Falta de transparência, confrontos de alto risco e impunidade explicam alta letalidade da Rota
Falta de transparência, confrontos de alto risco e
impunidade explicam alta letalidade da Rota, dizem especialistas
Guilherme Balza
Do UOL, em São Paulo
Falta de transparência, confrontos de alto risco e
impunidade: estes são os elementos apontados por especialistas em segurança
pública que ajudam a explicar o aumento de mortos em ações envolvendo a Rota
(Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), tropa de elite da Polícia Militar
paulista, composta por 820 homens. Há duas semanas, a Rota se envolveu em mais
uma operação que resultou em mortes, quando seis suspeitos foram mortos em uma
ação de mais de 20 policiais na Penha, zona leste de São Paulo.
O número de mortos pela Rota tem aumentado progressivamente
desde 2007 e, segundo dados da Ouvidoria da PM, em 2012 as mortes em operações
da Rota continuam crescendo: no primeiro trimestre, foram 21, contra 16 do
mesmo período de 2011 --considerando apenas casos de resistência seguida de
morte. A reportagem do UOL ouviu especialistas para tentar explicar o aumento
de mortes em ações envolvendo a Rota.
Para Vivian Puvas, pesquisadora do Núcleo de Estudos da
Violência da Universidade de São Paulo, a ausência de transparência e controle
sobre o batalhão incentiva as irregularidades na atuação. “A Rota é a
corporação menos transparente da polícia. A prestação de contas é zero. Eles
destroem as provas, não preservam as áreas de confronto para a perícia. A
necessidade do uso da força precisa ser comprovada”, afirma a pesquisadora do
NEV.
O antropólogo Luiz Eduardo Soares, ex-secretário Nacional de
Segurança do governo Lula, diz que a maior parte dos policiais envolvidos em
irregularidades não é punida pela Justiça. “Se formos tomar a realidade da
polícia pelo que diz a Justiça, estaríamos em um paraíso, mas sabemos que
infelizmente não é o caso.”
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