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CRATERA FORMADA POR METEORO EM SÃO PAULO
CRATERA DE COLONIA

Existe uma cratera de impacto na cidade de São Paulo, na zona sul: a Cratera de Colônia. Ela foi formada pela queda de um corpo celeste (meteoro ou cometa) há milhões de anos. 

Características da Cratera de Colônia:

Localização: Fica no distrito de Parelheiros, próximo ao bairro de Colônia.

Dimensões: Tem cerca de 3,6 km de diâmetro e aproximadamente 400 m de profundidade.

Descoberta: A cratera só foi identificada na década de 1960 por meio de fotos aéreas e imagens de satélite, devido ao seu formato circular.

Desenvolvimento: A área interna da cratera abriga atualmente o bairro Vargem Grande.

Importância: É uma das poucas crateras de impacto confirmadas no Brasil e um objeto de estudo científico para compreender a história da Mata Atlântica e a variabilidade climática. A região é protegida pelo Parque Natural Municipal da Cratera de Colônia.

Como é morar no bairro de SP que cresceu dentro de uma enorme cratera formada pelo impacto de corpo celeste há milhares de anos

Localizado no extremo sul da capital, o bairro Vargem Grande, no distrito de Parelheiros, tem sido estudado há 60 anos por ter se desenvolvido em uma cratera de impacto, nome dado para toda área aberta por meteoro ou cometa na Terra. Formação geológica recebeu o nome de cratera de Colônia.

Bem no extremo sul de São Paulo, a cerca de 40 quilômetros da Praça da Sé, o marco zero da capital, está o distrito de Parelheiros. Com pouco mais de 130 mil moradores, o local é considerado patrimônio ambiental pela prefeitura devido aos recursos naturais nele encontrados, como nascentes de água e remanescentes da Mata Atlântica.

Mas o distrito também contempla, no bairro Vargem Grande, uma formação geológica que fez com que a área fosse tombada em 2003 pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat) e declarada Monumento Geológico pelo Conselho Estadual de Monumentos Geológicos do Estado de São Paulo, em 2009.

Essa formação se trata da cratera de Colônia, que ganhou esse nome por conta do bairro vizinho, uma colônia de alemães (leia mais abaixo), um relevo de depressão em formato circular com 3,6 quilômetros de diâmetro, 400 metros de profundidade e uma borda de 120 metros. Ela foi descoberta acidentalmente no início da década de 60 a partir de fotos aéreas e depois por imagens de satélite.

Pesquisas, então, foram feitas nos últimos 60 anos e apontaram que a área era uma cratera que se formou pelo impacto de um corpo celeste na Terra entre 5 e 36 milhões de anos atrás. O corpo celeste em questão, segundo pesquisadores, pode ser um meteoro ou cometa.

Em 2021, uma nova pesquisa feita pelo geólogo e professor da USP Victor Velázquez, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), trouxe mais evidências sobre o impacto de um corpo celeste que saiu de algum ponto do sistema solar, atravessou a atmosfera terrestre e se chocou com o solo em alta velocidade, formando a cratera (leia mais abaixo).

A cratera de Colônia, considerada cratera de impacto — nome dado para toda área aberta por corpo celeste na Terra—, foi catalogada no Banco de Dados de Impacto Terrestre, o Earth Impact Database, mantido pelo Centro de Ciências Planetárias e Espaciais na Universidade de New Brunswick, no Canadá.

Essa base de dados contém a relação completa das 190 estruturas de impacto confirmadas em todo o mundo. Apenas duas são ocupadas por moradores: a cratera de Colônia, no Brasil, e a de Ries, no extremo sul da Alemanha. Ao todo, o Brasil tem 8 crateras desse tipo (veja lista completa abaixo).

A reportagem do g1 esteve na cratera de Colônia, conversou com moradores e percorreu as ruas do bairro, além da área onde está sendo implantado o Parque Nacional Cratera de Colônia.

Um bairro dentro de uma cratera

Assim que você vai se aproximando do bairro Vargem Grande, em Parelheiros, é possível notar a diferença do local se compararmos com bairros do grande centro de São Paulo.

Praticamente sem trânsito e cercado de vegetação, a sensação é de que realmente se está distante da capital paulista. E antes de chegar ao bairro, é possível encontrar várias placas indicativas sobre a cratera de Colônia e os famosos mirantes que podem ser visitados.

O g1 foi em um dos mirantes acompanhado pelo morador Ozéias de Freitas Ramos. Nele, é possível ver exatamente o formato circular da formação geológica ao redor das casas (veja imagens abaixo).

"Os moradores não sabiam dessa história de cratera, mas nos anos 90 veio a informação de que era cratera de impacto de meteoro. Todo mundo ficou espantado com a notícia. Mas depois se acostumaram e hoje em dia as pessoas têm até certo orgulho de morar em uma das duas únicas crateras habitadas no mundo. Pessoal tem orgulho disso", conta Ozéias, que mora na cratera de Colônia desde os anos 80.

Ozéias é artista visual e se mudou para Vargem Grande com a família quando tinha apenas 6 anos. Hoje, aos 45, pode descrever como foi o crescimento do bairro.

"Minha família foi uma das primeiras a vir para cá. Acompanhei todo desenvolvimento do bairro, pois são mais de 30 anos de Vargem Grande. Aqui se tornou centro de pesquisa e foi uma coisa legal porque trouxe visibilidade. Todos nós sabemos valorizar".

Márcia Maria Ferreira Ribeiro é dona de casa e diz que é até emocionante saber que o bairro Vargem Grande surgiu após a queda de um meteoro ou cometa.

"Quando Vargem Grande foi loteado, eu cheguei a ir lá para conhecer o bairro. Não tinha nem casa e iam separar terrenos para as pessoas. Na época, eu vi direitinho o formato da cratera. Acho essa história emocionante, né. Um meteoro caiu próximo da minha casa. É legal", afirma.

"Eu acho bacana isso [cratera de Colônia]. Meio que enrique a história da região. Moro há 21 anos aqui e desde que eu era criança tem essa história e tinha no livro também. Pessoal da escola vai comentando e vai achando interessante", complementou o vendedor Natailson de Souza.

Área rica para pesquisadores

Segundo Rodrigo Martins dos Santos, geógrafo e diretor de Patrimônio Ambiental da Secretaria do Verde do Meio Ambiente da prefeitura de São Paulo, cratera é toda feição geomorfológica de formação circular na superfície.

Ela pode ser formada por origem celeste (meteoro ou cometa), ou de origem interna, como da própria dinâmica do interior da terra através da movimentação tectônica ou desabamento do solo.

E a área da formação geológica no distrito de Parelheiros é vista como um ambiente rico de patrimônio ambiental, histórico, cultural.

Os últimos estudos feitos pelo pesquisador Victor Velázquez, professor da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (USP), analisaram o solo e encontraram esférulas, sedimentos que só são formados após impacto de corpo celeste nas rochas.

"No material retirado dos poços artesianos foi constatado de que havia esférulas em tamanhos menores de um milímetro. Isso é muito raro de acontecer em uma região concentrada. E como isso não aconteceu no entorno, isso mostra que foi o impacto de um corpo celeste mesmo com potência de cerca de cinco bombas atômicas de Hiroshima", afirmou o geógrafo Rodrigo.

E complementa: "Estima-se que, na época, o impacto ocorreu entre 36 milhões de anos a 5 milhões de anos. Naquele momento, toda vida que existia num raio de 20 quilômetros foi eliminada".





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