Fundos de Pensão aplicam sempre faz o jogo do governo, se não fosse o “acordo” poderia outro buraco.
03/10/2013 - 03h00
Acordo
entre Oi e Portugal Telecom foi alívio para o governo
NATUZA NERY - DE BRASÍLIA
O governo não só deu apoio à fusão da Oi com a Portugal Telecom
como ficou aliviado com a celebração da união entre as duas empresas.
Segundo a Folha apurou, havia grande preocupação
com o futuro da companhia brasileira e dúvidas sobre a capacidade de caixa da
Oi no médio prazo.
Antes do aval federal, foram acertados dois compromissos com o
Executivo.
O primeiro é uma capitalização na empresa por meio de oferta
pública de ações (o patamar mínimo é de R$ 7 bilhões, mas o alvo é de R$ 8
bilhões) para ampliar investimento em infraestrutura.
O segundo é a redução de seus dividendos anuais a acionistas para
R$ 500 milhões -como, de fato, ocorreu em agosto após a Oi perder R$ 124
milhões no segundo trimestre deste ano.
Há cerca de dois meses, a cúpula do governo Dilma foi procurada
para tratar da fusão. Na ocasião, executivos da Oi pediram que o BNDES entrasse
no negócio, mas a proposta foi prontamente recusada pela presidente.
Internamente, havia o temor de repetir erros cometidos em 2008, na
união da Oi e Brasil Telecom para criar uma "supertele" brasileira. O
problema é que a operação, apesar de privada, foi viabilizada majoritariamente
com recursos públicos, incluindo financiamento do BNDES e de fundos de pensão
estatais.
O negócio contou ainda com empurrão do então presidente Lula, que
autorizou mudança na legislação para viabilizar a criação da gigante nacional.
Mas o negócio acabou trazendo prejuízos.
Da futura multinacional, o governo federal espera um enxugamento
na estrutura da Oi, considerada muito "inchada", além da implantação
de uma política mais austera de gestão da empresa, sinalizada pela redução dos
dividendos e por mais transparência em suas decisões.
Para o Ministério das Comunicações, a Portugal Telecom é uma
empresa pequena, mas detém tecnologia para impulsionar a brasileira.
A Oi ocupa o quarto lugar no mercado de telefonia móvel no país e
tem a tarefa de cobrir o Brasil todo nas operações de telefonia fixa.
O endividamento da tele e as multas impostas pela Anatel (Agência
Nacional de Telecomunicações) por falhas no serviço sempre preocuparam o
Planalto, que acompanhou, de perto, detalhes da negociação.
Durante todo o processo, os dois principais interlocutores do
governo foram Zeinal Bava (atual presidente da Oi e que vai comandar a CorpCo)
e Otávio Azevedo, presidente do conselho de administração da Telemar
Participações, controladora da Oi.
Em sinal da sintonia com Brasília, Azevedo se encarregou de avisar
o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, na terça-feira de que o fato
relevante oficializando a fusão seria divulgado na manhã de ontem.
Luciano Veronezi/Editoria de Arte/Folhapress | |
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