terça-feira, 31 de dezembro de 2013

CORRIDA DE SÃO SILVESTRE 2013

Queniano Edwin Kipsang conquista bicampeonato na Corrida de São Silvestre

31/12/2013 - 12h04 - 
Camila Maciel
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – Os atletas do Quênia voltaram a vencer a tradicional Corrida Internacional de São Silvestre. No masculino, o queniano Edwin Kipsang conquistou o bicampeonato este ano com o tempo de 43 minutos e 47 segundos. O corredor brasileiro Giovani dos Santos conquistou a quarta colocação. Entre as mulheres, a vitória foi de Nancy Kipron, com a marca de 51 minutos e 58 segundos. Sueli Pereira Silva, sexta colocada, ficou com a melhor posição entre as brasileiras.
Kipsang avalia que o fato de estar mais familiarizado com o percurso fez com que conseguisse melhorar ainda mais o seu tempo na prova. “No ano passado, entrei meio às cegas e foi mais difícil. Agora foi mais tranquilo”, declarou. Em 2012, ele havia conseguido a marca de 44 minutos e quatro segundos. O queniano disse ainda que o treino conjunto e a prova em parceria ajudam a explicar a hegemonia do país na corrida de São Silvestre. “A gente vai correndo, conversando e controlando o ritmo. Sabemos realmente qual estratégia vamos seguir a partir daí”, completou.
O brasileiro Giovani dos Santos comemorou a colocação conquistada, com o tempo de 44 minutos e 49 segundos. “Consegui estar junto [dos quenianos] quase o tempo todo. Não consegui vencer ainda o Kipsang, mas uma hora a gente vai chegar.” Ele avalia que, no km 11 e no km 12 da prova, os atletas do Quênia começaram a forçar mais a corrida, porque perceberam a sua aproximação. “Se estivesse com eles na subida da [Avenida] Brigadeiro [Luiz Antônio], estaria melhor”, apontou. Giovani relatou ter sentido dores na panturrilha direita, o que prejudicou o seu desempenho.
O pódio masculino foi completado por mais dois quenianos. Mark Korir, que conquistou a terceira colocação no ano passado, avançou uma posição e ficou em segundo neste ano. Ele fez o tempo de 44 minutos e oito segundos. O progresso de Stanley Koech foi ainda maior. Ele saltou da décima primeira posição em 2012 para a terceira colocação, com uma marca de 44 minutos e 29 segundos. O quinto lugar na premiação ficou com o marroquino Abderrahime Elasri.
No feminino, a segunda colocação ficou com a atleta etíope Netsanet Gudeta Kebede, que fez o tempo de 52 minutos e oito segundos. A terceira posição foi conquistada pela tanzaniana Jacklie Juma Sakilu. Também do Quênia, a atleta Sara Ramadhani Makera, quarta colocada, passou mal logo após finalizar a prova. Depois de ser atendida pelo serviço médico, recuperou-se a tempo de participar do pódio. A queniana Delvine Relin Meringor completou o time de premiadas com a quinta posição.
A brasileira Sueli Pereira da Silva, sétima no ano passado, ficou satisfeita com o avanço para a sexta colocação neste ano. “Corri bem melhor, mas não deu pra correr como planejei, de igual para igual com as quenianas”, avaliou. Ela acredita que o treinamento das atletas brasileiras deve se intensificar para que o nível se iguale ao das africanas. “Temos que competir menos e treinar mais, assim como elas. No segundo, terceiro quilômetros [da prova] já tinha poucas brasileiras”, lamentou.

domingo, 29 de dezembro de 2013

Schumacher sofre traumatismo craniano grave e fica em coma após acidente de esqui

29/12/2013 - 19h56 - FOLHA 

Schumacher sofre traumatismo craniano grave e fica em coma após acidente de esqui

O ex-piloto alemão Michael Schumacher, 44, maior campeão da história da F-1, com sete títulos, sofreu traumatismo craniano e ficou em coma após acidente de esqui nos Alpes franceses.
Ele foi submetido a uma cirurgia no hospital universitário de Grenoble, cidade próxima à divisa da França com a Suíça e a Itália, e seu estado é considerado "crítico" segundo boletim médico da noite deste domingo.
Schumacher "sofreu um traumatismo craniano grave com coma e foi submetido imediatamente a uma intervenção neurocirúrgica", explicou o hospital, em nota.
O comunicado é assinado pelo professor Chabardes, neurocirurgião, o professor Payen, chefe do setor de anestesia e reanimação, e por Marc Penaud, vice-diretor-geral do hospital.
Em um primeiro momento, Schumacher foi transferido de helicóptero ao hospital de Moûtiers, na região dos Alpes, mas posteriormente foi levado ao centro médico de Grenoble.
"O acidente ocorreu às 11h00 (08h00 de Brasília) em um setor não sinalizado", explicou o serviço de imprensa da estação alpina de Meribel.
Segundo o diretor da estação de Meribel, Christophe Gernigon-Lecomte, Schumacher utilizava um capacete no momento do acidente, mas sua cabeça se chocou contra uma pedra.
Quando as equipes de salvamento chegaram, Schumacher "estava consciente, mas um pouco alterado", declarou Gernigon-Lecomte.
O ex-piloto foi retirado de helicóptero "menos de dez minutos" após o acidente, afirmou Gernigon-Lecomte.
A agente de Schumacher, Sabine Kahm, confirmou que "Michael caiu de cabeça durante um passeio de esqui de ordem privada nos Alpes franceses". Ele "utilizava capacete e não estava sozinho" no momento do acidente, explicou a agente.
Schumacher, que completará 45 anos no dia 3 de janeiro, é o piloto com mais títulos mundiais na história da Fórmula 1 –sete entre 1994 e 2004– e venceu 91 grandes prêmios em sua carreira.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Aumento do Pedágio da Rodovia Fernão Dias - De R$ 1,40 - Para R$ 1,50 - Porque as Federais são muito mais baratas que as Concessões do Governador Geraldo Alckmin.

18/12/2013 - 18h41 - FOLHA -COTIDIANO

Três rodovias federais reajustam valor de pedágio nesta semana

Os pedágios de três rodovias federais terão reajuste nesta semana. As mudanças ocorrem na BR-116 (no trecho entre Paraná e Santa Catarina), na BR-153 (no interior de SP) e na BR-381 (entre Belo Horizonte e São Paulo).
Na BR-153, os novos valores passaram a valer à 0h desta quarta-feira. Ao todo, foram quatro praças com os preços para automóvel, caminhonete e furgão alterados de R$ 3,30 para 3,50.
Nas outras duas estradas, a mudança ocorre à 0h de quinta-feira (19). Para quem usa a Fernão Dias (BR-381), o valor para automóvel, caminhonete e furgão passará de R$ 1,40 para 1,50, nas oito praças de pedágio. Já na BR-116, haverá reajuste de R$ 3,60 para R$ 3,80 em cinco praças de pedágio.
Os reajustes foram aprovados pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) e têm como base fatores como recomposição monetária e novos investimentos e custos operacionais.
Fernão Dias
Categoria de VeículoTipo de VeículoNúmero de EixosValores a serem Praticados
1Automóvel, caminhonete e furgão2R$ 1,50
2Caminhão leve, ônibus, caminhão-trator e furgão2R$ 3,00
3Automóvel e caminhonete com semi-reboque3R$ 2,25
4Caminhão, caminhão-trator, caminhão-trator com semi-reboque e ônibus3R$ 4,50
5Automóvel e caminhonete com reboque4R$ 3,00
6Caminhão com reboque e caminhão-trator com semi-reboque4R$ 6,00
7Caminhão com reboque e caminhão-trator com semi-reboque5R$ 7,50
8Caminhão com reboque e caminhão-trator com semi-reboque6R$ 9,00
9Motocicletas, motonetas e bicicletas motorizadas2R$ 0,75
BR-116 (PR-SC)
Categoria de VeículoTipo de VeículoNúmero de EixosValores a serem Praticados
1Automóvel, caminhonete e furgão2R$ 3,80
2Caminhão leve, ônibus, caminhão-trator e furgão2R$ 7,60
3Automóvel e caminhonete com semi-reboque3R$ 5,70
4Caminhão, caminhão-trator, caminhão-trator com semi-reboque e ônibus3R$ 11,40
5Caminhão com reboque e caminhão-trator com semi-reboque4R$ 15,20
6Automóvel com reboque e caminhonete com reboque4R$ 7,60
7Caminhão com reboque e caminhão-trator com semi-reboque5R$ 19,00
8Caminhão com reboque e caminhão-trator com semi-reboque6R$ 22,80
9Motocicletas, motonetas e bicicletas motorizadas2R$ 1,90
BR-153
Categoria de VeículoTipo de VeículoNúmero de EixosValores a serem Praticados
1Automóvel, caminhonete e furgão2R$ 3,50
2Caminhão leve, ônibus, caminhão-trator e furgão2R$ 7,00
3Automóvel e caminhonete com semi-reboque3R$ 5,25
4Caminhão, caminhão-trator, caminhão-trator com semi-reboque e ônibus3R$ 10,50
5Automóvel e caminhonete com reboque4R$ 7,00
6Caminhão com reboque e caminhão-trator com semi-reboque4R$ 14,00
7Caminhão com reboque e caminhão-trator com semi-reboque5R$ 17,50
8Caminhão com reboque e caminhão-trator com semi-reboque6R$ 21,00
9Motocicletas, motonetas e bicicletas motorizadas2R$ 1,75

domingo, 15 de dezembro de 2013

A roupa nova do rei

A roupa nova do rei
Hans Christian Andersen


Era uma vez um Rei que apreciava de tal maneira roupas novas que despendia com elas grandes fortunas. Ele não se importava com as bibliotecas, com as escolas, ou com os museus, a não ser para exibir as suas roupas. Para cada hora do dia vestia uma diferente. Em vez de o povo dizer:Ele está em seu gabinete de trabalho, dizia: Ele está em frente ao espelho no seu quarto de vestir. Mesmo assim a vida cultural era muito movimentada naquele reino que postulava ser de primeiro mundo.
Um dia foram contratados, pela Fundação Cultural do Reino, vários curadores e artistas, e entre eles dois que se apresentavam como estilistas-tecelões e que se gabavam de costurar os mais belos trajes com os mais belos tecidos do mundo. Segundo eles, não só os padrões, as tramas e as cores dos modelos eram belíssimos, mas os tecidos fabricados por eles tinham a infalível virtude de ficarem completamente invisíveis para as pessoas dissimuladas, ou as incompetentes, ou as destituídas de inteligência.
— "Essas roupas com esses tecidos serão maravilhosas." — pensou o Rei — "Usando-as poderei descobrir quais pessoas são falsas, ou que não estão em condições de ocupar cargos, e então poderei substituí-las por outras... Mandarei que fabriquem muitas peças desse tecido para mim..."
Fez um adiantamento em moedas de ouro para que começassem a trabalhar imediatamente. Os estilistas então encomendaram uma grande quantidade de bobinas e carretéis dos mais caros fios de seda e fios de ouro (que escamotearam sorrateiramente e guardaram em seus baús enquanto simulavam trabalhar nos teares vazios) e começaram a tecer, mas nada havia na urdidura ou nas lançadeiras.
Depois de alguns dias, o Rei estava ansioso e andava de um lado para o outro enquanto procurava se distrair com algum casaco ou chapéu do qual ainda não estivesse muito enjoado, ou que ainda estivesse na moda.
— Eu quero saber como vai indo o trabalho dos tecelões. — dizia o Rei, mas andava vagamente pensativo e preocupado... Ele não tinha propriamente dúvidas sobre a sua honestidade e inteligência, mas achou melhor mandar outra pessoa ver o andamento do trabalho.
Todos na cidade também já tinham ouvido falar no poder maravilhoso do tecido, e cada um estava mais ansioso para saber quem era o mais falacioso e burro entre os seus vizinhos.
— "Mandarei o Primeiro Ministro observar o trabalho dos estilistas-tecelões; ele verá o tecido, pois é inteligente e desempenha as suas funções com perfeição." — cavilou o Rei.
Mandou chamar o Primeiro Ministro e ordenou que fosse ao salão (onde os dois charlatães simulavam trabalhar nos teares vazios) saber do tecido.
— "Deus me acuda!" — pensou o Primeiro Ministro, arregalando os olhos quando lhe mostraram o tear. — "Não consigo ver nada!" — no entanto teve o cuidado de não dizer isso em voz alta.
Os tecelões o convidaram a aproximar-se para verificar como o padrão da trama estava ficando bonito e apontavam para os teares. O pobre homem apertava a vista o mais que podia, tirava e punha os óculos, mas não conseguiu ver coisa alguma.
— "Céus!" — pensou ele — "Será possível que eu seja tão fingido e incompetente? Bem, ninguém deverá saber disto e não contarei a ninguém que não vi o tecido."
— Vossa Excelência nada disse sobre o tecido... — queixou-se um dos estilistas.
— Ah, sim. É muito bonito. É encantador! — respondeu o Primeiro Ministro, limpando os óculos com um lenço de cambraia de linho —O padrão é lindo e as cores são de muito bom gosto. Direi ao Rei que me agradou muito.
— Estamos encantados com a vossa opinião, Senhor Primeiro Ministro. — responderam os dois ao mesmo tempo, e iam descrevendo as cores e a trama especial daquele pano tão caro. O Primeiro Ministro prestou muita atenção a tudo o que diziam para poder depois repetir diante do Rei.
Os estilistas pediram mais dinheiro, mais seda e mais ouro para prosseguir com o trabalho e, como das outras vezes, puseram tudo em seus baús e continuaram fingindo que teciam.
Poucos dias depois o Rei enviou o Ministro da Cultura e das Artes para olhar o trabalho e saber quando ficaria pronto. Aconteceu-lhe como ao Primeiro Ministro: Olhou, olhou, tornou a olhar, mas só via os teares vazios.
— Não é lindo o tecido? — indagavam os tecelões, e davam-lhe as mais variadas explicações sobre a trama, o padrão, os brilhos, as cores.
— "Eu penso que não sou muito desonesto..." — refletiu o Ministro da Cultura e das Artes — "e nem estúpido... Se fosse assim, não teria chegado à altura do cargo que ocupo... Que coisa estranha!..."
Pôs-se então a elogiar as cores e o desenho, e mais tarde, não só como Ministro mas como Curador de exposições de artistas e fotógrafos, comunicou ao Rei:
— É um trabalho sublime... em seus aspectos de inconcretude material... hã... uma obra-prima em sua fundamentalidade semântica... e visualidade sígnica... hã... o imagético e o invisível se fundem num todo de... hã... expectativas estético-formais... neste simulacro crítico... se percebe a função... hã... as funções, semióticas... da transcendente imaterialidade da arte...
E já completamente tomado:
— Assim, neste procedimento referencial do não-objeto... hã... em sua virtual vacuidade... o deslocamento do olhar... em sua intensa... hã... re-significação... a obscurecer ao limite extremo... toda e qualquer possibilidade de reflexão perceptiva... hã... insere-se nesta vertiginosa... pós-modernidade... hã... Mas, por outro lado... o discurso estético... das poéticas da segunda metade do século XX ... hã...
O Rei teve de o interromper:
— Está bem, já compreendi.
A cidade inteira só falava nesse deslumbrante tecido, de modo que o Rei resolveu vê-lo enquanto estava nos teares. Acompanhado por um grupo de cortesãos e cortesãs, entre os quais os Ministros que já tinham ido ver o prodigioso pano, e curadores e artistas convidados, lá foi ele visitar os ardilosos tecelões. Eles estavam trabalhando mais do que nunca nos teares vazios.
— Veja, Vossa Alteza Real, que delicadeza de desenho! Que combinação de cores! — balbuciavam os altos funcionários do Rei enquanto apontavam para os teares vazios e os curadores desenvolviam os seus discursos. — Ofuscante... Estonteante... — suspiravam as cortesãs.
O Rei, que nada via, preocupado pensou: — "Serei eu o único cretino e não estarei em condições de ser o Rei? Nada pior do que isto poderia me acontecer!" — então, em alto e bom tom, declarou:
— Muito bom! Realmente merece a minha aprovação!
Por nada deste mundo ia confessar que não tinha visto coisa alguma. Todos aqueles que o acompanhavam também não conseguiam ver o tecido, mas exclamavam em prolongados murmúrios:
— Oh! Deslumbrante... Magnífico... — e aconselharam ao Rei que usasse a roupa nova por ocasião da parada anual que ia se realizar daí a alguns dias. O Rei até concedeu a cada tecelão-estilista a famosa Comenda das Artes e o nobre título de Cavaleiro Estilista-Tecelão.
Na noite que precedeu o desfile, os charlatães tecelões fizeram serão. Iam acendendo todas as lâmpadas do atelier para que todos pensassem que estavam trabalhando à noite para aprontar os trajes do Rei. Fingiam tirar o tecido dos teares, cortavam a roupa no ar com um par de tesouras muito grandes e coseram-na com agulhas sem linha. Na manhã do dia seguinte disseram:
— Agora, a roupa do Rei está pronta.
Sua Majestade, acompanhado dos cortesãos, veio provar a roupa nova. Os estilistas embusteiros fingiam segurar alguma coisa e diziam:
— Aqui estão as calças, aqui está o casaco e aqui o manto. Estão leves como teias de aranhas; até parece que não há nada cobrindo o Rei, mas aí é que está a rara e fina qualidade deste modelo e deste tecido.
— Sim! — concordaram todos, embora nada estivessem vendo.
— Poderia Vossa Majestade despir-se? — pediram os impostores. — Assim poderemos vestir-lhe a roupa nova.
O Rei despiu-se e eles fingiram vestir-lhe peça por peça. Sua Alteza Real virava-se para lá e para cá, olhando-se ao espelho (vendo sempre a redonda imagem de seu corpo nu).
 Oh! Como lhe assentou bem o novo traje, Alteza! Que lindas cores! Que bonito padrão! — diziam todos com medo de caírem no ridículo e perderem os altos cargos se descobrissem que não viam nada. Entretanto o Mestre de Cerimônias anunciou:
— A carruagem está esperando para conduzir Vossa Majestade.
— Estou quase pronto. — respondeu o Rei.
Mais uma vez virou-se solenemente em frente ao espelho, com o rosto erguido sobre o ombro, numa atitude de quem está mesmo apreciando alguma coisa.
Os pagens que iam segurar a cauda do manto, inclinaram-se como se fossem levantá-la e foram caminhando com as mãos à frente, sem dar a perceber que não estavam vendo roupa alguma. Durante o desfile o Rei ia caminhando cheio de pompa à frente da carruagem. O povo nas calçadas e nas janelas, também não querendo passar por tolo, ou mentiroso, exclamava:
— Que caimento tem a roupa do Rei! Que manto majestoso! E que brilhante tecido!
Nenhuma roupa do Rei jamais recebera tantos elogios! Entretanto um menino que estava entre a multidão, achou aquilo tudo muito estranho e disse:
— Coitado do Rei... Está nu!
Os homens e as mulheres do povo, conhecendo que o menino não era nem falso e nem tolo, começaram a murmurar... e logo a seguir, como numa onda, em altos brados repetiam:
— O Rei está nu! O Rei está nu!
O Rei, ao ouvir aquelas vozes do povo, ficou furioso por estar tão ridículo! O desfile entretanto devia prosseguir, de modo que se manteve imperturbável e os pagens continuavam a segurar-lhe a cauda invisível.
Depois que tudo terminou ele voltou ao Castelo Real de onde nunca mais pretendia sair. Mas, como sempre acontece, uma semana depois o povo já havia esquecido o escândalo, e os funcionários do reino seguiam como se nada houvesse acontecido: Os cargos continuavam a ser distribuidos entre as mesmas duas ou três famílias e seus agregados; os impostos sonegados; o desvio de verbas continuava em alta, enfim, tudo voltou ao normal.
Quanto aos dois estilistas-tecelões, desapareceram misteriosamente levando o dinheiro, os fios de seda e o ouro. Meses depois um viajante contou que eles haviam pregado o mesmo golpe em outro pequeno reino, onde os cidadãos também andavam de nariz empinado, cheios de soberba e afeitos às pequenas e às grandes hipocrisias.
Há muito tempo, a atividade de pessoas como a desses e de outros tecelões, vem se espalhando mundo afora, como coisa natural da sensibilidade e do intelecto de uns estilistas de academias e villas kyriais; Somerset Maugham escreveu sobre essas pessoas e seus fantásticos dons que podemos ler em O impulso criativo. Aqui entre nós, recomendo a uma certa escultora e professora de grego, o nosso Lima Barreto que nos deixouO homem que sabia javanês. Outros autores tem escrito sobre a trama dessas urdiduras, e sobre a plástica ética dessas pessoas tão comuns e, principalmente, daquelas que ainda se pretendem tão importantes e sábias... Caberia agora ao leitor fazer uma lista de outros textos que, de algum modo, vêm desnudando essas inacreditáveis senhoras e esses incríveis senhores.

 HOMÍLIA DOMINICAL  24 DE DEZEMBRO DE 2023. 4º DOMINGO DO ADVENTO LEITURA DO DIA Primeira leitura -  Leitura do Segundo Livro de Samuel 7,1-...