DISTÚRBIOS NO MUNDO ÁRABE
21 de Agosto de 2013•05h43 • atualizado às 09h03
Ativistas denunciam ataque químico em Damasco;
governo nega
Grupo fala em 100 mortos;
oposição diz que vítimas são pelos menos 650
O Observatório Sírio de Direitos Humanos, com sede
em Londres, denunciou nesta quarta-feira que pelo menos 100 pessoas, entre elas
menores, morreram em um suposto ataque químico em várias regiões da periferia
de Damasco, uma acusação que, poucas horas depois, o regime de Bashar al-Assad
fez questão de negar.
O principal grupo de oposição, no entanto, afirma
que o número de mortos é bem maior."Mais de 650 mortes confirmadas em um
ataque com armas químicas na Síria", afirma a Coalizão Nacional em sua
conta no Twitter.
O Observatório Sírio de Direitos Humanos, que conta
com uma ampla rede de ativistas no país em conflito, assinalou que o Exército
sírio lançou na última madrugada gases tóxicos nas regiões de Al Guta e
Muadamiya al Sham, uma operação que causou dezenas de mortos e deixou centenas
de feridos.
Imagens divulgadas pela
oposição mostram corpos de vítimas, muitas delas crianças, espalhados pelo chãoFoto: AFP
Algumas organizações opositoras, como
os Comitês Populares de Coordenação (LCC), afirmam que os ataques deixaram
"centenas de mártires, além de centenas de feridos, essencialmente civis,
incluindo dezenas de mulheres e crianças, mortos pelo uso de gases tóxicos por
parte do regime criminoso contra as localidades da Guta Oriental".
Também acusam o regime de ter cometido um
"crime indescritível com armas químicas".
Uma enfermeira de um complexo emergencial, Bayan
Baker, disse que o número de mortos, entre os recolhidos a partir de centros
médicos nos subúrbios a leste de Damasco, foi de pelo menos 213.
"Muitas das vítimas são mulheres e crianças.
Eles chegaram com suas pupilas dilatadas, membros frios e espuma na boca. Os
médicos dizem que estes são sintomas típicos de vítimas de gás nervosos",
disse a enfermeira.
Um longo vídeo amador e fotografias apareceram na
internet. Um vídeo supostamente feito no bairro Kafr Batna mostra uma sala
cheia com mais de 90 corpos, muitos deles crianças e algumas mulheres e homens
idosos. A maioria dos corpos pareciam cinzentos ou pálidos, mas sem ferimentos
visíveis. Cerca de uma dúzia estavam embrulhados em cobertores.
Outras imagens mostram médicos tratando pessoas em hospitais
improvisados. Um vídeo mostra os corpos de uma dúzia de pessoas deitadas no
chão de uma clínica, sem ferimentos visíveis. O narrador no vídeo disse que
eram todos membros de uma única família. Em um corredor do lado de fora estavam
mais cinco corpos.
O Observatório acrescentou que Al Guta também foi
bombardeada por aviões militares, sendo que estes teriam sido os ataques aéreos
mais intensos na região desde o início do conflito em março de 2011.
O grupo pediu à missão da ONU que investiga o
suposto uso de armas químicas em território sírio visitar os distritos de
Damasco, principalmente os citados. Após vários adiamentos, a equipe
internacional de analistas chegou ao país no último dia 18.
A Coalizão Nacional Síria (CNFROS), a principal
aliança opositora, denunciou que o regime restringe os movimentos da missão da
ONU, o que poderá afetar o resultado do estudo em questão.
Por outro lado, o governo sírio negou o ataque
citado, enquanto a agência de notícias oficial síria Sana, que cita uma
"fonte de informação", qualificou essa notícia como "falsa"
e "sem fundamento".
A fonte ainda destacou que os dados divulgados em
canais de televisão como Al Jazeera, Al Arabiya e Sky News, entre outras
emissoras, apoiam o terrorismo e, neste caso, o objetivo é distrair a missão da
ONU e seus trabalhos.
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