domingo, 23 de dezembro de 2012

Levantamento revela perfil das mortes em São Paulo e história das vítimas


23/12/2012 - 03h19 - Folha Cotidiano

AFONSO BENITES - CAROLINA LEAL


O autônomo Alex Marques do Vale, 30, conversava com amigos em um bar em São Paulo quando dois homens em uma moto dispararam contra os clientes. Eram 23h05 do dia 31 de outubro.
Alex, que já tinha sobrevivido a uma tentativa de homicídio seis anos atrás, ao ser baleado de raspão na cabeça em um assalto em Campinas, não resistiu. Levou seis tiros.
Nas periferias, esses assassinos passaram a ser chamados de "motoqueiros fantasmas". Chegam com a placa da moto tampada, atiram e fogem sem serem reconhecidos.
Assim como Alex, outras 39 pessoas também foram mortas por motoqueiros de 24 de outubro a 27 de novembro, segundo levantamento feito pela Folha.
Nas últimas semanas, a reportagem esteve nas 93 delegacias da cidade e obteve os dados em 74 delas. Segundo o levantamento, 132 pessoas foram assassinadas no período.
Os números apurados se aproximam da totalidade de casos de novembro, divulgados anteontem pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB), quando 170 pessoas foram assassinadas na cidade.
Editoria de Arte/Folhapress
Editoria de Arte/Folhapress
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Foi um dos períodos mais sangrentos vividos pelos moradores da capital paulista --em média, só novembro teve 5,6 assassinatos por dia.
Até então, as circunstâncias dessas mortes nunca haviam sido divulgadas, já que a Segurança Pública alega que os dados são sigilosos para não atrapalhar as investigações.
O levantamento da Folha mostra, por exemplo, que 83 das 132 vítimas levaram vários tiros em regiões vitais, como cabeça e peito. Isso revela que elas não tiveram chances de defesa e, provavelmente, foram surpreendidas.
"A origem dos crimes ainda está nebulosa", comenta o sociólogo José dos Reis Santos Filho, da Unesp.
A morte de seis suspeitos na Penha (zona leste), em maio, por policiais da Rota, é apontada como o início do crescimento de ataques a PMs --seguidos por mortes de supostos criminosos. O número de policiais militares mortos é recorde: 106 neste ano.
A onda de violência levou à queda de Antonio Ferreira Pinto da pasta da Segurança Pública, substituído por Fernando Grella. Em dezembro, diz o governo, a situação melhorou, com queda nos homicídios.
Colaboraram BEATRIZ IZUMINO, BRUNO LEE, DANIEL LOMONACO, GABRIELA BAZZO, GASTÓN GUILLAUX, GIULIANA DE TOLEDO, JOELMIR TAVARES, JULIANA GRAGNANI, LEONARDO VIEIRA, MIGUEL MARTINS, RAFAEL ANDERY E RAYANNE AZEVEDO

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