas décadas, mas não de modo tão próximo como o previsto em dezembro

Entre 16 e 21 de dezembro, uma grande parte dos habitantes da Terra poderá observar um fenômeno que não ocorria pelo menos desde 1623 - ou, segundo alguns astrônomos, desde o século 13: o que é conhecido como a "grande conjunção" de Júpiter e Saturno.

Durante esses dias, e especialmente às noites, os dois planetas estarão alinhados de tal maneira que parecerá que formam um planeta "duplo".

"Depois de meses de aproximação lenta, em 21 de dezembro, que coincide com o solstício de inverno, Júpiter e Saturno se reunirão em uma espetacular grande conjunção", diz à BBC News Mundo (serviço em espanhol da BBC) Hernando Guarín, professor de Astronomia da Universidade del Valle, na Colômbia, e diretor da Rede Colombiana de Astronomia.

O cientista deportado pelos EUA que se tornou pai do programa de foguetes e mísseis da China
'Última girafa branca do mundo' é monitorada por GPS contra caçadores
Para Guarín, a noite de 21 de dezembro será um "presente de Natal" antecipado para os fãs de astronomia.

Fenômeno será visível em áreas com o céu limpo, principalmente perto da linha do Equador

Segundo Guarín, esse alinhamento e a possibilidade de vê-lo desde a Terra são excepcionais por conta do próprio movimento dos três planetas.

"A Terra leva um ano para dar volta no Sol; Júpiter leva 12 anos e Saturno, 30 anos", explica. "Isso torna difícil que o fenômeno aconteça com regularidade."

Embora o alinhamento ocorra aproximadamente a cada duas décadas, o fenômeno deste ano tem características específicas que são inéditas há muitas centenas de anos.

"Esta conjunção será excepcionalmente rara devido a quão próximos os planetas estarão entre si", explica Patrick Hartigan, astrônomo da Universidade de Rice (EUA).

Uma conjunção com os planetas próximos entre si ocorreu em 16 de julho de 1623, mas Hartigan acha que o que vai acontecer em dezembro só tem paralelo com um fenômeno ainda mais antigo.

"Seria preciso retroceder até antes do amanhecer de 4 de março de 1226 para ver um alinhamento mais próximo entre esses planetas (de modo) visível no céu noturno", diz.

Passado 21 de dezembro, "aqueles que preferirem esperar e ver Júpiter e Saturno tão perto e mais acima no céu noturno terão que aguardar até 15 de março de 2080. Depois disso, a dupla não fará aparição semelhante até depois de 2400", diz ele.

Para Guarín, há outro ponto a ser levado em conta.
Conjunção dos planetas depende da rotação deles ao redor do Sol

"Podemos ver como os planetas estão se aproximando entre si. Ou seja, é um espetáculo que podemos seguir desde agora até 21 de dezembro, quando infelizmente eles voltarão a se separar".

A relevância é desde o ponto de vista científico, mas também "para as pessoas que queiram voltar a olhar para o céu", opina Guarín.

A luminosidade de ambos os planetas no mês de dezembro tornará ainda mais simples essa observação: segundo o pesquisador, será possível ver o fenômeno a olho nu, principalmente de pontos próximos à linha do Equador, embora a visão através de um telescópio ou observatório seja muito melhor.

Mas para conseguir avistar a conjunção "é essencial ter um bom horizonte, totalmente limpo, sem nuvens, montanhas ou edifícios".

Ao mesmo tempo, Peter Lawrence, assessor editorial da revista Sky at Night, da BBC, aponta que é é preciso ter cuidado ao observar tais fenômenos com binóculos.

"Binóculos podem separar os planetas devido ao efeito ótico, por isso é melhor usar um telescópio", afirma o astrônomo. "Com um telescópio você não verá apenas um disco duplo (dos planetas alinhados), como também poderá apreciar os anéis de Saturno e os cinturões de Júpiter."


Black Friday: de onde vem esse nome e outras 9 curiosidades sobre a data

Nos Estados Unidos, evento acontece tradicionalmente depois do feriado de Ação de Graças; Brasil e outros países aderiram à moda

Um dos dias mais aguardados no ano por lojistas e consumidores, a Black Friday teve origem nos Estados Unidos e hoje é adotada em vários países do mundo, como o Brasil.

Em 2019, o evento movimentou R$ 6 bilhões, uma alta de 36% em relação ao ano anterior, segundo levantamento da empresa Compre&Confie. Com a pandemia de coronavírus em 2020, os comerciantes esperam bater um novo recorde, já que o comércio online está aquecido porque as pessoas estão saindo menos de casa para comprar por temor da covid-19.

Nos EUA, o evento acontece tradicionalmente depois do feriado de Ação de Graças, com filas a perder de vista. Todos os consumidores têm um único objetivo: garimpar produtos com descontos que podem chegar a até 90% do preço original.

Mas quando surgiu a Black Friday? Por que o evento ganhou esse nome? Confira dez curiosidades envolvendo um dos dias mais famosos do varejo.

1) O termo Black Friday se referia a crises na Bolsa

Embora esteja hoje associado ao maior dia de compras dos Estados Unidos, o termo Black Friday (literalmente "Sexta-Feira Negra" em inglês) se referia originalmente a eventos muito diferentes.

"O adjetivo negro foi usado durante muitos séculos para retratar diversos tipos de calamidades", afirma o linguista Benjamin Zimmer, editor-executivo do site Vocabulary.com.

Nos EUA, a primeira vez que o termo foi usado foi no dia 24 de setembro de 1869, quando dois especuladores, Jay Gould e James Fisk, tentaram tomar o mercado do ouro na Bolsa de Nova York.

Quando o governo foi obrigado a intervir para corrigir a distorção, elevando a oferta da matéria-prima ao mercado, os preços caíram e muitos investidores perderam grandes fortunas.

2) Os desfiles de Papai Noel antecederam a Black Friday

Para muitos americanos, o desfile do Dia de Ação de Graças, promovido pela loja de departamentos Macy's, tornou-se parte do ritual do feriado.

Mas o evento, na verdade, foi inspirado nos vizinhos do norte. A loja de departamentos canadense Eaton's realizou o primeiro desfile do Papai Noel em 2 de dezembro de 1905. Quando o Papai Noel aparecia ao final do desfile, era um sinal de que a temporada de festas havia começado - e, por sua vez, a corrida às compras. É claro que os consumidores eram incentivados a fazer compras na Eaton's.

Lojas de departamento, como a Macy's, inspiraram-se no desfile e passaram a patrocinar eventos semelhantes ao redor dos Estados Unidos.

Loja de departamentos Macy's se inspirou na canadense Eaton's e passou a patrocinar desfiles e eventos natalinos para incentivar as compras

Em 1924, por exemplo, Nova York viu pela primeira vez um desfile da Macy's com animais do zoológico do Central Park, totalmente organizado por funcionários da própria loja.

3) A data do Dia de Ação de Graças foi determinada pelas vendas

De meados do século 19 ao início do século 20, em um costume iniciado por Abraham Lincoln, o presidente dos EUA declararia o "Dia de Ação de Graças" na última quinta-feira de novembro. O dia poderia, assim, cair na quarta ou quinta quinta-feira do mês.

Em 1939, porém, algo aconteceu - a última quinta-feira foi coincidentemente o último dia de novembro.

Preocupados com o curto período de compras para as festividades de fim de ano, lojistas enviaram então uma petição a Franklin Roosevelt (1882-1945) para declarar o início das festas uma semana mais cedo, o que foi autorizado pelo então presidente.

Pelos próximos três anos, o Dia de Ação de Graças foi apelidado de "Franksgiving" (uma mistura de Franklin com "Thanksgiving", como a data festiva é chamada em inglês) e celebrado em dias diferentes e em diferentes partes do país.

Dia costuma ser marcado por filas e confusão em lojas ao redor do mundo

No final de 1941, uma resolução conjunta do Congresso finalmente solucionou o problema. Dali em diante, o Dia de Ação de Graças seria comemorado na quarta quinta-feira de novembro, garantindo uma semana extra de compras até o Natal.

4) A síndrome da sexta-feira após o Dia de Ação de Graças

Segundo Bonnie Taylor-Blake, pesquisador da Universidade da Carolina do Norte, a Factory Management and Maintenance - uma newsletter do mercado de trabalho - reivindica a autoria do uso do termo Black Friday.

Em 1951, uma circular da empresa chamou atenção para a incidência de profissionais doentes naquele dia.

"A síndrome da sexta-feira após o Dia de Ação de Graças é uma doença cujos efeitos adversos só são superados pelos da peste bubônica. Pelo menos é assim que se sentem aqueles que têm de trabalhar quando chega a Black Friday. A loja ou estabelecimento pode ficar meio vazio e todo ausente estava doente", dizia a circular.

5) Black ou Big Friday?

Esse termo ganhou popularidade pela primeira vez na Filadélfia - policiais frustrados pelo trânsito causado pelos consumidores naquele dia começaram a se referir dessa forma à Black Friday.

Data se tornou o dia em que mais se gasta em todo o ano

Os lojistas evidentemente não gostaram de ser associados ao tráfego e à poluição. Eles, então, decidiram repaginar o termo para "Big Friday" ("A Grande Sexta", em tradução literal), segundo um jornal local de 1961.

6) Com o tempo, Black Friday passou a significar 'voltar ao azul'

Os lojistas conseguiram dar uma interpretação positiva ao termo ao dizer que ele se referia ao momento em que os estabelecimentos retornavam ao azul, ou seja, voltavam a ter lucro. Mas não há provas de que isso tenha realmente acontecido.

É verdade, por outro lado, que o período de festas corresponde à maior parte dos gastos de consumo do ano.

Mas quanto dessas receitas realmente se torna lucro não está claro, dado que os lojistas costumam trabalham com margens mais apertadas, oferecendo grandes descontos.

7) A Black Friday não se tornou referência nacional até a década de 1990

O termo Black Friday permaneceu restrito à Filadélfia por um tempo surpreendentemente longo.

"Você podia vê-lo sendo usado de maneira moderada em Trenton, Nova Jersey, mas não ultrapassou as fronteiras da Filadélfia até os anos 80", disse Zimmer.

"O termo só se espalhou a partir de meados dos anos 90."

8) Ela só se tornou o maior dia de compras do ano em 2001

Embora a Black Friday seja considerada o maior dia de compras do ano, a data não ganhou esse título até os anos 2000.

Isso porque, por muitos anos, a regra não era que os americanos adoravam uma liquidação, mas sim que adoravam procrastinar. Ou seja, até tal ponto, era no sábado - e não na sexta-feira - que as carteiras ficavam mais vazias.

Consolidação - e exportação - da Black Friday se deu neste milênio

9) Data gerou 'inveja' e ganhou o mundo

Por muito tempo, os lojistas canadenses morriam de inveja de seus colegas americanos, especialmente quando seus clientes fiéis colocavam o pé na estrada rumo ao sul em busca de boas compras.

Mas agora eles passaram a oferecer as suas próprias liquidações - apesar de o Dia de Ação de Graças no Canadá acontecer um mês antes.

No México, a Black Friday ganhou novo nome - 'El Buen Fin', ou "Bom fim de semana". A comemoração é associada ao aniversário da revolução de 1910 no país, que às vezes cai na mesma data que o Dia de Ação de Graças nos Estados Unidos.

Como o próprio nome sugere, o evento dura o fim de semana inteiro.

No Brasil, onde o feriado de Ação de Graças não existe, a data passou a ser incluída no calendário comercial do país quando lojistas perceberam o potencial de vendas do dia.

10) A Black Friday corre risco de extinção?

O Walmart, o maior varejista do mundo, quebrou a tradição do Black Friday em 2011, quando abriu sua loja a clientes na noite do feriado de Ação de Graças.

Desde então, lojistas por todos os Estados Unidos estão de olhos nos cerca de 33 milhões de americanos ávidos por fazer compras após se deliciar com generosas fatias de peru.

Mas não se preocupe - os lojistas também já inventaram um nome para batizar o dia adicional de compras: "Quinta-feira Cinza".

Créditos:

Kim Gittleson - BBC News

domingo, 29 de novembro de 2020

O sábio que introduziu algarismos arábicos no Ocidente e nos salvou de multiplicar CXXIII por XI

 

Al-Khwarizmi nos deixou como legado a álgebra e a palavra algoritmo

Galileu, Newton, Einstein... são três grandes nomes da ciência ocidental.

Mas, como o próprio Newton escreveu, citando o filósofo do século 12 Bernardo de Chartres:

"Se eu vi mais longe, foi por estar sentado sobre os ombros de gigantes."

Vários desses gigantes nos quais cientistas ilustres se apoiaram e continuam a se apoiar, foram relativamente esquecidos... mas, se olharmos com atenção, podemos encontrá-los.

Como a Índia revolucionou a matemática séculos antes do Ocidente

Por que os gregos antigos acreditavam que a matemática era um presente dos deuses

Segundo historiadores, o principal legado do grande matemático italiano Leonardo Pisano, mais conhecido como Fibonacci, foi ajudar a Europa a abandonar o antigo sistema de algarismos romanos e adotar os numerais indo-arábicos.

Eles constam em seu Liber Abaci ("Livro de Cálculo"), que escreveu em 1202 após estudar com um professor árabe.

Na mesma obra, há uma referência a um texto anterior chamado Modum algebre et almuchabale, e na margem está escrito Maumeht, que é a versão em latim do nome Mohamed.

Assim como Fibonacci, estudiosos europeus dos séculos 12 a 17 se referem com frequência a textos islâmicos e nomes árabes em manuscritos sobre diversos temas, da medicina à cartografia

No caso, a referência é especificamente para Abu Ja'far Muhammad ibn Musa al-Khwarizmi, conhecido como Al-Khuarismi, que viveu aproximadamente entre os anos 780 e 850.

Foi graças a ele que os intelectuais europeus souberam da existência dos numerais indo-arábicos.

Dos hindus ao Oriente Médio, de Bagdá à Europa

A obra de Al-Khuarismi aborda um aspecto crucial de toda nossa vida.

Por causa dela, o mundo europeu percebeu que sua maneira de fazer conta — ainda essencialmente baseada em algarismos romanos — era irremediavelmente ineficiente e atrapalhada.

Se eu pedir para você multiplicar 123 por 11, você consegue calcular até de cabeça. A resposta é 1.353.

Agora tente fazer isso com algarismos romanos: você tem que multiplicar CXXIII por XI. Pode ser feito, claro. Mas não é nem um pouco fácil.

Fazer conta com algarismos romanos não era nada simples

Em seu Livro de adição e subtração, de acordo com o cálculo hindu, Al-Khuarismi descreveu uma ideia revolucionária: a possibilidade de representar qualquer número com apenas 10 símbolos simples.

Essa ideia de usar apenas dez símbolos — os dígitos de 1 a 9, além do símbolo 0 — para representar todos os números de um ao infinito, foi desenvolvida por matemáticos hindus por volta do século 6, e sua importância é inestimável.

E assim os algarismos foram evoluindo, da direita para a esquerda

Ponto decimal

Al-Khuarismi e seus colegas fizeram mais do que traduzir o sistema hindu para o árabe: eles criaram o ponto decimal.

Sabemos disso graças à obra do matemático Abu'l Hasan Ahmad ibn Ibrahim Al-Uqlidisi.

O livro Kitab al-fusul fi al-hisab al-Hindi, dos anos 952-3 — o manuscrito mais antigo em que é proposto um tratamento de frações decimais, escrito apenas um século depois de Al-Khwarizmi — mostra que o mesmo sistema decimal pode ser ampliado para descrever não apenas números inteiros, mas também frações.

A ideia do ponto decimal é tão familiar para nós que é difícil entender como vivíamos antes dele — parece incrivelmente óbvio depois de ser descoberto.

O zero e o ponto decimal nos levaram ao infinito. Um ótimo exemplo é a constante de Euler, um dos números mais importantes da matemática

Quem foi Al-Khwarizmi?

Al-Khwarizmi, o grande matemático que deu ao Ocidente os números e o sistema decimal, também era astrônomo — e levou seu conhecimento para a corte do califa al-Mam'un, em Bagdá.

Ele era um emigrante da Pérsia oriental e um homem do seu tempo, a Idade de Ouro Islâmica.

Sua forma de pensar era ousada, e ele gozava de um grande luxo: vivia rodeado por livros.

Al-Khwarizmi é um dos grandes ícones do Império Islâmico

Graças ao Movimento das Traduções, que reuniu trabalhos científicos de todo o mundo conhecido até então, no fim do século 9, um importante corpus matemático grego — que incluía obras de Euclides, Arquimedes, Apolônio de Perga, Ptolomeu e Diofanto — foi traduzido para o árabe.

Da mesma forma, a matemática babilônica e hindu antigas, assim como as contribuições mais recentes de sábios judeus, estavam disponíveis para estudiosos islâmicos.

Al-Khwarizmi estava na posição privilegiada de ter acesso a diferentes tradições matemáticas.

A grega abordava principalmente a geometria, ciência de formas como triângulos, círculos e polígonos, que ensina a calcular área e volume.

A hindu havia inventado o sistema decimal de dez símbolos que tornava as contas muito mais simples.

Ao combinar a intuição geométrica com a precisão aritmética, imagens gregas e símbolos hindus, ele inspirou uma nova forma de pensamento matemático que hoje chamamos de álgebra.

Al-Khwarizmi é considerado o pai da álgebra

Al-Jabr

No livro Al-Jabr w'al-Muqabala, de autoria de Al-Khuarismi, é a primeira vez que a palavra Al-Jabr ("álgebra") aparece.

Ele começa dizendo: "Descobri que as pessoas necessitam de três tipos de números: unidades, raízes e quadrados."

E mostra a seguir como resolver equações usando métodos algébricos.

Equações quadráticas (ou de segundo grau) já eram resolvidas nos tempos da Babilônia. A diferença é que não havia fórmulas, e cada problema era resolvido individualmente:

"Pegue a metade de 10, que é 5, e o quadrado, que é 25"; e mais tarde, outro diria: "Pegue a metade de 12, que é 6, e o quadrado, que é 36."

E assim sucessivamente, eles passavam pelo mesmo processo repetidas vezes com números diferentes, conforme o caso.

As fórmulas são libertadoras porque permitem resolver os mesmos tipos de problemas sem ter que começar do zero toda vez

Para Al-Khuarismi,, a solução não estava nos números que precisávamos descobrir, mas em um processo que pudéssemos aplicar.

Ou seja: o quadrado significa fazer a raiz quadrada e multiplicá-la por ela mesma. E essa fórmula é verdadeira qualquer que seja a raiz quadrada. Se for 5, é 5 vezes 5, que é 25; se for 3, é 3 vezes 3...

Não usar números, mas símbolos, acabou sendo uma ideia incrivelmente libertadora, permitindo que você resolva problemas sem se prender a cálculos numéricos bagunçados.

'Algoritmi de numero Indorum'

Ao abandonar temporariamente a relação com números específicos, você manipula os novos elementos (x, y, z) de acordo com as regras que explica em seu livro: uma série de fórmulas.

Os números que os símbolos representam em seu problema específico aparecerão milagrosamente no final.

Pense em algo simples e cotidiano, era o que Al-Khuarismi queria ajudar a resolver:

Ahmed morre e deixa 80 moedas de herança. Para um amigo, ele destina um quarto delas; para sua viúva, um oitavo; o resto é para seus três filhos. Cada fração corresponde a quanto?

Al-Khwarizmi fez com que a incógnita fosse parte da equação: o que chamamos de X em álgebra.


O tratado escrito por Al-Khuarismi por volta de 825 sobre o sistema numérico indo-arábico foi traduzido no século 12 com o nome Algoritmi de numero Indorum, que significa "Algoritmi sobre os números hindu"; "Algoritmi" foi a tradução para o latim do nome Al-Khuarismi.

Na obra, ele nos apresenta a essas fórmulas que, devido à tradução do seu nome, acabaram sendo chamadas de algoritmos.

Al-Khwarizmi permitiu que a álgebra existisse como uma área da matemática por mérito próprio, e se tornasse um fio condutor para quase todas as outras. A álgebra nada mais é do que uma série geral de princípios e, se você os compreender, a entenderá.

Qual é a verdadeira importância da álgebra?

Ela foi usada ao longo do tempo para resolver todos os tipos de problemas.

Se a massa de uma bala de canhão for 'm' e a distância que tem que percorrer, 'd', você usa a álgebra para calcular o ângulo ideal para apontar o canhão.

É o tipo de conhecimento que vence guerras.

Ou podemos chamar a velocidade da luz de 'c', a mudança na massa de um núcleo atômico de 'm', e assim calcular a energia liberada com esta simples fórmula:

A famosa equação de de Einstein determina a equivalência entre massa e energia

Esse tipo de conhecimento é poderoso. Os números arábicos e a álgebra foram uma contribuição inestimátivel para a ciência ocidental, que permitiu desde a ida do homem à lua ao desenvolvimento do dispositivo com o qual você está lendo esta reportagem.

Créditos:

Jim Al-Khalili, físico - Da série da BBC "Ciência e Islã"

quinta-feira, 1 de outubro de 2020

Problemas decorrentes da baixa umidade do ar

Pele, olhos, nariz e gargantas secos, cabelos “indisciplinados”, indisposição, incêndios: algumas manifestações típicas de baixos índices referentes à umidade relativa do ar. Geralmente provocados por massas de ar quentes e secas, tal situação pode causar, além dos desconfortos citados, danos à saúde. Por este motivo, é interessante saber algumas informações sobre a baixa umidade relativa do ar.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a umidade do ar ideal compreende a faixa entre 50 e 80%. Entretanto, em algumas épocas do ano, como no inverno, ela tende a cair, inclusive, abaixo de 30%. As regiões Centro-Oeste e Sudeste são, geralmente, as mais prejudicadas.

Nestes estados, há um significativo aumento de buscas por atendimento médico, principalmente por pessoas alérgicas. Isso acontece porque as mucosas costumam ressecar e inflamar nestes períodos. Como, dentre outras funções, estas desempenham um papel de barreira física à entrada de substâncias nocivas ao nosso corpo, o clima seco propicia a entrada de agentes estranhos. Empenhado em manter a homeostase, nosso organismo acaba se sobrecarregando, trazendo a inevitável sensação de cansaço.

Como foge ao nosso controle imediato impedir esta manifestação climática, algumas medidas podem ser utilizadas para melhorar nossa saúde e qualidade de vida em tais períodos:

• Ingerir bastante líquido;

• Espalhar panos ou baldes com água em ambientes da casa, principalmente no quarto, ao dormir, ou utilizar umidificadores de ar;

• Lavar nariz e olhos com soro fisiológico algumas vezes ao dia;

• Trocar comidas com muito sal ou condimentos por alimentos mais saudáveis;

• Usar creme hidratante na pele, e creme sem enxágue em cabelos não-oleosos;

• Evitar exercícios físicos entre as 10 da manhã e 5 da tarde;

• Evitar grandes aglomerações;

• Evitar carpetes ou cortinas que acumulem poeiras;

• Evitar roupas e cobertores de lã ou com pelos;

• Evitar exposição prolongada à ambientes com ar condicionado;

• Manter a casa higienizada, arejada e ensolarada;

• Não provocar queimadas.


quarta-feira, 16 de setembro de 2020

PREVENÇÃO DO SUICÍDIO: UM MANUAL PARA PROFISSIONAIS DA SAÚDE EM ATENÇÃO PRIMÁRIA

 Prefácio

O suicídio é um fenômeno complexo que tem atraído a atenção de filósofos, teólogos, médicos, sociólogos e artistas através dos séculos; de acordo com um filósofo francês Albert Camus, em O Mito de Sísifo, esta é a única séria questão filosófica.

Como um sério problema de saúde pública, este demanda nossa atenção, mas sua prevenção e controle, infelizmente, não são uma tarefa fácil. As melhores pesquisas indicam que a prevenção do suicídio, enquanto factível, envolve uma série completa de atividades, abrangendo desde a provisão das melhores condições possíveis para congregar nossas crianças e jovens através de um tratamento efetivo dos distúrbios mentais até um controle ambiental dos fatores de risco. Elementos essenciais para os programas prevenção do suicídio são o aumento da percepção e a disseminação de informação apropriada. Em 1999 a OMS lançou o SUPRE, sua iniciativa mundial para a prevenção do suicídio. Este livreto é um de uma série de fontes preparadas como parte do SUPRE e destinado a grupos profissionais e sociais particularmente relevantes na prevenção do suicídio. Isto representa um elo numa longa e diversificada corrente envolvendo um largo espectro de pessoas e grupos, incluindo profissionais de saúde, educadores, agentes sociais, governantes, legisladores, comunicadores sociais, forças da lei, famílias e comunidades.

Somos especialmente devedores à Dra. Lakshimi Vijayakumar, SNEHA, Chennai, Índia, que preparou uma versão preliminar desse livreto. O texto foi posteriormente revisado pelos seguintes membros da Rede Internacional de Prevenção ao Suicídio da OMS, aos quais somos gratos:

- Dr. ∅ivind Ekeberg, Ullevål Hospital, Universidade def Oslo, Oslo, Noruega

- Professor Jouko Lønnqvist, National Public Health Institute, Helsinki, Finlândia

- Professor Lourens Schlebush, Universidade de Natal, Durban, África do Sul

- Dr. Airi Värnik, Universidade de Tartu, Tallinn, Estônia

- Dr. Shutao Zhai, Nanjing Medial University Brain Hospital, Nanjing, China.

Livretos como este estão agora sendo amplamente disseminados, na esperança de que eles serão traduzidos e adaptados às condições locais – um prérequisito para sua eficácia. Comentários e requisições para permissão de tradução e adaptação serão então bem vindos.

Dr. J. M. Bertolote - Coordenador, Trantornos Mentais e Comportamentais Departmento de Saúde Mental

Organização Mundial da Saúde

Janaína Phillipe Cecconi, Sabrina Stefanello e Neury José Botega, do Departamento de Psicologia

Médica e Psiquiatria da Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, Brasil. Centro Brasileiro do Estudo Multicêntrico de Intervenção no Comportamento Suicida – SUPRE-MISS, da Organização Mundial da Saúde.

PREVENÇÃO DO SUICÍDIO UM MANUAL PARA PROFISSIONAIS DA SAÚDE PRIMÁRIA

SUICÍDIO – A DIMENSÃO DO PROBLEMA

• Estima-se que um milhão de pessoas cometeram suicídio no ano de 2000 no mundo.

• A cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio no mundo.

• A cada 3 segundos uma pessoa atenta contra a própria vida.

• O suicídio está entre as três maiores causa de morte entre pessoas comidade entre 15-35 anos.

• Cada suicídio tem um sério impacto em pelo menos outras seis pessoas.

• O impacto psicológico, social e financeiro do suicídio em uma família ecomunidade é imensurável.

Suicídio é um problema complexo para o qual não existe uma única causa ou uma única razão. Ele resulta de uma complexa interação de fatores biológicos, genéticos, psicológicos, sociais, culturais e ambientais.

É difícil explicar porque algumas pessoas decidem cometer suicídio, enquanto outras em situação similar ou pior não o fazem. Contudo a maioria dos suicídios pode ser prevenida.

Suicídio é agora uma grande questão de Saúde Pública em todos os países. Capacitar a equipe de atenção primária à saúde para identificar, abordar, manejar e encaminhar um suicida na comunidade é um passo importante na prevenção do suicídio.

POR QUE O ENFOQUE NA EQUIPE DE ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE?

• A equipe de atenção primária tem um longo e próximo contato com a comunidade e são bem aceitos pela população local.

• A equipe provê um elo vital entre a comunidade e o sistema de saúde.

• Em muitos países em desenvolvimento, onde os serviços de saúde mental não estão bem estruturados, o profissional de atenção primária é freqüentemente o primeiro recurso de atenção à saúde.

• O seu conhecimento da comunidade permite-lhe reunir o apoio dos familiares, amigos e organizações.

• Esse profissional está em posição de oferecer cuidado continuado.

• É também a porta de entrada aos serviços de saúde para os que deles necessitarem.

Em resumo, os profissionais de saúde da atenção primária são disponíveis, acessíveis, detentores de conhecimento e comprometidos com a promoção de saúde.

SUICÍDIO E TRANSTORNOS MENTAIS

Estudos tanto em países desenvolvidos quanto em desenvolvimento revelam dois importantes fatores relacionados ao suicídio. Primeiro, a maioria das pessoas que cometeu suicídio tem um transtorno mental diagnosticável. Segundo, suicídio e comportamento suicida são mais freqüentes em pacientes psiquiátricos. Esses são os grupos diagnósticos, em ordem decrescente de risco de:

• depressão (todas as formas);

• transtorno de personalidade (anti-social e borderline com traços de impulsividade, agressividade e freqüentes alterações do humor);

• alcoolismo (e/ou abuso de substância em adolescentes);

• esquizofrenia;

• transtorno mental orgânico;

Apesar de a maioria das pessoas com risco de suicídio presentarem transtorno mental, a maioria não procura um profissional de saúde mental, mesmo em países desenvolvidos. Assim, o papel da equipe de atenção primária à saúde torna-se vital.

DEPRESSÃO

Depressão é o diagnóstico mais comum em suicídios consumados. Todos sentem-se deprimidos, tristes, solitários e instáveis de tempos em tempos, mas marcadamente esses sentimentos passam. Contudo, quando os sentimentos são persistentes e interferem na vida normal, usual da pessoa, eles tornam-se sentimentos depressivos e levam a um de transtorno depressivo.

Alguns dos sintomas comuns de depressão são:

• sentir-se triste durante a maior parte do dia, diariamente;

• perder o interesse em atividades rotineiras;

• perder peso (quando não em dieta) ou ganhar peso;

• dormir demais ou de menos ou acordar muito cedo;

• sentir-se cansado e fraco o tempo todo;

• sentir-se inútil, culpado e sem esperança;

• sentir-se irritado e cansado o tempo todo;

• sentir dificuldade em concentrar-se, tomar decisões ou lembrar-se das coisas;

• ter pensamentos freqüentes de morte e suicídio.

PORQUE A DEPRESSÃO É IGNORADA

Apesar de uma grande variedade de tratamentos estarem disponíveis para depressão, existem muitas razões para que esta doença seja freqüentemente não diagnosticada:

• As pessoas freqüentemente ficam constrangidas em admitir que estão deprimidas, porque vêem os sintomas como um “sinal de fraqueza”.

• As pessoas estão familiarizadas com os sentimentos associados à depressão e, então, não são capazes de reconhecê-los como doença.

• A depressão é mais difícil de diagnosticar quando a pessoas tem outra doença física.

• Pacientes com depressão podem apresentar-se com uma ampla variedade de dores e queixas vagas.

Depressão é tratável

Suicídio pode ser prevenido

ALCOOLISMO

• Cerca de um terço dos casos de suicídio estão ligados à dependência do álcool;

• 5 – 10% das pessoas dependentes de álcool terminam sua vida pelo suicídio;

• No momento do ato suicida muitos se apresentam sob a influência do álcool.

Caracteristicamente, pessoas com problemas relacionados ao álcool que cometem suicídio são preferencialmente as que:

• iniciaram o consumo de álcool em idade bem jovem;

• vêm consumindo álcool por um longo período;

• bebem em grandes quantidades;

• têm uma saúde física pobre;

• sentem-se deprimidas;

• têm vidas pessoais perturbadas e caóticas;

• sofreram uma grande perda interpessoal recente, como separação da mulher e/ou família, divórcio ou perda da pessoa amada;

• têm um desempenho limitado no trabalho.

Pessoas dependentes de álcool que cometem suicídio não só começam a beber em idade precoce e bebem intensamente, como também vêm de famílias de alcoolistas.

Abuso de substâncias químicas tem sido encontrado cada vez mais em adolescentes que começam a ter com comportamentos suicidas.

A presença conjunta de alcoolismo e depressão em um indivíduo aumenta enormemente o risco de suicídio

ESQUIZOFRENIA

Aproximadamente 10% dos esquizofrênicos acabam cometendo suicídio. Esquizofrenia é caracterizada por distúrbios na fala, pensamento, audição ou visão, higiene pessoal e comportamento social. Em resumo, por uma mudança drástica no comportamento e/ou sentimentos, ou por idéias estranhas.

Esquizofrênicos têm um aumento no risco de suicídio se eles:

• são jovens, solteiros, homens desempregados;

• estão nos estágios iniciais da doença;

• encontram-se deprimidos;

• propensos a recaídas freqüentes;

• altamente instruídos;

• paranóides (cismados).

Esquizofrênicos são mais propensos ao suicídio nos seguintes períodos:

• nos estágios iniciais da doença, quando estão confusos e/ou perplexos;

• no início da recuperação, quando externamente seus sintomas estão melhores mas internamente eles sentem-se vulneráveis;

• no início de uma recaída, quando achavam que tinham superado o problema, mas os sintomas retornaram;

• logo que recebem alta hospitalar.

DOENÇAS FÍSICAS E SUICÍDIO

Alguns tipos de doenças físicas são associadas a um aumento das taxas de suicídio

Doenças Neurológicas

Epilepsia

A impulsividade crescente, agressividade e incapacidade física crônica freqüentemente vistas em epilépticos são razões mais fortes para o aumento de comportamento suicida nestes pacientes. Alcoolismo e abuso de drogas contribuem para isto.

Trauma medular ou craniano e acidente vascular cerebral Quanto mais graves as lesões, maior o risco de suicídio.

Câncer

Há indicações de que doença terminal (câncer) associa-se ao aumento das taxas de suicídio. O risco de suicídio é maior em:

• homens;

• no início do diagnóstico (dentro dos primeiros cinco anos);

• quando o paciente está em quimioterapia.

HIV e AIDS

O estigma, pobre prognóstico e a natureza da doença aumentam o risco de suicídio em pessoas infectadas pelo HIV. Na época do diagnóstico, quando o paciente não tem aconselhamento pós-teste, o risco de suicídio é alto.

Condições Crônicas

As seguintes condições crônicas têm possível associação com risco aumentado de suicídio:

• diabetes;

• esclerose múltipla;

• condições crônicas renais, hepáticas ou gastrointestinais;

• doenças nos ossos ou articulações, com dor crônica;

• doenças cerebrovasculares ou neurovasculares;

• doenças sexuais.

Aqueles que têm dificuldade em andar, ver ou ouvir estão também em risco.

O risco de suicídio aumenta em doenças crônicas e dolorosas

SUICÍDIO – FATORES SOCIODEMOGRÁFICOS E AMBIENTAIS

Sexo

Homens cometem mais suicídio que mulheres, mas mais mulheres tentam suicídio.

Idade

A taxa de suicídio tem dois picos:

• em jovens (15 – 35 anos);

• em idosos (acima de 75 anos).

Estado Civil

Pessoas divorciadas, viúvas e solteiras têm maior risco do que pessoas casadas. As que vivem sozinhas ou são separadas são mais vulneráveis.

Profissão

Médicos, veterinários, farmacêuticos, químicos e agricultores têm taxas de suicídio maiores que a média.

Desemprego

Perda do emprego, mais do que o fato de estar desempregado, foi associado com suicídio.

Migração

Pessoas que se mudaram de uma área rural para urbana, ou diferentes regiões, ou países, são mais vulneráveis a comportamento suicida.

Fatores Ambientais

Estressores da Vida

A maioria dos que cometem suicídio passaram por acontecimentos estressantes nos três meses anteriores ao suicídio, como:

• Problemas interpessoais: ex. discussões com esposas, família, amigos,namorados;

• Rejeição – ex.: separação da família e amigos;

• Eventos de perda – ex.: perda financeira, luto;

• Problemas financeiros e no trabalho – ex.: perda do emprego,aposentadoria, dificuldades financeiras;

• Mudanças na sociedade – ex.: rápidas mudanças políticas e econômicas;

• Vários outros estressores como vergonha e ameaça de serem considerados culpados.

Facilidade de acesso

O imediato acesso a um método para cometer suicídio é um importante fator determinante para um indivíduo cometer ou não suicídio. Reduzir o acesso a métodos de cometer suicídio é uma estratégia efetiva de prevenção.

Exposição ao suicídio

Uma pequena parcela dos suicídios consiste em adolescentes vulneráveis que são expostos ao suicídio na vida real, ou através dos meios de comunicação, e podem ser influenciados a se envolver em comportamento suicida.

O ESTADO MENTAL E O SUICÍDIO

Três características em particular são próprias do estado das mentes suicidas:

1. Ambivalência: A maioria das pessoas já teve sentimentos confusos de cometer suicídio. O desejo de viver e o desejo de morrer batalham numa gangorra nos indivíduos suicidas. Há uma urgência de sair da dor de viver e um desejo de viver. Muitas pessoas suicidas não querem realmente morrer – é somente porque elas estão infelizes com a vida. Se for dado apoio emocional e o desejo de viver aumentar, o risco de suicídio diminui.

2. Impulsividade: Suicídio é também um ato impulsivo. Como qualquer outro impulso, o impulso para cometer suicídio é transitório e dura alguns minutos ou horas. É usualmente desencadeado por eventos negativos do dia-a-dia. Acalmando tal crise e ganhando tempo, o profissional da saúde pode ajudar a diminuir o desejo suicida.

3. Rigidez: Quando pessoas são suicidas, seus pensamentos, sentimentos e ações estão constritos, quer dizer: elas constantemente pensam sobre suicídio e não são capazes de perceber outras maneiras de sair do problema. Elas pensam rígida e drasticamente.

A maioria das pessoas suicidas comunica seus pensamentos e intenções suicidas. Elas freqüentemente dão sinais e fazem comentários sobre “querer morrer”, “sentimento de não valer pra nada”, e assim por diante. Todos estes pedidos de ajuda não podem ser ignorados.

Quaisquer que sejam os problemas, os sentimentos e pensamentos da pessoa suicida tendem a ser os mesmos em todo o mundo.

Sentimentos

Pensamentos

Tristeza, depressão

“Eu preferia estar morto”

Solidão

“Eu não posso fazer nada”

Desamparo

“Eu não agüento mais”

Desesperança

“Eu sou um perdedor e um peso pros outros.”

Auto-desvalorização

“Os outros vão ser mais felizes sem mim.”

COMO AJUDAR A PESSOA COM RISCO DE SUICÍDIO?

Quando as pessoas dizem “Eu estou cansado da vida” ou “Não há mais razão para eu viver”, elas geralmente são rejeitadas, ou, então são obrigadas a ouvir sobre outras pessoas que estiveram em dificuldades piores. Nenhuma dessas atitudes ajuda a pessoa com risco de suicídio.

O contanto inicial com o suicida é muito importante. Freqüentemente o contato ocorre numa clínica, casa ou espaço público, onde pode ser difícil ter uma conversa particular.

1. O primeiro passo é achar um lugar adequado onde uma conversa tranqüila possa ser mantida com privacidade razoável.

2. O próximo passo é reservar o tempo necessário. Pessoas com ideação suicida usualmente necessitam de mais tempo para deixarem de se achar um fardo e precisa-se estar preparado mentalmente para lhes dar atenção.

3. A tarefa mais importante é ouvi-las efetivamente. “Conseguir esse contato e ouvir é por si só o maior passo para reduzir o nível de desespero suicida.”

O objetivo é preencher uma lacuna criada pela desconfiança, desespero e perda de esperança e dar à pessoa a esperança de que as coisas podem mudar para melhor.

Como se comunicar

• Ouvir atentamente, ficar calmo.

• Entender os sentimentos da pessoa (empatia).

• Dar mensagens não-verbais de aceitação e respeito.

• Expressar respeito pelas opiniões e valores da pessoa.

• Conversar honestamente e com autenticidade.

• Mostrar sua preocupação, cuidado e afeição.

• Focalizar nos sentimentos da pessoa.

Como não se comunicar

• Interromper muito freqüentemente.

• Ficar chocado ou muito emocionado.

• Dizer que você está ocupado.

• Tratar o paciente de maneira que o coloca numa posição de inferioridade.

• Fazer comentários invasivos e pouco claros.

• Fazer perguntas indiscretas.

Uma abordagem calma, aberta, de aceitação e de não-julgamento é fundamental para facilitar a comunicação.

Ouça com cordialidade.

Trate com respeito.

Empatia com as emoções.

Cuidado com o sigilo.

SUÍCIDIO – FATO E FICÇÃO

FICÇÃO

FATO

1. Pessoas que   ficam ameaçando suicídio não se matam.

1. A maioria das   pessoas que se matam deram avisos de sua intenção.

2. Quem quer se matar, se mata mesmo.

2. A maioria dos que pensam em se matar, têm sentimentos   ambivalentes.

3. Suicídios ocorrem sem avisos.

3. Suicidas   freqüentemente dão ampla indicação de sua intenção.

4. Melhora após a crise significa que o risco de suicídio   acabou.

4. Muitos suicídios ocorrem num período de melhora,   quando a pessoa tem a energia e a vontade de transformar pensamentos   desesperados em ação auto-destrutiva.

5. Nem todos os suicídios podem ser prevenidos.

5. Verdade, mas a maioria pode-se prevenir.

6. Uma vez suicida, sempre suicida.

6. Pensamentos suicidas podem retornar, mas eles não são   permanentes e em algumas pessoas eles podem nunca mais retornar.

COMO IDENTIFICAR UMA PESSOA SOB RISCO DE SUICÍDIO

Sinais para procurar na história de vida e no comportamento das pessoas:

1. Comportamento retraído, inabilidade para se relacionar com a família e amigos

2. Doença psiquiátrica

3. Alcoolismo

4. Ansiedade ou pânico

5. Mudança na personalidade, irritabilidade, pessimismo, depressão ou apatia

6. Mudança no hábito alimentar e de sono

7. Tentativa de suicídio anterior

8. Odiar-se, sentimento de culpa, de se sentir sem valor ou com vergonha

9. Uma perda recente importante – morte, divórcio, separação, etc.

10. História familiar de suicídio

11. Desejo súbito de concluir os afazeres pessoais, organizar documentos,escrever um testamento, etc.

12. Sentimentos de solidão, impotência, desesperança.

13. Cartas de despedida

14. Doença física

15. Menção repetida de morte ou suicídio

COMO ABORDAR O PACIENTE

Quando a equipe de saúde primária suspeita que exista a possibilidade de um comportamento suicida, os seguintes aspectos necessitam ser avaliados:

• Estado mental atual e pensamentos sobre morte e suicídio;

• Plano suicida atual – quão preparada a pessoa está, e quão cedo o ato está para ser realizado;

• Sistema de apoio social da pessoa (família, amigos, etc.).

A melhor maneira de descobrir se uma pessoa tem pensamentos de suicídio é perguntar para ela. Ao contrário da crença popular, falar a respeito de suicídio não coloca a ideia na cabeça das pessoas. De fato, elas ficarão muito agradecidas e aliviadas de poder falar abertamente sobre os assuntos e questões com as quais estão se debatendo.

Como perguntar?

Não é fácil perguntar para uma pessoa sobre sua ideação suicida. Ajuda se você chegar no tópico gradualmente. Algumas questões úteis são:

• Você se sente triste?

• Você sente que ninguém se preocupa com você?

• Você sente que a vida não vale mais a pena ser vivida?

• Você sente como se estivesse cometendo suicídio?

Quando perguntar?

• Quando a pessoa tem o sentimento de estar sendo compreendida;

• Quando a pessoa está confortável falando sobre seus sentimentos;

• Quando a pessoa está falando sobre sentimentos negativos de solidão, desamparo, etc.

O que perguntar?

1. Descobrir se a pessoa tem um plano definido para cometer suicídio:

• Você fez algum plano para acabar com sua vida?

• Você tem uma ideia de como você vai fazê-lo?

2. Descobrir se a pessoa tem os meios para se matar:

• Você tem pílulas, uma arma, inseticida, ou outros meios?

• Os meios são facilmente disponíveis para você?

3. Descobrir se a pessoa fixou uma data:

• Você decidiu quando você planeja acabar com sua vida?

• Quando você está planejando fazê-lo?

Todas estas questões precisam ser perguntadas com cuidado, preocupação e compaixão

COMO LIDAR COM O PACIENTE

BAIXO RISCO

A pessoa teve alguns pensamentos suicidas, como “Eu não consigo continuar”, “Eu gostaria de estar morto”, mas não fez nenhum plano.

Ação Necessária

• Oferecer apoio emocional.

• Trabalhar sobre os sentimentos suicidas. Quanto mais abertamente apessoa fala sobre perda, isolamento e desvalorização, menos turbulentas suas emoções se tornam. Quando a turbulência emocional cede, a pessoa pode se tornar reflexiva. Este processo de reflexão é crucial, ninguém senão o indivíduo pode revogar a decisão de morrer e tomar a decisão de viver.

• Focalize na força positiva da pessoa, fazendo-a falar como problemas anteriores foram resolvidos sem recorrer ao suicídio.

• Encaminhe a pessoa para um profissional de saúde mental ou a um médico.

• Encontre-a em intervalos regulares e mantenha contato externo.

MÉDIO RISCO

A pessoa tem pensamentos e planos, mas não tem planos de cometer suicídio imediatamente.

Ação Necessária

• Ofereça apoio emocional, trabalhe com os sentimentos suicidas da pessoa e focalize em forças positivas. Em adição, continue com os passos abaixo.

• Focalize os sentimentos de ambivalência. O profissional da saúde deve focalizar na ambivalência sentida pela pessoa suicida, entre viver e morrer, até que gradualmente o desejo de viver se fortaleça.

• Explore alternativas ao suicídio. O profissional da saúde deve tentar explorar as várias alternativas ao suicídio, até aquelas que podem não ser soluções ideais, na esperança de que a pessoa vá considerar ao menos uma delas.

• Faça um contrato. Extraia uma promessa do individuo suicida de que ele ou ela não vai cometer suicídio

• Sem que se comunique com a equipe de saúde;

• Por um período especifico.

• Encaminhe a pessoa a um psiquiatra, ou médico, e marque uma consulta o mais breve possível.

• Entre em contato com a família, amigos e colegas, e reforce seu apoio.

ALTO RISCO

A pessoa tem um plano definido, tem os meios para fazê-lo, e planeja fazê-lo imediatamente.

Ação Necessária

• Estar junto da pessoa. Nunca deixá-la sozinha.

• Gentilmente falar com a pessoa e remover as pílulas, faca, arma,inseticida, etc. (distância dos meios de cometer suicídio).

• Fazer um contrato.

• Entrar em contato com um profissional da saúde mental ou médico imediatamente e providenciar uma ambulância e hospitalização.

• Informar a família e reafirmar seu apoio.

ENCAMINHANDO O PACIENTE COM RISCO DE SUICÍDIO

Quando encaminhar

Quando a pessoa tem:

• Doença psiquiátrica;

• Uma história de tentativa de suicídio anterior;

• Uma história familiar de suicídio, alcoolismo ou doença mental;

• Doença física;

• Nenhum apoio social.

Como encaminhar:

• O trabalhador da saúde primária deve ter tempo para explicar à pessoa a razão do encaminhamento.

• Marcar a consulta.

• Esclareça à pessoa que o encaminhamento não significa que o profissional da saúde está lavando as mãos em relação ao problema.

• Veja a pessoa depois da consulta.

• Mantenha contato periódico.

RECURSOS DA COMUNIDADE

As fontes de apoio usualmente disponíveis são:

• Família;

• Amigos;

• Colegas;

• Clérigo;

• Centros de crise;

• Profissionais de saúde.

Como obter estes recursos?

• Tente conseguir permissão do paciente para recrutar quem possa ajudá-la, e depois entre em contato com essas pessoas.

• Mesmo que a permissão não seja dada, tente localizar alguém que seria particularmente compreensivo com o paciente.

• Fale com o paciente e explique que algumas vezes é mais fácil falar com um estranho do que com uma pessoa amada, para que ele ou ela não se sinta negligenciado ou ferido.

• Fale com as pessoas de apoio sem acusá-las ou fazê-las sentirem-se culpadas.

• Assegure novamente seu apoio nas ações que serão tomadas.

• Fique atento, também, às necessidades dos que se propuseram a ajudar.

O QUE FAZER E O QUE NÃO FAZER

O que fazer

• Ouvir, mostrar empatia, e ficar calmo;

• Ser afetuoso e dar apoio;

• Leve a situação a sério e verifique o grau de risco;

• Pergunte sobre tentativas anteriores;

• Explore as outras saídas, além do suicídio;

• Pergunte sobre o plano de suicídio;

• Ganhe tempo – faça um contrato;

• Identifique outros formas de dar apoio emocional;

• Remova os meios, se possível;

• Tome atitudes, conte a outros, consiga ajuda;

• Se o risco é grande, fique com a pessoa.

O que não fazer

• Ignorar a situação;

• Ficar chocado ou envergonhado e em pânico;

• Falar que tudo vai ficar bem;

• Desafiar a pessoa a continuar em frente;

• Fazer o problema parecer trivial;

• Dar falsas garantias;

• Jurar segredo;

• Deixar a pessoa sozinha.

CONCLUSÃO

Compromisso, sensibilidade, conhecimento, preocupação com outro ser humano e a crença de que a vida é um aprendizado que vale a pena - são os principais recursos que os profissionais de saúde primária têm; apoiados nisso eles podem ajudar a prevenir o suicídio.

segunda-feira, 18 de maio de 2020

MANUSEIO DAS VIAS AÉREAS DO PACIENTE COM COVID-19

NOTÍCIAS DO CREMESP
Fonte: http://www.cremesp.org.br/?siteAcao=NoticiasC&id=5615
AULA ON LINE EM 24/04/2020

A palestra Manuseio das Vias Aéreas do Paciente com Covid-19 foi ministrada no dia 17 de abril pela anestesiologista Cláudia Marquez Simões, coordenadora do núcleo de via aérea difícil do Hospital das Clínicas – FMUSP, além de referência em intubação no contexto do novo coronavírus, no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) e Hospital Sírio e Libanês. Fez parte da série de aulas on line (lives) organizada pelo Cremesp como estratégia de informação e enfrentamento dos médicos à infecção, e resposta efetiva às fake news.
Na verdade, a aula da anestesiologia se alinha àquela ministrada em 2 de abril pelo professor Carlos Carvalho, da disciplina de pneumologia da FMUSP, relativa à Ventilação Mecânica e Covid-19. As lives no assunto vêm sendo apresentadas pelo conselheiro Edoardo Vattimo, coordenador de Comunicação da Casa, responsável ainda por mediar perguntas encaminhadas pela plateia virtual.
Estar informado sobre tais assuntos é essencial, pois muitos dos pacientes que contraem Covid-19 evoluem com insuficiência respiratória. Ainda que a covid-19 seja uma doença sistêmica, em Wuhan, China – o epicentro inicial da pandemia –, relatou-se que 60% dos internados em Unidade de Terapia Intensiva (uti) foram intubados em virtude de dificuldades respiratórias e de oxigenação.  “Estima-se que 2.600 pacientes foram submetidos à intubação orotraqueal (IOT), dos 79.824 casos registrados naquele país”, explica Cláudia.
Aspectos clínicos
De acordo com a médica, se realizar IOT já é estressante na rotina de urgência e emergência, torna-se muito mais em situação de pressão sobre o sistemas de saúde com recursos restritos, e, ainda, ao se lidar com agente altamente contaminante e que, por isso, demanda de proteção extra para a equipe de saúde. 
No âmbito da covid-19 estima-se que 14% desenvolvem dispneia ou taquipneia; apresentam infiltrado pulmonar maior que 50 % em 48 horas; 61% dos internados em UTI têm Síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA). Além destas, sofrem pelas consequências de disfunções orgânicas múltiplas, como lesão cardíaca, em 23% dos casos em UTI; lesão hepática, em 29%; lesão renal, em 29%; e alterações neurocognitivas, em ⅓ dos pacientes.
Intubação: condutas iniciais
Conceitualmente, o mecanismo que leva a vias aéreas difíceis pode ser dividido em anatômicos ou fisiológicos. O primeiro caso é clássico e se refere a pacientes com alterações morfológicas de suas vias aéreas. Contudo, associa-se a à covid-19 também um componente de dificuldade com origem fisiológica, por conta dos efeitos sistêmicos da doença.
Assim, mesmo em pacientes mais favoráveis anatomicamente, a IOT pode ser tornar desafiadora em portadores de covid-19, em vista da baixa reserva pulmonar e pelo fato de que, em geral, aquela pessoa já vai ser encontrada dessaturando no momento da intubação.  Além disso, o estresse é grande, pois o cenário trazido pelo novo coronavírus não é o habitual: exige do profissional grande habilidade prática em intubação de vias aéreas difíceis e preparação para os planos implícitos em intubação difícil, como A, B, C – e, se necessário D. 
Antes da IOT, deve ser considerada a hipótese de o procedimento dar errado, tornando necessária cirurgia. Por isso, é prudente identificar a membrana cricotireóidea do assistido, com palpação ou escaneamento por ultrassom, marcando o local na pele do paciente. Para visualizar melhor as cordas vocais, recomenda-se o uso de um videolaringoscópio.
O painel internacional sobre intubação em covid-19 a partir de dados obtidos por pesquisadores na área é reproduzido abaixo.
A ideia de ter à disposição vários planos de ação partiu da experiência de médicos que atuaram no front em Wuhan e, ainda, do preconizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). “Ao fazer uma intubação de paciente com covid 19 é preciso ter tudo funcionando e estratégia de resgate, caso algo dê errado” explica a anestesiologista. O essencial:  fonte de oxigênio acessível e disponível, que consiga chegar até o paciente; auxílio, pois quem está intubando nem sempre consegue fazer tudo sozinho – o ideal é ter outro colega clínico ou intensivista de stand by, paramentado; monitoramento adequado ao paciente; e ventilador disponível e funcionando.
É importante ainda checar a estabilidade hemodinâmica; verificar todos os conectores e, uma vez que o paciente esteja intubado, minimizar ao máximo eventuais desconexões para evitar quebra de barreira capaz de proporcionar aerossolização; bem como, avaliar se o acesso intravenoso está funcional, garantindo que o atendido receba as drogas de maneira efetiva.
Ainda no cenário pré-intubação, algoritmo didático da Sociedade de Via Aérea Difícil sugere ter à mão, antes do procedimento: 
•    cânulas orofaríngeas
•    estiletes para intubação
•    tubos traqueais com vias para aspiração
•    dispositivo supraglótico como máscara laríngea (para resgate)
•    dispositivo para aspiração de via aérea, se possível, aspirador rígido
•    lubrificantes, se necessário
•    fixadores para o tubo
•    seringa para insuflar balonete
•    clamp (braçadeira) é desejável
•    videolaringoscópio é recomendado
Idealmente a proteção do tubo deve ser feita com um êmbolo de seringa, conector swivel ou por clampeamento, com o intuito de reduzir liberação de aerossóis pelo reflexo de tosse do paciente. Somente após a conexão do tubo ao ventilador, o clampeamento deve ser removido.
Paramentação
Não há em literatura informações sobre as chances de profissionais de saúde contraírem covid-19 por procedimentos que resultam liberação de aerossóis. Contudo, em um paralelo com estudos sobre SARS, estima-se que os riscos de contaminação sejam seis vezes maiores em IOT; três vezes, em ventilação não invasiva (VNI); 4.2 vezes em traqueostomia. 2.8 vezes, em ventilação com máscara facial.
“Qualquer procedimento que manipule as vias aéreas carrega um risco de contágio do profissional”, explica a especialista no assunto. Nessa conjuntura, a importância da paramentação é percebida por algumas especificidades. Por exemplo, durante a intubação o fio guia do videolaringoscópio fica a uma distância curta do paciente, o que facilita o contágio da equipe com aerossóis. 
No Brasil são seguidas as recomendações nacionais, porém, quando os equipamentos disponíveis são comparados com os de outros países, observa-se relativa deficiência. 
No decorrer da IOT, a equipe deve ser mínima e estar toda paramentada com EPIs, como máscara N95; face shield; avental impermeável, touca e luva dupla: realizada a intubação, o médico deve retirar a luva de cima, para evitar contaminação de outros materiais dentro da sala.
Após o procedimento, o ideal é que a desparamentação seja feita de maneira atenta e checada por outro membro da equipe. Se possível, fora do ambiente de intubação.
Em manuscrito publicado na New England Journal of Medicine (NEJM) em que os autores abordam a dispersão de micropartículas, é discutida a inclusão de métodos de barreira de proteção, como o uso de caixa de acrílico colocada em volta da cabeça do paciente na IOT, que permite a intubação através dela. Demonstraram-se úteis em manequins, mas apresentam a desvantagens de funcionarem como distratoras, causando atraso no procedimento, mesmo entre os profissionais mais gabaritados. Foi semelhante ao ocorrido com barreiras adaptadas com sacos plásticos.
Ainda sobre as barreiras acrílicas ou plásticas:
•    A tentativa de uso de barreiras pode dificultar os procedimentos e, com isso, aumentar o potencial de contaminação
•    Só utilizar as barreiras de proteção física adicionais com o plástico ou caixas de acrílico após treinamento em manequins
•    O uso pode ser salutar no momento da extubação
•    Garantir que o paciente não reaja durante a intubação pode ser superior à proteção com barreiras
A intubação
A recomendação para o paciente que necessitar intubação por covid-19 é que seja um procedimento rápido, em virtude da baixa reserva pulmonar, e para minimizar os riscos de aerossolização: o “tiro” tem que ser rápido e exige preparação do profissional.
Uma vez que o material esteja separado e a equipe esteja paramentada e protegida, o paciente precisa ser pré-oxigenado com Fi02  a 100%, com a máscara facial coaptada em sua face. O objetivo é promover a desnitrogenização do pulmão do paciente e conferir mais tempo para o procedimento de intubação. No intuito de evitar vazamento de partículas, a literatura descreve conduta simples e eficiente: cobrir o nariz e boca do atendido com gazes umedecidas, que não vão dificultar a passagem do ar.
A sequência rápida de intubação seguindo o Plano A pode ser feita por vídeolaringoscópio (a primeira escolha, por permitir melhor ângulo de visão) ou direta, e se restringir a duas ou três tentativas. Os planos B ou C usam dispositivo supraglótico e também se resumem a duas ou três tentativas. Prevêem decisões quanto a mudar o tipo ou o tamanho do dispositivo e, ainda, em relação a ventilar sob a máscara, perante insucesso. Já o plano D é cirúrgico e corresponde à cricotireoidostomia.
Paper recente apregoa duas estratégias chamadas de He ou She, nas quais o objetivo é agregar maiores mecanismos de proteção e afastar aerossolização, conectando o filtro HEPA diretamente no tubo que vai ser utilizado no videolaringoscópio.
Para avaliar a dificuldade de acesso à via aérea pode-se usar o score MACOCHA sobre previsibilidade de VAD.
Em um check list antes da intubação é imprescindível avaliar:
Monitorização – necessário eletrocardiograma (ECG); oximetria; medição de pressão arterial não invasiva (PANI); capnografia; e checagem de acesso venoso prévio.
Posicionamento – avaliar ramping/decúbito 30º; colocação de coxim occipital; checar cama fixa.
Pré-oxigenação – maior ou igual a 3-5 min ou ETO2 > 85-90%
Otimizar a condição clínica – Fluidos/vasopressor/inotrópico
Aspiração pela sonda nasogástrica (SNG).
Na realização de IOT é preciso:
•    Insuflar o cuff (ou balonete do tubo endotraqueal, dispositivo que serve para obstruir ao redor das vias aéreas) antes de ventilar
•    Checar a capnografia
•    Apertar as conexões
•    Clampear o tubo
•    Evitar desconexões 
•    Introduzir SNG
Ao final do procedimento:
•    Desligar o videolaringoscópio
•    Retirar cuidadosamente os equipamentos
•    Descontaminar os reutilizáveis
Idealmente, a IOT deve obter sucesso na primeira tentativa, mas limita-se a três. Deve-se garantir o adequado bloqueio neuromuscular (BNM), muitas vezes, lançando mão da manobra back up right position (Burp), que consiste no deslocamento da glote para baixo, para cima e para a direita, abrindo espaço ao local de mais fácil visualização. 
No caso de não conseguir promover a intubação, o médico deve verbalizar isso, permitindo que os demais membros da equipe se inteirem da situação. Perante falhas, preconiza-se não insistir, isto é, não realizar múltiplas tentativas, para não aumentar o potencial de liberação de aerossol e de o paciente reagir, pois a manipulação da traqueia é um altíssimo estimulador para a tosse. Se há previsão de dificuldade é preciso contar com equipe cirúrgica presente.
Consensos de revisão de manipulação de vias aéreas sugerem algumas restrições quanto a procedimentos específicos em covid-19. Fazem parte desse contingente médicos maiores de 60 anos; portadores de doenças cardíacas ou pulmonares crônicas; diabetes; cânceres tratados recentemente; imunossuprimidos; e gestantes.
Medicações em sequência rápida de intubação
As medicações a serem usadas na sequência rápida de intubação dividem-se em três enfoques: destinadas ao preparo antes da realização de IOT; hipnóticos; e relaxantes musculares.  Na primeira situação, visando suprimir reflexos durante a intubação, é preconizado o uso de 1 a 3 microgramas por quilo de fentanil (1-3 mcr/kg); e 1,5 mg/kg de lidocaína.
O uso de hipnóticos depende do quadro clínico dos pacientes. Propofol 2 mg/kg é indicado para a supressão de reflexos, mas pode não ser a primeira indicação para pacientes hemodinamicamente instáveis, podendo ser substituídos por cetamina 1-2 mg/kg ou etomidato 0,2 - 0,3 mg/kg. No uso de relaxantes musculares, o indicado é a succinilcolina 1-1,5 mg/kg ou, se contraindicada, rocurônio 1,2 mg/kg
Ressalte-se em IOT:
•    Uma vez induzido, retirada a consciência, e promovido o relaxamento muscular, o paciente NÃO DEVE ser ventilado
•    Caso o relaxante usado seja succinilcolina, atentar as mioclonias e aguardar seu término para iniciar a laringoscopia
•    Sempre realizar a intubação com o uso do fio guia
•    Solicitar ao membro mais experiente e habilidoso da equipe para fazer a primeira tentativa
•    A ventilação não é desejada, mas essencial perante falhas
A sequência atrasada de intubação pode ser usada em covid?
Tal conceito não agrada a especialista em vias aéreas difíceis, pela possibilidade de o paciente ventilar espontaneamente e dispersar aerossol. “O plano é mantê-lo em ventilação espontânea e fazer a cetamina para ganhar mais tempo na pré-oxigenação”.
Segundo ela, o paciente vai estar instável, com uma má troca: não é o tempo de oxigenação que vai melhorar esses níveis de saturação, ou seja, não fará muita diferença.  “Minha intubação servirá para permitir a ventilação mecânica, não é terapêutica. É só um mecanismo pelo qual vou conseguir ventilar”.
Filtros disponíveis
No processo de IOT têm-se à disposição vários tipos de filtros, desde os filtros ULPA (ultra-low particulate air), não muito disponíveis no Brasil, porém, que seriam o topo da lista pelo potencial viral e bacteriológico; filtros HEPA (high efficiency particulate arrestance), e filtros HME (heat and moisture exchanger), todos com filtragem tanto bacteriológicas e virais.
O  HME é mais utilizado próximo ao tubo acoplado ao paciente, em virtude da vantagem de constituir-se num trocador de umidade e de calor: como vai ficar um bom tempo intubado, se passar por ventilação mecânica, o doente receberá fluxos de gás fresco, e seco, levando ao ressecamento na orofaringe, e formação de rolhas, capazes de dificultar sua recuperação em médio e longo prazos. 
Mensagens principais da especialista em vias aéreas, Cláudia Simões:
•    planejem o acesso da via aérea
•    priorize a segurança da equipe para evitar contaminação
•    sempre tenham por perto profissionais treinados para manuseio da via aérea
•    evitem o reflexo de tosse (“bucking”), garantindo a imobilidade do paciente antes do manuseio de sua via aérea
•    tenham sempre um plano B caso o A falhe
•    Pensem que o pior pode acontecer, pequem pelo excesso 
•    Treinem, contando com colegas anestesiologistas. O treinamento deve ocorrer a todos os médicos que queiram, como cirurgiões e clínicos.
Vejam a integra da live
 Também estão disponíveis as lives:
Atestado de óbito na covid-19
Achados histopatológicos e Histopatológicos da covid-19
Impacto da covid-19 na saúde mental do médico e da população
Ventilação mecânica e covid-19
Manejo clínico da covid-19
Aspectos sanitários da covid-19

sábado, 28 de março de 2020

Epidemias já fizeram 3 bilhões de vítimas no mundo


Do ponto de vista histórico, o coronavírus ainda é um mal menor. Por causa das rotas comerciais, doenças assolaram principalmente a Europa
Por Carla Aranha - access_time Publicado Exame em 17 mar 2020, 19h39 

Voluntários verificam a temperatura de quem passa nas ruas de Gênova, Itália, segundo país com o maior número de infectados pelo coronavírus (Nazionale Anpas/Divulgação)

Pode parecer até exagero, mas nos últimos 1.500 anos mais de 3 bilhões de pessoas no mundo morreram em decorrência de doenças provocadas por novos vírus e bactérias. Do ponto de vista histórico, portanto, o número de vítimas fatais do coronavírus é ainda pequeno: quase 8.000 mortos no mundo.
Por volta do ano 540, muita gente pensou que o mundo ia acabar. Marinheiros de navios mercantes do Mar Negro, entre a Europa e a Turquia, começaram a morrer repentinamente. Em geral, os navios atracavam em portos da Itália.
A doença ficou conhecida como praga de Justiniano, nome do imperador romano da época. As embarcações chegavam com ratos infectados por pulgas que carregavam uma bactéria mortal para os seres humanos.
Os infectados apresentavam inchaço nos nódulos linfáticos, no pescoço, virilha e axilas, além de necrose nas mãos e nos pés. O vírus acabava matando o doente em poucos dias. A doença chegou ao norte da África e ao Oriente Médio. Também se alastrou pela Europa. Mais de 30 milhões de pessoas morreram.
“As primeiras epidemias foram causadas por bactérias endêmicas em roedores, como acontece até hoje”, diz Dave Wagner, professor de ciências biológicas na Northen Arizona University e autor de estudos sobre as primeiras bactérias que dizimaram populações.
“A diferença é que hoje existem os antibióticos.” A penicilina, descoberta em 1928, marcou um passo importante no combate às infecções bacteriológicas. “Como os vírus geralmente têm uma grande capacidade de mutação, são eles que mais nos afetam atualmente”, afirma.
A falta de boas condições sanitárias e remédios fizeram com que milhões de pessoas não resistissem às infecções. A pior delas foi a peste negra, que surgiu em 1346. “A pandemia começou quando os chineses atacaram embarcações mercantes italianas no litoral da Crimeia para interromper o fluxo do comércio europeu”, diz o historiador Ole Benedictow, professor emérito de história na Universidade de Oslo, na Noruega e autor do livro A Peste Negra, 1346-1353: a História Completa.
“Os navios voltaram para a Itália, de onde a doença se espalhou para a toda a Europa, o norte da África e o Oriente Médio, em boa parte devido ao comércio entre essas regiões”, afirma.
A doença foi provocada por uma nova cepa da bactéria que causou a praga de Justiniano. Com mais gente morando nas cidades, muitas vezes em locais insalubres, o número de mortos ultrapassou a casa dos 65 milhões.
A peste provocava gangrena nas extremidades do corpo, que ficavam negras. Mas não era só isso. Os doentes tinham febre alta, complicações pulmonares e fortes dores. Para se proteger, muita gente começou a usar máscaras de metal, equivalentes às atuais máscaras de papel. Ervas eram usadas para purificar as casas e espantar as pulgas que transmitiam a doença.
No século 16, os historiadores desistiram de catalogar o surgimento de novas doenças, tal a quantidade delas. A boa notícia é que as pragas não eram tão virulentas. Ocorreram surtos de febre amarela, tifo, sarampo, hepatite e lepstospirose principalmente na Europa. Cerca de 3 milhões de pessoas morreram.
gripe espanhola, provocada por um vírus, assombrou o mundo em 1918, ao final da Primeira Guerra Mundial. Mais de 75 milhões de pessoas morreram, globalmente, em razão da primeira versão do H1N1.
A boa notícia é que com a invenção da penicilina e a evolução da ciência, foi ficando mais fácil criar novos tratamentos e vacinas. Claro, isso não vale para todas as doenças, ainda mais para aquelas que surgem da mutação de vírus, como Codiv-19.
Na década de 1990, a descoberta de um coquetel antiviral para o HIV ajudou a salvar milhares de vidas. Agora, a nova missão da ciência é desenvolver uma vacina para o novo coronavírus — até lá, o melhor mesmo é seguir as recomendações da comunidade médica e se proteger.



 HOMÍLIA DOMINICAL  24 DE DEZEMBRO DE 2023. 4º DOMINGO DO ADVENTO LEITURA DO DIA Primeira leitura -  Leitura do Segundo Livro de Samuel 7,1-...