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24/09/2013 - 03h30
Justiça
propõe que Arena Amazônia vire centro de triagem de presos após a Copa
A Arena Amazônia, em Manaus, receberá quatro partidas da Copa do
Mundo de 2014 e, em seguida, pode ter uma destinação inusitada: o estádio seria
usado com um centro de triagem de presos.
O Tribunal de Justiça do Amazonas enviará ao governo do Estado a
sugestão para que a arena, cujas obras passam de 80% e custará R$ 605 milhões,
abrigue os detentos recém-capturados.
Hoje essa triagem é feita na cadeia pública Raimundo Vidal Pessoa,
superlotada e em condições insalubres.
A sugestão para o futuro do estádio é do Grupo de Monitoramento e
Fiscalização do Sistema Carcerário, órgão ligado ao TJ, que também cita o
sambódromo --situado ao lado do estádio-- como outro possível local de triagem.
"Não vejo outro local melhor, ainda que temporário, para
receber os detentos em Manaus", afirmou o desembargador Sabino Marques,
presidente do grupo de monitoramento do sistema carcerário no Amazonas.
"Até que o Estado resolva o problema, construindo novas
unidades prisionais, que utilize, então, estes dois espaços ociosos",
completou.
VISTORIA
O CNJ (Conselho Nacional de Justiça) iniciou, há uma semana,
mutirão carcerário no Amazonas e sinalizou que recomendará a desativação da
cadeia, que tem capacidade para 300 presos, mas abriga, atualmente 1.100
detidos.
O mutirão encontrou uma mulher detida em hospital de custódia
exclusivo para homens, que também deverá ser desativado por falta de condições
estruturais.
De acordo com o desembargador, a ideia é que o estádio e o
sambódromo recolham os detentos por até 48 horas até que haja uma destinação
prisional adequada.
"O estádio ainda não está pronto, por isso é difícil prever
como seria o acolhimento dos presos lá. Mas é uma área grande que pode ser
utilizada. No sambódromo, há várias salas ociosas que podem ser ocupadas desde
já."
A Arena Amazônia, com capacidade para 43 mil torcedores, terá
custo de R$ 6 milhões/ano em manutenção.
Não se sabe quem bancará os R$ 500 mil mensais -haverá licitação
para que a iniciativa privada possa administrar a arena.
TEMERIDADE
"Isso é uma temeridade. Nenhum destes dois locais têm
condições de segurança para fazer este tipo de triagem de detentos", disse
o presidente da seção local OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Alberto Cabral
Neto.
Em nota, a Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos
informou que só se pronunciará após receber oficialmente a proposta do TJ.
"Assim que esta secretaria receber [a proposta], analisará a
viabilidade de tal e divulgará seu parecer", diz o texto.
A UGP-Copa (Unidade Gestora do Projeto Copa), ligada ao Estado,
também informou que prefere aguardar a formalização da proposta antes de
comentar o assunto.
Não seria a primeira vez que uma arena de futebol abrigaria
presos. Isso já ocorreu em ditaduras.
No Chile, o estádio Nacional, em Santiago, por exemplo, foi usado
como campo de prisioneiros na regime de Augusto Pinochet (1973-1990).
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