Síria aceita proposta de entrega de armas químicas, diz chanceler
10/09/2013 - 09h35 - FOLHA
Síria aceita
proposta de entrega de armas químicas, diz chanceler
O
chanceler sírio, Walid al-Moualem, disse nesta terça-feira que o regime de
Bashar al-Assad aceitou a proposta da Rússia para entregar à comunidade
internacional o arsenal de armas químicas sob controle do país, em entrevista à
agência de notícias russa Interfax.
O
projeto é apresentado um dia após a Rússia sugerir a retirada e a destruição do
arsenal químico, o que pode diminuir a tensão provocada pela ameaça dos Estados
Unidos de fazer uma intervenção militar em represália a um suposto ataque com
gás venenoso na periferia de Damasco, em 21 de agosto.
A
proposta russa foi feita após o secretário de Estado americano, John Kerry,
dizer em uma entrevista coletiva que o ditador Bashar al-Assad poderia evitar
um ataque internacional entregando o arsenal químico, embora não acredite que o
mandatário faria isso.
Horas
depois, o presidente Barack Obama afirmou que a hipótese é algo
"potencialmente positivo", que poderá significar um
"avanço". Como resultado, é provável que a votação da autorização
para um ataque à Síria, que deve ocorrer na quarta-feira (11) no Senado
norte-americano, seja adiada.
Em
entrevista, Moualem qualifica como produtivas o diálogo com o ministro das
Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, que propôs a entrega das armas. Para
ele, a medida é uma forma de "retirar os fundamentos para uma agressão
norte-americana".
A
declaração dá um tom mais decisivo ao apoio demonstrado por Moualem na segunda
(9). Em encontro como chanceler russo, o representante sírio tinha afirmado que
a proposta era bem-vinda, mas precisava ser avaliada pelo governo de Damasco.
PLANO
Mais
cedo, Sergei Lavrov disse que a Rússia trabalha com o regime sírio em um
"plano concreto" para que sejam retiradas as armas químicas da Síria,
a ser mostrado em breve à comunidade internacional. Para o chanceler, a
proposta teria surgido em contatos com os Estados Unidos.
O
porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo, Dmitry Peshkov, disse
também que o controle das armas químicas fez parte da conversa entre os
presidentes Vladimir Putin e Barack Obama durante a cúpula do G20.
Além da
Rússia, a França anunciou que apresentará um projeto de resolução para promover
a entrega das armas químicas sírias. Em entrevista coletiva, o chanceler
francês afirmou que a resolução proposta prevê uma sanção ao regime sírio caso
desrespeite o cronograma da retirada do armamento.
O texto
ainda condenará o suposto ataque químico de 21 de agosto na periferia de
Damasco, que Estados Unidos e França dizem ter sido feito pelas tropas de
Assad. Para os americanos, mais de 1.400 pessoas morreram, sendo cerca de 400
crianças. Já a França computa 280 mortes.
Para
Fabius, a situação da crise síria melhorou com a proposta russa. "As
coisas mudaram desde ontem e para melhor. É preciso apertar a mão que se
oferece, mas não cair em uma armadilha. É necessário ser extremamente vigilante
para evitar uma manobra protelatória".
Já a
Coalizão da Oposição Síria, principal grupo político rebelde, chamou a medida
de manobra política da Rússia. "O último pedido de Lavrov é uma manobra
política que está dentro de declarações inúteis e só aumentará o número de
mortos e a destruição do povo sírio", disse a entidade, em comunicado.
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