Nível de água do sistema Cantareira sobe pelo sexto dia seguido
G1 - 06/06/2016
09h17 - Atualizado em 06/06/2016 09h17
Nível de água do sistema Cantareira sobe pelo sexto dia seguido
Já choveu 129,8 mm no sistema; média do mês é 58,1
mm.
Todos os outros cinco sistemas que abastecem a Grande SP tiveram alta.
Todos os outros cinco sistemas que abastecem a Grande SP tiveram alta.
O nível de água do Sistema Cantareira
registrou nova alta nesta segunda (6) e opera com 69,9% do total da sua
capacidade, de acordo com dados divulgados pela Companhia de Saneamento Básico
do Estado de São Paulo (Sabesp).
Nas últimas 24 horas, choveu na Cantareira
31,2 mm. Em 6 dias de junho, já estão acumulados 129,8 mm, número muito
superior à média esperada para o mês, que é de 58,1 mm.
Todos os outros cinco sistemas que
abastecem a Grande São Paulo também tiveram alta no armazenamento de água,
devido às chuvas. Confira os dados atualizados:
- Cantareira: 69,9% da capacidade
- Alto Tietê: 43,2% da capacidade
- Guarapiranga: 88,9% da capacidade
- Alto Cotia: 103,2% da capacidade
- Rio Grande: 80,2% da capacidade
- Rio Claro: 99,7% da capacidade
Índices
Após uma ação do Ministério Público, aceita pela Justiça, a Sabesp passou a divulgar outros dois índices do Cantareira. O segundo está em 54,1% e considera o volume armazenado na capacidade total, incluída a área do volume morto. O terceiro índice leva em consideração o volume armazenado menos o volume morto na área total dos reservatórios e também se manteve em 40,7% nesta manhã.
Após uma ação do Ministério Público, aceita pela Justiça, a Sabesp passou a divulgar outros dois índices do Cantareira. O segundo está em 54,1% e considera o volume armazenado na capacidade total, incluída a área do volume morto. O terceiro índice leva em consideração o volume armazenado menos o volume morto na área total dos reservatórios e também se manteve em 40,7% nesta manhã.
O Cantareira chegou a atender 9 milhões de
pessoas só na Região Metropolitana de São Paulo, mas atualmente abastece 7,4
milhões após a crise hídrica que atingiu o estado em 2014 e 2015. Os sistemas
Guarapiranga e o Alto Tietê absorveram parte dos clientes, para aliviar a
sobrecarga do Cantareira durante o período de estiagem.
Volume Morto
A reserva técnica começou a ser bombeada em maio de
2014. Na época, ainda havia água no volume útil. Em julho, porém, o sistema
passou a operar somente com o volume morto. Especialistas ouvidos pelo G1,
no entanto, alertam que o Cantareira ainda segue em crise porque não se
recuperou totalmente. A Sabesp também informou que não descarta voltar a usar a
reserva técnica no próximo período seco, com a chegada do inverno.
O fim da dependência da reserva técnica ocorreu antes do previsto pela Sabesp. A expectativa era de uso até o fim do verão, com probabilidade de 98% de o Cantareira sair do volume morto até abril. |
A chuva acima da média nos últimos meses acelerou o
processo e as represas acumularam mais água por causa da precipitação intensa e
entrada de água no manancial.
Leia abaixo mais questões
sobre o volume morto e a crise hídrica em São Paulo.
O QUE É O VOLUME MORTO
O volume morto é uma reserva com 480 bilhões de
litros de água situado abaixo das comportas das represas do Cantareira. Até
então, essa água nunca tinha sido usada para atender a população. Em maio de
2014, bombas flutuantes começaram a retirar essa água. A decisão de fazer essa
captação foi tomada por causa da crise hídrica que atingiu o estado de São
Paulo no ano passado.
O governo do estado tentou fazer desvios para usar
a água de outras represas, mas essas manobras não foram suficientes para
atender toda a população da Região Metropolitana de São Paulo. Após o nível do
sistema atingir um patamar preocupante, a Sabesp começou a fazer obras para
conseguir bombear a água do volume morto.
CRONOLOGIA DO VOLUME MORTO
- 15/05/2014: bombas
flutuantes para retirada da primeira reserva técnica são inauguradas.
- 16/05/2014: 182,5 bilhões de litros de água são disponibilizados para abastecimento da Grande São Paulo. Mesmo assim, a sequência de quedas no nível das represas continua.
- 11/07/2014: volume útil do Cantareira acaba e o abastecimento de parte da Região Metropolitana de São Paulo atendida pelo Cantareira é feito somente com a primeira cota.
- 24/10/2014: Sabesp consegue autorização para usar uma segunda cota do volume morto, com 105 bilhões de litros.
- 16/05/2014: 182,5 bilhões de litros de água são disponibilizados para abastecimento da Grande São Paulo. Mesmo assim, a sequência de quedas no nível das represas continua.
- 11/07/2014: volume útil do Cantareira acaba e o abastecimento de parte da Região Metropolitana de São Paulo atendida pelo Cantareira é feito somente com a primeira cota.
- 24/10/2014: Sabesp consegue autorização para usar uma segunda cota do volume morto, com 105 bilhões de litros.
- 24/02/2015: segunda cota do
volume morto é recuperada, mas a Sabesp ainda depende da primeira cota do
volume morto para garantir o abastecimento de 5,4 milhões de pessoas atendidos
pelo Cantareira na Grande São Paulo.
- 30/12/2015: sistema consegue
recuperar as duas cotas do volume morto e volta a operar apenas com o volume
útil.
SAÍDA ANTES DO ESPERADO
O término do uso do volume morto ocorreu antes do
esperado pela Sabesp. A companhia de abastecimento havia previsto que o sistema
operasse com a reserva técnica até o fim do verão, mas a chuva acima da média
nos últimos meses acelerou o processo e as represas passaram a acumular mais
água por causa da precipitação intensa e afluência dos rios que desaguam no
reservatório.
A companhia de abastecimento informou que usa
cenários afluência e pluviometria desde 1930 e que em apenas dois deles não
seriam registrados índices de chuva para que o manancial deixasse a reserva
técnica até abril. Para fevereiro, a probabilidade de saída do volume morto era
de 85%, segundo a Sabesp.
Represa do Sistema Cantareira em agosto de 2015
(Foto: Luis Moura/Estadão Conteúdo)
No mês de novembro de 2015, o sistema registrou
197,6 milímetros de chuva, 23,1% acima da média histórica, de 160,4 mm. O volume ficou
atrás apenas do verificado em 2009, quando a precipitação total
no conjunto de represas, considerando os 30 dias do mês, foi de 237,6
milímetros.
Nesse mesmo período, o El Niño ganhou força e teve
impactos no Brasil, como temporais no Sul e seca no Nordeste. Especialistas
ouvidos pelo G1, no entanto, divergem sobre a
influência do fenômeno climático para ajudar São Paulo a sair da crise hídrica antes
do esperado.
Segundo o meteorologista Marcelo Seluchi,
coordenador geral de operações e modelagem do Centro Nacional de Monitoramento
e Alertas de Desastres Naturais, ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e
Inovação (MCTI), estatisticamente não há uma relação entre o El Niño com as
chuvas no Sudeste.
“Talvez a única relação que temos, nós
pesquisadores, é que durante os anos do El Niño as chuvas no Sudeste ficam
longe da normalidade", afirmou. O meteorologista explica que São Paulo
teve novembro e dezembro mais chuvosos, o que não significa que janeiro e
fevereiro seguirão a mesma tendência porque o El Niño pode oscilar entre
períodos mais secos e mais chuvosos.
Já uma pesquisa inédita sobre impacto do El Niño
nos índices de chuva, feita pelo Grupo de Eletricidade Atmosférica (ELAT) do
Inpe e divulgada em novembro, apontou que a ocorrência de tempestades na região
Sudeste no verão deve ser 20% maior em relação aos anos anteriores. O auge dos
temporais deve ocorrer na primeira quinzena de fevereiro.
"O estudo verificou quando ocorre o evento El
Niño muito intenso, os efeitos do aumento das tempestades não ficam restritos à
região Sul, e se estende ao Sudeste e ao Mato Grosso do Sul", explicou o
coordenador do Elat/Inpe, Osmar Pinto Junior. A causa das tempestades - chuvas
de forte intensidade e de curta duração - é uma combinação de temperaturas mais
altas, circulação atmosférica que mais sistemas frontais que chegam à Região
Sudeste.
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