Lei Maria da Penha não reduz morte de mulheres
Lei Maria da
Penha não reduziu morte de mulheres por violência, diz Ipea
25/09/2013 10h17 - Atualizado em 25/09/2013 10h17
Instituto
divulgou dados inéditos sobre violência contra a mulher no país.
Crimes são geralmente praticados por parceiros ou ex-parceiros, diz estudo.
Rosanne D'AgostinoDo G1, em São Paulo
A
Lei Maria da Penha, que entrou em vigor em 2006 para combater a violência contra
a mulher, não teve impacto no número de mortes por esse tipo de agressão,
segundo o estudo “Violência contra a mulher: feminicídios no Brasil”, divulgado
nesta quarta-feira (24) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
O
Ipea apresentou uma nova estimativa sobre mortes de mulheres em razão de
violência doméstica com base em dados do Sistema de Informações sobre
Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde.
As
taxas de mortalidade foram 5,28 por 100 mil mulheres no período 2001 a 2006
(antes da lei) e de 5,22 em 2007 a 2011 (depois da lei), diz o estudo.
Conforme
o Ipea, houve apenas um “sutil decréscimo da taxa no ano 2007, imediatamente
após a vigência da lei”, mas depois a taxa voltou a crescer.
O
instituto estima que teriam ocorrido no país 5,82 óbitos para cada 100 mil
mulheres entre 2009 e 2011. "Em média ocorrem 5.664 mortes de mulheres por
causas violentas a cada ano, 472 a cada mês, 15,52 a cada dia, ou uma a cada
hora e meia”, diz o estudo.
Taxas de feminicídios por 100 mil
mulheres, entre 2009 e 2011
|
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Nordeste
|
6,9
|
Centro-Oeste
|
6,86
|
Norte
|
6,42
|
Sudeste
|
5,14
|
Sul
|
5,08
|
Fonte: Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)
|
O
feminicídio é o homicídio da mulher por um conflito de gênero, ou seja, por ser
mulher. Os crimes são geralmente praticados por homens, principalmente
parceiros ou ex-parceiros, em situações de abuso familiar, ameaças ou
intimidação, violência sexual, “ou situações nas quais a mulher tem menos poder
ou menos recursos do que o homem”.
Perfil das vítimas
Segundo o estudo do Ipea, mulheres jovens foram as principais vítimas --31% na
faixa etária de 20 a 29 anos e 23% de 30 a 39 anos.
Mais
da metade dos óbitos (54%) foi de mulheres de 20 a 39 anos, e a maioria (31%)
ocorreu em via pública, contra 29% em domicílio e 25% em hospital ou outro
estabelecimento de saúde.
A
maior parte das vítimas era negra (61%), principalmente nas regiões Nordeste
(87% das mortes de mulheres), Norte (83%) e Centro-Oeste (68%). A maioria
também tinha baixa escolaridade (48% das com 15 ou mais anos de idade tinham
até 8 anos de estudo).
As
regiões Nordeste, Centro-Oeste e Norte concentram esse tipo de morte com taxas
de, respectivamente, 6,90, 6,86 e 6,42 óbitos por 100 mil mulheres. Nos
estados, as maiores taxas estão no Espírito Santo (11,24), Bahia (9,08),
Alagoas (8,84), Roraima (8,51) e Pernambuco (7,81). As taxas mais baixas estão
no Piauí (2,71), Santa Catarina (3,28) e São Paulo (3,74).
Ao
todo, 50% dos feminicídios envolveram o uso de armas de fogo e 34%, de
instrumento perfurante, cortante ou contundente. Enforcamento ou sufocação foi
registrado em 6% dos óbitos.
Em
outros 3% das mortes foram registrados maus-tratos, agressão por meio de força
corporal, força física, violência sexual, negligência, abandono e outras
síndromes, como abuso sexual, crueldade mental e tortura.
“A
magnitude dos feminicídios foi elevada em todas as regiões e estados. (...)
Essa situação é preocupante, uma vez que os feminicídios são eventos
completamente evitáveis, que abreviam as vidas de muitas mulheres jovens,
causando perdas inestimáveis, além de consequências potencialmente adversas
para as crianças, para as famílias e para a sociedade”, conclui o estudo.
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