segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Entenda o que empresas buscam no trainee; salário vai a R$ 5 mil


Terra - 20 de agosto de 2012 • 07h30 •  atualizado 11h45
Bruna Saniele - Direto de São Paulo
Estudantes em final de curso de graduação e recém-formados podem aproveitar a partir de agosto para investir em processos de trainee. Diferente de outras maneiras de conseguir um emprego, como em um estágio ou outro tipo de processo seletivo, os programas de trainee preparam os participantes para assumir cargos de liderança nas companhias e costumam oferecer uma remuneração maior para os profissionais em começo de carreira, que pode chegar a R$ 5 mil.
Segundo especialistas de Recursos Humanos (RH), agosto é o mês com a maior oferta de vagas em processos de trainees no País. Para conseguir a posição e, no futuro, alcançar um posto de chefia nas grandes empresas, os candidatos devem ser fluentes em mais de uma língua, se mostrarem atualizados e apresentar um perfil de liderança, adiantam os consultores.
Um dos principais sites de seleção do País, o Vagas, conta com 3.370 oportunidades abertas para trainees nesse mês de agosto. Apenas na cidade de São Paulo são 615 vagas. De acordo com Fernanda Diez, gerente do site, as grandes empresas estão em busca de possíveis novos líderes, pessoas que venham a ocupar posições de chefia no futuro.
"Este profissional terá contato com praticamente todos os departamentos da organização para compreender e interagir com a cultura da empresa, além de aprender conceitos e aprofundar seu conhecimento sobre o negócio. Na maioria dos programas, o objetivo é que seja treinado para ocupar uma posição gerencial em até cinco anos", conta Rafaellen de Almeida, consultora de RH da Catho Online.
Conforme Rafaellen, os dois lados ganham em um programa de trainee. "A empresa lucra ao preparar um profissional alinhado com sua cultura e objetivos, que deve vir a trazer resultados positivos para a companhia a médio e longo prazos. Por outro lado, o profissional ganha conhecimento e experiência, que podem beneficiar sua carreira", afirma. Segundo a gerente de recrutamento e seleção da Ambev, Isabela Garbers, dentre as vantagens destacam-se os treinamentos e a supervisão direta de gerentes e diretores da companhia já no início do programa. "Há toda uma estrutura voltada para este jovem para que ele cresça e construa sua carreira profissional", diz.
No caso da Ambev, desde o primeiro dia de treinamento, o funcionário já é contratado. O salário inicial é de R$ 4,6 mil e tem direito a previdência privada, 14º salário, assistência médica e odontológica, vale alimentação, vale transporte, auxílio material escolar e bolsa de estudo de pós-graduação. Além disso, durante o período de treinamento, todos os custos com hospedagem, alimentação e transporte são pagos pela companhia. Segundo a empresa, o investimento nesses profissionais vale a pena, pois há vice-presidentes e diretores que entraram como trainees há dez ou 20 anos. "Há realmente um retorno muito positivo e significativo em todo o investimento que é feito nestes profissionais", ressalta Isabela.
As diferenças entre os programas de trainees e os de estágio são muitas. De acordo com Rafaellen, o trainee deve ser recém-formado ou ter até dois anos de formação. Além disso, ele pode trabalhar em mais de uma área profissional, pois o objetivo é entender as necessidades dos fornecedores e clientes e adquirir a experiência necessária para atingir uma posição de estratégica na empresa.
Os estagiários, em contrapartida, não são regidos pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) e só podem atuar na área relacionada ao seu curso da faculdade. "O objetivo do estágio é que o estudante aprenda o que faz um profissional da carreira que ele escolheu, diferente do programa de trainee", diz Fernanda. Segundo Rafaellen, no entanto, algumas características são valorizadas pelas empresas tanto para estagiários quanto para trainees, como criatividade, boa comunicação, flexibilidade, capacidade de análise, bom relacionamento interpessoal e facilidade para trabalhar em equipe.
Perfil
Para a consultora da Catho, o perfil de trainee, de maneira geral, é bem específico. "O profissional precisa ter forte capacidade analítica, formação acadêmica diferenciada, aliada a uma significativa capacidade de relacionamento com as pessoas, e conhecimento em idiomas. Esta forma diferenciada de pensar e de se relacionar são as principais apostas das empresas nos jovens admitidos nesses programas." Para se diferenciar dos inúmeros candidatos que concorrem aos postos, diz a consultora, "é preciso mostrar que fará a diferença sendo contratado".
Segundo Fernanda, é possível se preparar por meio de cursos de liderança e, principalmente, pelo estudo de outros idiomas. "O profissional vai entrar na empresa para trazer soluções, para agregar conhecimento e apresentar ideias novas e, por isso, é esperado uma boa formação e atualização constantes." Durante a seleção, ela sugere que os candidatos evitem ser agressivos durante dinâmicas de grupo e desrespeitem os colegas. "Eles não precisam tentar mostrar nada além do que são. É melhor que ele esteja seguro do próprio talento, porque o recrutador está muito preparado para entender o perfil de cada participante".
Prioridade
De acordo com a gerente da Ambev Isabela Garbers, o programa é uma das prioridades das grandes empresas. "É onde formamos nossos futuros líderes. Eles passam por todas as áreas da companhia para entenderem como funciona todo o nosso negócio e, logo após o término do treinamento, já assumem uma posição de liderança", afirma.
Para Isabela, a empresa busca pessoas que sonham alto e que correm atrás de seus objetivos. "Gente que tem brilho nos olhos quando se vê diante de um novo desafio, que tem visão empreendedora. A habilidade para gerenciamento de gente e a capacidade de liderança e negociação são importantes também. Buscamos pessoas que tenham vontade de crescer, de fazer a diferença e que realmente tenham a cultura da nossa companhia. Estas pessoas irão garantir a continuidade do nosso negócio".
O engenheiro químico Marcelo Mansur, 24 anos, conheceu o processo de trainee da cervejaria na Universidade de Pensilvânia, nos EUA, onde se formou. "Durante a apresentação deixaram claro que durante um ano (tempo de duração do programa), a função é conhecer a empresa e aprender recebendo um salário e isso me interessou", diz. Segundo ele, durante o ano conheceu vários setores da empresa, além de passar muito tempo com os diretores para entender a "cultura da empresa". "Esse período me deixou muito bem preparado tanto na parte técnica como na cultura da empresa," afirma.
Experiência
A administradora Jussara Bastianello Câmara, 25 anos, fez o trainee da Votorantim de janeiro de 2011 a julho de 2012 e conta que quis participar do processo porque considerava que as oportunidades de promoção em uma empresa grande eram maiores. "É uma empresa que me faz buscar além do que eu imaginava", conta. Segundo ela, ao participar de um processo como esse, o candidato tem contato com os valores da empresa e já entra com responsabilidades, sendo preparado para assumir posições maiores. "Durante o trainee trabalhamos muito a consolidação do conhecimento, ao desenvolvimento pessoal, o que é muito importante. Indico para todos os meus amigos porque vejo o quanto cresci nesse período."
Ronnie Gregory, gerente regional da C&A, entrou na empresa em 2000 pelo processo de trainee, que durou cerca de dois meses. Segundo ele, a oportunidade de conhecer melhor a empresa foi determinante para querer a vaga. "Fui me apaixonando pelo negócio da empresa antes de começar." Segundo ele, a participação em um desses processos agrega valor à formação e se transforma em um diferencial. Há 12 anos na empresa, ele diz que é satisfatório "mudar de lado" e passa a ensinar os novos trainees. "É bom ensinar o que a gente aprendeu quando o programa é sólido, o diferencial é muito grande".

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