No mercado paralelo, ingresso da Copa sai pelo valor de até 3 carros populares
No mercado paralelo, ingresso da Copa sai pelo valor de até 3 carros
populares
RAFAEL REIS - DE SÃO PAULO - 26/02/2014 03h47
Assistir à final da Copa do Mundo no Maracanã, em
13 de julho, pode custar ao torcedor R$ 91,7 mil, o equivalente ao valor de
três carros populares somados. E sem que o comprador tenha garantia de que
entrará no estádio.
O mercado paralelo de venda ilegal de ingressos
para o Mundial de 2014 chega a cobrar mais de 4.000% sobre o valor de tabela
dos bilhetes.
O recordista é o site Iguana Tickets, baseado na
Espanha. Ontem à noite, um ingresso de categoria 1 (melhor localização) para a
decisão, cujo preço para os brasileiros no programa da Fifa é de R$ 1.980, saía
por até R$ 91,7 mil.
Nos sites que negociam ingressos, entradas para os
melhores assentos do Maracanã na final custam a partir de R$ 16 mil.
Mas não é apenas a decisão que movimenta esse
mercado paralelo. Empresas virtuais como Ticket Network (EUA) e Live Football
Tickets (Espanha) vendem bilhetes para todas as 62 partidas.
A entrada para um jogo do Brasil na primeira fase,
por exemplo, pode custar quase R$ 20 mil nesses sites. Estudantes, idosos e beneficiários
do Bolsa Família podem comprar ingresso para jogo da mesma fase, no meio
oficial, por R$ 30.
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FORA DA LEI
Segundo o Estatuto do Torcedor, a revenda de
ingressos por um valor superior ao da bilheteria é crime passível de até dois
anos de prisão. A Lei Geral da Copa, sancionada em 2012 para definir as regras
do Mundial, também proíbe a negociação de entradas fora do site oficial da
Fifa.
A Justiça brasileira, porém, tem dificuldade para
coibir os cambistas virtuais, já que a maior parte dos sites estão hospedados
no exterior, ou seja, fora de sua jurisdição.
Além disso, as empresas, que variam de pequenos a
grandes sites, defendem-se alegando que não são elas que vendem as entradas.
"Fornecemos nossa plataforma para que
consumidores comprem e vendam seus ingressos. As entradas não são nossas, são
de vendedores que os compraram e anunciaram aqui", disse, em nota oficial,
o Stub Hub, cuja sede fica nos EUA.
A Match, agência oficial da Fifa, informou que tem
tentado bloquear na Justiça a venda de ingressos da Copa pelo Stub Hub e que já
denunciou a Iguana Tickets tanto no Brasil quanto na Espanha, país onde o site
está baseado.
A entidade já conseguiu algumas vitórias na
Justiça. O site Fifa.br foi tirado do ar e o Viagogo tem as compras bloqueadas
para computadores com endereço brasileiro.
"O que os torcedores precisam saber é que
esses sites não estão autorizados pela Fifa e não são uma fonte legítima e
segura de ingressos", afirmou a Match, em nota.
A Fifa já negociou 2,3 milhões dos 3,3 milhões de
ingressos disponíveis. A próxima etapa de vendas começa em 12 de março e
colocará no mercado 159 mil ingressos. A compra será direta, por ordem de
chegada, e não por sorteio, como em fases anteriores.
COMPRADOR CORRE RISCO DE NÃO VER JOGO, DIZ PROCON
"O torcedor não deve comprar, em hipótese
nenhuma, ingresso por um canal não oficial." A orientação da Fifa é
repetida pelo diretor executivo do Procon-SP, Paulo Goés.
Segundo o órgão de defesa do consumidor, o torcedor
que comprar ingressos de cambistas, sejam pessoas físicas ou empresas virtuais,
pode acabar não vendo o jogo que deseja.
Além de pagar um preço exorbitante, o consumidor
corre o risco de receber uma entrada falsa ou nenhum tíquete.
E mesmo que o ingresso seja verdadeiro, pode ser
barrado na entrada, já que o bilhete não trará seu nome. A entidade promete
conferir a identidade do dono do ingresso nos estádios.
Na Copa das Confederações, o sistema não funcionou,
e muita gente entrou sem se identificar.
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