quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Caso Amarido é uma vergonha para o Rio de Janeiro

'Sabia que a verdade iria aparecer', desabafa mulher de Amarildo, no Rio


02/10/2013 10h28 - Atualizado em 02/10/2013 10h39 – G1

Esposa e filhos de Amarildo também participam do protesto na Rocinha  (Foto: Cristiane Cardoso/G1)
Esposa e filhos de Amarildo
(Foto: Cristiane Cardoso/G1)
Após o indiciamento de 10 policiais militares da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da  Rocinha, incluindo o major Edson Santos, ex-comandante da UPP da Rocinha, pelo desaparecimento de Amarildo de Souza, a mulher do ajudante de pedreiro Elisabete Gomes relatou em entrevista exclusiva ao G1que sabia que a verdade iria aparecer.
"Eu poderia ter me calado, mas não fiz isso. Gritei para o mundo querendo uma resposta. Todos os amigos, familiares e moradores da nossa comunidade tinham fé que tudo iria ser resolvido. Eu sabia que a verdade iria aparecer. Estou me sentindo aliviada. Enfim, a Justiça começou a ser feita", desabafou Elisabete na manhã desta quarta-feira (2).

Ela acrescentou ainda que tem certeza que os policiais agiram por "pura maldade". "Meu marido morava há 43 anos na comunidade e nunca teve problema com ninguém. Sempre se relacionou bem com todas as pessoas, nunca passou um dia fora de casa e não tinha inimigos. Quando ele sumiu, eu sabia que tinha sido pura maldade dos policiais", completou.
Os PMs foram indiciados pelos crimes de tortura seguida de morte e ocultação de cadáver. A informação foi dada com exclusividade pelo Jornal Nacional. O promotor Homero Freitas, que está a frente do caso, informou que deve oferecer a denúncia à Justiça nos próximos dias.
Os policiais negam envolvimento no sumiço e dizem que liberaram Amarildo, no dia14 de julho, depois de constatar que não havia qualquer mandado de prisão contra ele.
Entenda o caso
Amarildo sumiu após ser levado à sede da UPP da Rocinha, onde passou por uma averiguação. Após esse processo, segundo a versão dos PMs que estavam com Amarildo no dia 14 de julho, eles ainda passaram por vários pontos da cidade do Rio antes de voltarem à sede da Unidade de Polícia Pacificadora, onde as câmeras de segurança mostram as últimas imagens de Amarildo, que, segundo os policiais, teria deixado o local sozinho.

Na sexta-feira (27), uma ossada achada em Resende, no Sul Fluminense, passou por uma necropsia, motivada pelas suspeitas de que poderia ser de Amarildo. O relatório, porém, foi considerado inconclusivo, e a ossada será novamente analisada no Rio de Janeiro. O resultado deve sair entre 10 e 15 dias.

Testemunhas deixam o Rio
Duas testemunhas-chave do caso do desaparecimento do ajudante de pedreiro deixaram o Rio de Janeiro na noite do dia 20. A mãe e o filho adolescente que contaram em depoimento à Divisão de Homicídios que foram coagidos por policiais para dar falsas declarações sobre o caso pediram ingresso no Programa de Proteção à Criança e ao Adolescente Ameaçado de Morte, da Secretaria Nacional de Direitos Humanos. O programa confirmou o pedido feito pelas testemunhas.

Os dois deixaram o Rio de avião, acompanhados por agentes da Polícia Federal. De acordo com a Secretaria de Direitos Humanos, devido à complexidade do caso, ficou acertado que seria mais adequado tirar as testemunhas da cidade.
O ingresso no programa ainda vai ser avaliado por técnicos da secretaria. Eles vão fazer a análise dos riscos que as testemunhas estão correndo e decidir se eles têm direito ou não à acolhida. O resultado dessas análises deve ficar pronto num prazo de uma semana a dez dias.
A Divisão de Homicídios, que investiga o caso, prefere não se pronunciar sobre a saída do Rio das testemunhas-chave do caso, e se concentrar nas investigações.
Reconstituição
O delegado Rivaldo Barbosa, acompanhado por peritos, fez a reconstituição do caso em duas etapas.

A primeira etapa, no início de setembro, reproduziu as ações desde a primeira abordagem dos policiais da UPP ao ajudante de pedreiro. A reconstituição durou mais de 16 horas, entre a noite de domingo (1º) e a manhã de segunda-feira (2), e foi considerada uma das maiores reconstituições já feitas pela Polícia Civil, segundo informou a assessoria da corporação.
A segunda, no dia 8 de setembro, refez o trajeto do carro da PM que levou Amarildo, com base no GPS do veículo. O aparelho mostrou que depois de deixar a Rocinha, o carro fez um percurso de quase 2h30 pela cidade. No caminho, o veículo parou três vezes antes de voltar à comunidade

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