sábado, 12 de abril de 2014

Racionamento pode deixar casas por dois dias seguidos sem água

12/04/2014  03h00 - FOLHA - COTIDIANO -DANIELA LIMA EDUARDO GERAQUE DE SÃO PAULO

Projeções da Sabesp sobre a adoção de um racionamento na Grande São Paulo apontam que a maioria da população ficaria no mínimo dois dias seguidos sem água para cada dia de abastecimento.
Em razão da topografia, regiões mais altas e periféricas poderiam ficar com suas torneiras secas por até cinco dias consecutivos, dada a complexidade da operação para ligar e religar os sistemas de adutoras e tubulações.
As informações a que a Folha teve acesso indicam que variáveis de difícil controle entrarão no cenário se um racionamento for deflagrado.
Por isso, tanto técnicos como dirigentes da Sabesp defendem que o rodízio é mais prejudicial à população e à imagem da empresa do que a manutenção do abastecimento nos moldes atuais.
O próprio diretor da Sabesp Paulo Massato afirmou à Folha em março que um eventual rodízio "é uma operação de guerra".
Segundo ele, o risco de rompimento de tubulação, quando a água é religada após alguns dias sem ser usada, por exemplo, aumenta de forma considerável.
Dirigentes da empresa ouvidos pela reportagem afirmam que seria impossível garantir que as 8,8 milhões de pessoas que são abastecidas pelo Cantareira na região metropolitana de SP sofreriam as mesmas consequências no caso de haver racionamento.
Especialistas ratificam essa análise e afirmam que dois dias sem água, na verdade, pode ser muito para alguns e pouco para outros. No caso dos condomínios de prédios, por exemplo, com caixas de água grandes, acumular água é mais fácil.
Porém, em áreas onde a população costuma ter caixas pequenas para armazenar água, o desabastecimento real, na torneira, será inevitável em algum momento. A questão geográfica agrava ainda mais a situação.
Num cenário de rodízio, quando o sistema de abastecimento é religado, as pessoas que vivem nas regiões mais baixas de São Paulo recebem água primeiro.
Como haveria nova interrupção, essas pessoas fariam estoques de água, o que diminuiria a vazão para quem mora em zonas mais altas. Por isso, dizem os técnicos, áreas altas e longe dos reservatórios poderão ficar mais de dois dias sem água.
A posição da Sabesp, contrária à adoção do rodízio, tem gerado atritos políticos.
A direção da empresa diz que, apesar de o Cantareira estar com só 12,2% da capacidade, menor nível da história, há condições de manter o abastecimento nos moldes atuais até novembro, por causa do uso do "volume morto" -água do fundo das represas nunca utilizada até agora.
A Sabesp prega que a nova temporada de chuvas, a partir de setembro, pode ajudar a solucionar a crise. O governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse a aliados não estar mais convicto de que os cálculos dos técnicos da Sabesp estão corretos.
Ele se prepara para disputar a reeleição e sabe que a crise será usada por adversários. Alckmin teme que ela atinja seu auge em outubro, mês das eleições.

SP tem a 5ª maior taxa de homicídios do mundo

12/04/2014 - FOLHA - COTIDIANO -André Monteiro - São Paulo
Relatório publicado pelo setor de drogas e crime da ONU (Organização das Nações Unidas) aponta que a cidade de São Paulo teve a quinta maior taxa de homicídios do mundo em 2012.
Com 14,2 assassinatos intencionais por 100 mil habitantes, ela ficou à frente, por exemplo, de cidades como Nova York (taxa de 5,1), Paris (1,8) ou Roma (0,9).
As primeiras quatro colocadas no ranking são da América Latina. A Cidade do Panamá lidera, com taxa de 53,1 homicídios por 100 mil habitantes, seguida por San Salvador, em El Salvador (52,5), San José, na Costa Rica (17,7) e Bogotá, na Colômbia (16,5).
A capital paulista subiu uma posição em relação ao ranking de 2011, quando sua taxa havia sido de 9,4, a menor da série histórica.
O ano de 2012 foi marcado pelo confronto da polícia paulista com o crime organizado, o que elevou o número de mortes e fez a taxa de homicídios ser a maior em cinco anos, segundo o relatório.
Em 2013, segundo dados da Secretaria da Segurança Pública, a taxa caiu para 11.
RELATÓRIO
O Relatório Global sobre Homicídios compilou dados de 127 cidades entre as mais populosas do mundo, mas nem todas enviaram informações atualizadas à ONU.
Os rankings de 2011 e 2012 foram tabulados pela Folha com as 35 cidades que enviaram dados destes dois anos.
O relatório aponta que o nível de homicídios no Brasil está se estabilizando, apesar de ainda ser elevado -a taxa nacional em 2012 foi de 25,2.
O texto mostra que o Estado de São Paulo teve a menor taxa da federação (10,8), mantendo a tendência de queda dos últimos anos.

Mas alerta para as altas taxas em Estados do Nordeste e para aumentos expressivos na Paraíba (150% de 2007 para 2011) e na Bahia (50%).

quarta-feira, 9 de abril de 2014

CCJ do Senado aprova CPI ampla da Petrobras, com cartel do Metrô de SP

09/04/2014  12h05 -  FOLHA - PODER
GABRIELA GUERREIRO - DE BRASÍLIA

Com protestos e rebelião da oposição, a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado aprovou nesta quarta-feira (9) a instalação da CPI ampla da Petrobras, com poderes para investigar o cartel do Metrô em São Paulo e atividades do porto de Suape (PE), que atingem o PSDB e o PSB.
A comissão aprovou relatório do senador Romero Jucá (PMDB-RR) que determina a instalação da CPI proposta por aliados da presidente Dilma Rousseff, e não a sugerida pela oposição, que inclui apenas temas ligados à Petrobras. A CPI mais ampla vai investigar, além da estatal, os temas que desgastam a oposição em ano eleitoral.
A votação foi simbólica, sem o registro de votos individuais, porque a oposição anunciou que se retiraria da CCJ em protesto contra a manobra do governo para ampliar as investigações. Antes da votação, os oposicionistas ainda tentaram suspender a análise da matéria, mas foram derrotados por 13 votos contrários e dez favoráveis.
Com a decisão da CCJ, a polêmica sobre a CPI da Petrobras segue agora para o plenário do Senado –que vai decidir se a comissão de inquérito mais ampla deve ser instalada. O pedido de CPI apresentado pela oposição pede para investigar quatro temas relacionados à Petrobras, entre eles a compra da refinaria de Pasadena (EUA) e suspeitas de superfaturamento em refinarias da estatal.
Já a CPI governista, além de incluir os temas sugeridos pela oposição, pede que a comissão apure o cartel do Metrô em São Paulo e atividades do Porto de Suape (PE) –temas que atingem os prováveis adversários da presidente Dilma Rousseff nas eleições de outubro, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB).
Para decidir sobre a CPI ampliada, a CCJ analisou questionamento do PSDB para que a comissão de inquérito seja exclusiva da Petrobras, além de outro pedido do PT para que a CPI não seja criada porque não tem "fato determinado".
Jucá argumentou, ao defender a CPI ampliada, que outras comissões de inquérito já foram instaladas no Congresso com o objetivo de investigar fatos diversos. O senador apenas sugeriu retirar das investigações da CPI o superfaturamento de convênios e contratos na aquisição de equipamentos e projetos na área de tecnologia da informação, tema também incluído pelo governo para ser investigado pela comissão.

BATE-BOCA

A sessão da CCJ foi marcada pela troca de farpas entre senadores governistas e da oposição. Liderando a tropa de choque governista, a ex-ministra Gleisi Hoffmann (PT-PR) acusou a oposição de usar argumentos para defender a CPI da Petrobras que condenava no passado.
Gleisi citou vários exemplos de "manobras" que teriam sido adotadas pelo PSDB no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para impedir a instalação de CPIs.
"Queria lembrar a CPI do Proer que foi instalada e teve questionamento depois de instalada e nomeados os membros, com o requerimento da CPI já em funcionamento, foi admitido recurso contra a comissão duas semanas após de criada. Isso é manobra. O que hoje a oposição fala aqui são práticas que ela utilizou para barrar a CPI. É importante conhecermos o passado para entendermos o presente", atacou.
Em defesa da oposição, o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) acusou a petista de viver no "mundo da lua" e trabalhar para "engavetar" as investigações que envolvem a Petrobras. "A senhora está inteiramente enganada, está no mundo da lua. A senhora não quer a CPI da Petrobras. Ponto", disse o tucano.
O senador Pedro Taques (PDT-MT), favorável à CPI da oposição, disse que os governistas estão usando de "chicanas e excrecências" para tentar inviabilizar a instalação da comissão de inquérito. "Qualquer CPI que a minoria desejar criar, a maioria vai inviabilizar", criticou.
Vice-presidente do Senado, Jorge Viana (PT-AC) disse que a oposição quer "proibir" as investigações sobre o cartel do Metrô em São Paulo, por isso defende a sua CPI exclusiva. "Esse tema metrô de São Paulo é proibido aqui no Congresso", afirmou. "Faça a sua [CPI] e não atrapalhe a nossa", rebateu Nunes Ferreira.

terça-feira, 1 de abril de 2014

Sabesp corta investimentos para compensar desconto a consumidor

01/04/2014 - FOLHA - COTIDIANOS EDUARDO GERAQUE HELOISA BRENHA - DE SÃO PAULO
Com a expectativa frustrada pelas águas de março e o início da temporada mais seca do ano, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) anunciou a ampliação do programa que dá bônus na conta de água de quem economizar seu consumo, como antecipou a coluna "Painel", da Folha.

No mesmo dia, a Sabesp revelou a suspensão de R$ 700 milhões do seu plano de investimentos para este ano. Esses recursos servirão para atenuar os prejuízos causados pela crise de abastecimento da Grande São Paulo.

A partir de hoje, toda a capital e mais 30 municípios da região metropolitana terão acesso ao benefício, que dá 30% de desconto na conta de quem reduz em 20% seu consumo de água.

Antes restrito aos 9 milhões de usuários do sistema Cantareira, o desconto passa a atingir 17 milhões de pessoas.

A Sabesp e o governo não informaram a estimativa do impacto que o bônus terá sobre sua receita anual.

"Tivemos uma excelente resposta dos consumidores. Conseguimos uma economia de 4,1 m³/s e por isso estenderemos o bônus", disse Alckmin. Com a ampliação, a expectativa da Sabesp é que se economizem 6 m³/s.
                                                                                                                                                                    Editoria de Arte/Folhapress




ELEIÇÃO

A medida faz parte de uma estratégia do governo para evitar o racionamento ao menos até outubro -mês em que ocorrem as eleições e, historicamente, a volta das chuvas.

Especialistas consideram que a expansão do bônus, apesar de positiva, não evita o risco de racionamento.

"Pela situação do Cantareira, deveríamos estar em rodízio desde dezembro. Esperou-se pela chuva e ela não veio", afirmou Antonio Carlos Zuffo, professor de engenharia da Unicamp.

Segundo ele, a única chance de se evitar o desabastecimento da região é bombear a água do fundo dos reservatórios, o chamado volume morto, obra que só deve ficar pronta no fim de junho.

"Qualquer coisa que atrasar essa obra uma ou duas semanas, parte da Grande São Paulo vai ficar sem água."

Se não chover acima da média, estima Zuffo, o nível do Cantareira chegará a zero até dia 26 de junho.

E a partir de abril, as precipitações deverão ser ainda menores. Por mais que chova além da média, a chuva não será suficiente para recuperar o nível do sistema.

De acordo com os institutos de meteorologia, os meses de inverno terão chuvas normais para o período.

A crise da água deve provocar impacto financeiro de ao menos R$ 1 bilhão (valor superior aos gastos do estádio do Itaquerão), segundo estimativa feita pela Folha a partir de dados do Estado. Com ampliação da política de bônus, esse valor deve subir.

Justiça de SP abre processo contra dez executivos por formação de cartel

01/04/2014 - Folha - Poder
A Justiça de São Paulo recebeu parcialmente, na noite dessa segunda-feira (31), denúncia contra dez executivos de multinacionais do setor metroferroviário por formação de cartel e fraude a licitações em projeto de reforma de trens da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), além de instaurar ação penal contra os réus.

A decisão é da juíza Érica Pereira de Souza, da 28ª vara criminal da capital paulista. A magistrada, no entanto, rejeitou pedido de prisão contra o ex-presidente da Bombardier, Serge Van Themsche. Para a juíza, cabe à acusação apontar fatos concretos de que o acusado pretende fugir, não vagas suposições.

Além de Van Themsche, o Ministério Público pediu à Justiça a prisão de outros 12 executivos das multinacionais, sendo 11 da Siemens, um da Hyundai-Rotem.

A denúncia é uma das cinco oferecidas pelo Ministério Público na semana passada contra 30 executivos e ex-executivos de 12 empresas do setor. É a primeira vez que a Justiça torna réus dirigentes de empresas do cartel do setor metroferroviário, denunciado no ano passado pela alemã Siemens ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), em acordo de leniência.

Tornaram-se réus Paulo José de Carvalho Borges e Geraldo Phillipe Herz (da Alstom), Serge Van Themsche e Manuel Carlos do Rio Filho (Bombardier), Mauricio Memória e Wilson Daré (Temoinsa), Murilo Rodrigues da Cunha (CAF), Masao Suzuki (Mitsui), Massimo Giavina-Bianchi (T Trans) e Ricardo Lopes (Tejofran).

No entanto a magistrada não aceitou um dos três crimes que o promotor Marcelo Mendroni atribuiu aos executivos - um por formação de cartel e dois tipos penais distintos de fraude a licitação. Segundo ela, um dos supostos ilícitos de fraude a concorrência está prescrito.

Com a decisão, fica reduzido para 11 anos o tempo máximo de prisão que os executivos poderão cumprir caso sejam condenados.

As empresas negam prática de cartel e dizem que estão à disposição das autoridades. A CPTM informa que colabora com as investigações. 

 HOMÍLIA DOMINICAL  24 DE DEZEMBRO DE 2023. 4º DOMINGO DO ADVENTO LEITURA DO DIA Primeira leitura -  Leitura do Segundo Livro de Samuel 7,1-...