Notícias sobre uma descoberta que pode curar o mal de Alzheimer e Parkinson
Nova descoberta pode
levar à cura do mal de Alzheimer e Parkinson
10 de Outubro de 2013•07h56 • atualizado às 08h21
Medicamento poderia
tratar doenças como Alzheimer, Mal de Parkinson e Doença de Huntington; os
efeitos colaterais, no entanto, são um problema
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BBCBrasil.com
A descoberta da
primeira substância química capaz de prevenir a morte do tecido cerebral em uma
doença que causa degeneração dos neurônios foi aclamada como um momento
histórico e empolgante para o esforço científico. Ainda é necessário maior
investigação para desenvolver uma droga que possa ser usada por doentes. Mas os
cientistas dizem que um medicamento feito a partir da substância poderia tratar
doenças como Alzheimer, Mal de Parkinson, Doença de Huntington, entre outras.
Em testes feitos com
camundongos, a Universidade de Leicester, na Grã-Bretanha, mostrou que a
substância pode prevenir a morte das células cerebrais causada por doenças crônicas,
que podem atingir o sistema nervoso tanto de humanos como de animais. A equipe
do Conselho de Pesquisa Médica da Unidade de Toxicologia da universidade focou
nos mecanismos naturais de defesa formados em células cerebrais.
Quando um vírus atinge
uma célula do cérebro o resultado é um acúmulo de proteínas virais. As células
reagem fechando toda a produção de proteínas, a fim de deter a disseminação do
vírus. No entanto, muitas doenças neurodegenerativas implicam na produção de
proteínas defeituosas ou "deformadas". Estas ativam as mesmas
defesas, mas com consequências mais graves.
As proteínas
deformadas permanecem por um longo tempo, resultando no desligamento total da
produção de proteína pelas células do cérebro, levando a morte destas. Este
processo, que acontece repetidamente em neurônios por todo o cérebro, pode
destruir o movimento ou a memória, ou até mesmo matar, dependendo da doença.
"Extraordinário"
Acredita-se que este processo aconteça em muitas formas de neurodegeneração,
por isso, interferir este processo de modo seguro pode resultar no tratamento
de muitas doenças. Os pesquisadores usaram um composto que impediu os
mecanismos de defesa de se manifestarem, e por sua vez interrompeu o processo
de degeneração dos neurônios.
O
que é realmente animador é que pela primeira vez um composto impediu
completamente a degeneração dos neurônios
Giovanna Malluccicoordenadora da pesquisa
O
estudo, divulgado na publicação científica Science Translational Medicine,
mostrou que camundongos com doença de príon desenvolveram problemas graves de
memória e de movimento. Eles morreram em um período de 12 semanas. No entanto,
aqueles que receberam o composto não mostraram qualquer sinal de tecido
cerebral sendo destruído.
A coordenadora da
pesquisa, Giovanna Mallucci, disse à BBC: "Eles estavam muito bem, foi
extraordinário. O que é realmente animador é que pela primeira vez um
composto impediu completamente a degeneração dos neurônios. Este não é o
composto que você usaria em pessoas, mas isso significa que podemos fazê-lo, e
já é um começo", disse Mallucci.
Este
não é o composto que você usaria em pessoas, mas isso significa que podemos
fazê-lo, e já é um começo
Giovanna Mallucci
Ela disse que o
composto oferece um "novo caminho que pode muito bem resultar em drogas de
proteção" e o próximo passo seria empresas farmacêuticas desenvolverem um
medicamento para uso em seres humanos. O laboratório de Mallucci também está
testando o composto em outras formas de neurodegeneração em camundongos, mas os
resultados ainda não foram publicados.
Os efeitos colaterais
são um problema. O composto também atuou no pâncreas, ou seja, os camundongos
desenvolveram uma forma leve de diabetes e perda de peso. Qualquer medicamento
humano precisará agir apenas sobre o cérebro. No entanto, o composto dá aos
cientistas e empresas farmacêuticas um ponto de partida.
Estudo
de referência
Comentando a pesquisa, Roger Morris da King's College London, disse: "Esta
descoberta, eu suspeito, será julgada pela história como um acontecimento
importante na busca de medicamentos para controlar e prevenir o
Alzheimer."
O
mundo não vai mudar amanhã, mas este é um estudo de referência
Roger Morrisda King's College London, comentando a
pesquisa
Ele disse à BBC que uma
cura para a doença de Alzheimer não era iminente, mas disse que está
"muito animado, pois é o primeiro teste feito em um animal vivo que prova
ser possível retardar a degeneração de neurônios. O mundo não vai mudar amanhã,
mas este é um estudo de referência."
David Allsop,
professor de neurociência da Universidade de Lancaster descreveu os resultados
como "muito impressionante e encorajador", mas advertiu que era
necessário mais pesquisas para ver como as descobertas se aplicam a doenças
como Alzheimer e Parkinson .
Eric Karran, diretor
de pesquisa da organização sem fins lucrativos Alzheimer's Research UK, disse:
"Focar em um mecanismo relevante para uma série de doenças
neurodegenerativas poderia render um único medicamento com benefícios de grande
alcance, mas este composto ainda está em uma fase inicial. É importante
que estes resultados sejam repetidos e testados em outras doenças
neurodegenerativas, incluindo o mal de Alzheimer."
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